Assaltaram a Gramática
Leitura e Produção Escrita
A relação entre o autor e o leitor
Refletir sobre o processo de leitura e escrita sempre será muito importante tanto a nós, professores, quanto à família de cada um de nossos alunos, pois sempre que paramos para repensar sobre este importante assunto, temos a oportunidade de ampliar nossa intimidade com as palavras.
Muito mais que o contato com os códigos escritos, a leitura precisa ser estimulada desde a infância, pois isso permite que nossas crianças desvendem cada vez mais os “mistérios” do nosso mundo e, assim, construam suas identidades de acordo com aquilo que entendem como adequada a si mesmas.
No momento de escrever, de fazer registros por meio da escrita, o aluno precisa ter clareza da relação que existe entre o autor e o leitor, uma vez que o autor usa várias estratégias para agir sobre aquele a quem deseja ver seus escritos apreciados.
O leitor, neste processo, não é um ser estático, imóvel ou passivo, ainda que de um modo ou de outro, sofra as ações de quem escreve. Diferente disto, o leitor interage com o autor, seja atribuindo novos sentidos ao que foi produzido, seja questionando a realidade ou a validade daquilo que está lendo, ou em muitas outras situações.
Ao ter esta clareza, o aluno pode conseguir grandes resultados no momento de “passar para o papel” algo sobre si, sobre seu mundo, algo sobre aquilo que deseja expor ao outro.
O aluno/autor monta imagens sobre seu leitor e, da mesma forma, o leitor também o faz. Neste sentido, no papel de autor, o aluno tem a possibilidade de adequar seus escritos à representação mental, na qual foi capaz de construir, de prever acerca de seu alvo, ou seja, aquele que irá ler a sua obra.
Esta adequação, no entanto, tanto pode ser para cativar seus leitores, como incomodá-los, persuadi-los ou fazer com que seus leitores saiam da zona de conforto.
Todas estas ações só são possíveis quando o aluno consegue construir a imagem de quem irá ler seus escritos e, também, quando o aluno tem clareza de onde pretende chegar, para onde quer ir, quais impactos deseja causar e, assim, definir quais os caminhos pode percorrer para atingir seus objetivos.
O aluno/autor é também um leitor e, nesta condição, leva para dentro de seus textos muito daquilo que já leu, que já viveu, que já sentiu ao apreciar obras de outros autores, assim como outras vivências que compõe sua bagagem de conhecimento.
O isso, quando pedimos para nossos alunos escreverem sobre o mesmo tema, eles escrevem doando muito de si mesmo e, assim, ainda que o tema seja o mesmo, as produções que surgem dele são tão diferentes como diferentes são as pessoas que o compuseram. Estas experiências são ricas de motivações e, certamente, nossos alunos precisam a cada dia descobrir os prazeres do ler e escrever.