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Assaltaram a Gramática

 

Afinal, o que é comunicação e para quê ela serve?
Michelle Laudilio

A comunicação acompanha a humanidade desde os primórdios, possibilitando a reconstrução da história, a construção do presente e a projeção do futuro.

Ela reconstrói, a partir da interação, passado e presente; constrói, quando faz do homem mais humano, ratificando o ato do ‘ser comunicativo’; e se torna projeção quando se busca maneiras de inová-la.

Desde antiguidade, o homem sentia a necessidade de se comunicar, ora como forma de sobrevivência, outrora como legado e, ainda, como meio de dominação e liberdade de expressão (por meio de canções, textos, cartas, dança, teatro, pinturas).

Os homens pré-históricos, por exemplo, com seus desenhos nas cavernas, os fizeram retratando seu cotidiano, permitindo a partir deles o surgimento de teorias que explicariam o significado daquela arte que, embora simples, caracterizou aquela sociedade, o que proporcionou a reconstrução do seu legado.

O povo da Mesopotâmia também permitiu-nos desvendar as suas ações diárias, a partir da escrita cuneiforme, que fora criada para se comunicar, trabalhar e até mesmo gravar seus pensamentos.

Junta-se a eles, o exemplo dos egípcios que introduziram o Hieróglifo para marcar túmulos e templos.

Esse tipo de escrita, vale ressaltar, era considerada sagrada e era dominada apenas por pessoas que tinham o poder sobre a população, como: sacerdotes, membros da realeza e escribas.

Somente esses tinham o conhecimento de ler e escrever essa escrita sagrada, o que demonstra que essa forma de comunicação, além de reconstruir a história desse povo, tem as limitações, pois era utilizado como status de poder.

Com o decorrer do tempo, dá-se maior importância ao ato de comunicar-se bem.

À medida que o homem inovava sua forma de conviver com o mundo, ele passava a racionalizar mais a interação com o outro.

Nessa perspectiva, podemos citar os sofistas, mestres ambulantes que fascinavam a juventude com o brilhantismo da sua Retórica e que ensinava a arte da persuasão, do convencimento, do discurso em praça pública, alma da democracia.

Percebemos, então, uma preocupação com “falar” de forma concisa, com uma comunicação perfeita e com um estudo sobre a importância do interagir, do discursar bem.

Um dos combatentes dessa preocupação com a arte da persuasão dos Sofistas é Sócrates.

Ele acreditava que eles usavam do raciocínio capcioso, de má-fé, com intenção de enganar; sem contar com as idéias vagas e abstratas proferidas por eles.

Mesmo com más-intenções e, com os filósofos contrários a retórica, a persuasão dos sofistas sobrevive até hoje e já fora usada por muitas pessoas para dominar.

Basta lembrarmos de Hitler; da imposição do catolicismo em lugares como a antiga Inglaterra, Brasil de Napoleão Bonaparte; de Getúlio Vargas.

Este último, inclusive, manteve ligação direta com o rádio que, na época de seu ofício, era o meio de comunicação de massa de maior alcance, utilizando-o para apresentar o seu projeto de integração nacional, para divulgar a sua imagem e dos produtos brasileiros no exterior e, em especial, para se fazer ouvido pelos brasileiros de todas as regiões.

Assim como o rádio, existem outros meios de comunicação que surgiram, a partir do contexto social que se inseriam, com a finalidade de aprimorar e facilitar o efeito de emitir, transmitir e receber mensagens. É o caso da prensa, da televisão, do telefone, da internet.

Esta que surgiu quando o mundo estava dividido pela Guerra Fria, com o objetivo de manter a comunicação das bases militares dos Estados Unidos, caracterizando uma relação de domínio e poder.

Cada dia que passa, as limitações geográficas são vencidas pelas inovações tecnológicas.

As informações, as relações do homem com o mundo e a interação social e cultural ultrapassam os limites geográficos e favorecem a emissão de diálogos, a discussão de idéias, a defesa de ideologias, enfim, a comunicação.

Logo, comunicação é toda manifestação do real, com objetivos direcionados a um contexto que se vive e que corresponde à realidade congênita de todo homem.

Ou seja, não importa se nos comunicamos por abraços, livros, sistemas de escritas que não são mais empregadas pela maioria, comunicar está literalmente ligado ao ‘estreitar de laços’ com o nosso semelhante e as condições sociais que o rodeiam.

Michelle Cristine Laudilio de Souza - Formada em Letras, Inglês e suas literaturas; Estudante de Comunicação Social - Jornalismo em multimeios - na UNEB em Juazeiro- Bahia.

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