A Semana - Opiniões
Entre a Paz e a Guerra
A boa moradia de um coração distante da guerra
Muitas são as pessoas que dia a dia estão em busca de paz, de verdadeira e duradoura paz. Erradamente, muitos a buscam em lugares desprovidos dos rumores da cidade grande ou de uma casa sem paz. Buscam-na num campo arborizado, no qual o único barulho que se ouve é o canto dos passarinhos que por ali se aventuram.
Olhando assim, de uma maneira despropositada, dá até para pensarmos que a paz pode mesmo ser facilmente alcançada, mas isto é um engano que não pode ser perpetuado. Paz nada tem a ver com o silêncio que tanto nos faz bem após um dia muito tumultuado.
A paz requer, no mínimo, uma mudança de atitude diante daquilo que nos alimentamos diariamente, ou seja, se nos alimentamos com palavras e atitudes de guerra, a paz estará cada vez mais distantes de nós.
Ter paz é muito mais do que estar num lugar desprovido do barulho. É possível a alcançarmos até mesmo em meio a guerra, por mais contraditório que isto possa parecer.
Quem realmente tem paz, tem-na em quaisquer que sejam as situações, ainda que estas sejam de desagrados e desconfortos, pois é exatamente em momentos assim que se prova realmente aquele que tem paz.
Distanciando um pouco da carga de significado que os dicionários trazem para a palavra “paz”, pode-se afirmar que é perfeitamente possível se ter paz até mesmo em meio a guerra.
Isto pelo fato de que, aquele que detém a paz dentro de si, pode até não se sentir capacitado o suficiente para promovê-la a uma grande multidão, mas ele tem poder suficiente para se manter em paz, fazendo-a refletir sobre todos aqueles que a ele se aproximar.
Estas pessoas que desejam ver a paz refletida em si mesmas precisam compreender que diferente de um vírus contagiante, para se ter paz é preciso muito mais que estar em companhia de alguém que a tem. As pessoas que a almejam precisam dar boa moradia e manter seus corações o mais distantes possível de comportamento que geram guerra.
É triste saber que num mundo em que as pessoas estão cada vez mais impacientes, estas estão cada vez mais longe da paz e mais próximas à guerra, infelizmente.
Até mesmo as palavras daqueles que não têm paciência para ouvir e suportar (dar suporte) a fala do outro causam danos tão grandes tais como uma arma de fogo em meio a batalhas sangrentas, dado que palavras também ferem e, não raras as vezes, ferem muito mais do que a violência física.
Algo que deve ser motivo para mais reflexões e tomadas de atitudes por cada um de nós é o fato de já termos nos acostumados com a violência. Hoje em dia, cada vez menos pessoas se incomodam em assistir a um programa jornalístico apelativo.
As novelas, por exemplo, estão cada vez mais cheias de cenas de violência e, diferente do que ocorria há algum tempo, no final de muitas delas o mal sai sem castigo e, quando castigado, uma morte sofrida é o mínimo que muitos telespectadores anseiam ver.
Nossas mentes e corações se ocupam muito mais com o castigo do que com o perdão. Aliás, o perdão tem se tornado algo a ser evitado e, quando raramente ele acontece, aquele que concede perdão é tido como fraco, como alguém cuja atitude jamais deve ser imitada.
A paz torna-se impossível em meio a atitudes que só geram mais guerra, mais sangue e mais lágrimas de dor. Lágrimas que correm pelo rosto de pessoas que não acreditam mais que podem voltar a se levantar, mesmo depois da queda.
Quando em nossa infância sofríamos alguma queda devido à pouca habilidade física, nossos pais pegavam-nos pelas nossas mãos e nos colocavam em pés. Por algum motivo, hoje não acreditamos que alguém pode mesmo se levantar após uma queda.
Podemos viver tempos de paz e guerra, mas que a nossa luta seja sempre para que a paz seja alcançada e que, como consequência desta grande virtude, que o amor também esteja nos corações de cada um de nós, pois para isso vivemos e lutamos, ou seja, para alcançarmos a paz, o amor e a real felicidade.