A Semana - Opiniões
Alegre-se na felicidade do outro
Exercício do verdadeiro amor ao próximo
Contudo, quando a indiferença é vencida, ou seja, quando conseguimos pensar mais no outro, sensibilizando-nos com as lágrimas que escorrem pela face conhecida ou não, precisamos pensar também sobre até que ponto estamos conseguindo de fato sermos mais humanos, mais amigos, mais companheiros.
Em várias faixas etárias e grupos sociais, temos identificado um fato realmente preocupante, que é a dificuldade que temos para comemorar uma vitória que não é nossa, uma vez que se é difícil chorar com aqueles que choram, muito mais difícil é sorrir com aqueles que sorriem, instruções riquíssimas que Bíblia Sagrada diz a nós todos os dias.
Isto ocorre porque muitas das vezes julgamos não termos tempo para nos preocupar com as dores, as tristezas, os conflitos e os dramas dos outros, visto que as correrias do dia a dia nos impedem de sermos solidários e, ainda que tudo esteja à nossa frente, preferimos fingir que não temos o conhecimento sobre as mazelas que afligem quem está próximo a nós.
Entretanto, se há algo que pode ser pior que a indiferença em relação à dor alheia, é quando identificamos o sucesso e a alegria presentes na família e na carreira profissional de outras pessoas e, em vez de ficarmos felizes por isto, a sensação que nos invade é semelhante àquilo que se pode chamar de desgosto e desprazer.
Perguntas e frases como “por que isto está acontecendo com ele e não comigo?”, “ele não merece ter isso, eu sim”, “o carro que ele comprou nem é tão bonito assim, se fosse eu, compraria de outra cor ou modelo”... e muitas outras se formulam na mente e no coração daquele que não sabe “sorrir com aqueles que sorriem”.
Esta tendência é muito negativa, mas mesmo assim é cada vez mais fácil identificar tais comportamentos e, por isso, nós na figura de pais e professores temos muito trabalho à frente, visto que saber se alegrar frente à felicidade de outras pessoas é característica de pessoas com autoconfiança e verdadeiro amor ao próximo, desejos que temos para nossos alunos e filhos.
Entre os conhecimentos que precisamos ajudar nossos jovens a construírem está o fato de que o sucesso do outro nunca será impedimento para o meu sucesso, mas as dores e as aflições alheias precisam ser vencidas juntamente a cada um de nós, pois cada pessoa é membro de um corpo maior, que pode ser tanto a sociedade como também a família.
Nossos jovens também precisam compreender que é muito melhor vermos alguém bem-empregado profissionalmente, fazendo parte de uma família unida, conseguindo alcançar seus objetivos do que vermos pessoas sofrendo as muitas mazelas que hoje assolam o mundo e, por isso, é tão importante nos alegarmos com a alegria do outro.
Uma verdade que também não pode deixar de ser considerada é que, não raras vezes, não compreendemos quando alguém vem nos contar um grande feito. É comum imaginarmos que este alguém está, na verdade, exibindo o que conseguiu, de maneira a alcançar alguns prestígios que poderiam ser nossos.
Tais pensamentos são comuns entre muitos de nós, pois vivemos em meio a pessoas que assim pensam e acabamos reproduzindo muitos destes maus conceitos dentro de nós, fazendo aumentar ainda mais a distância e a barreira que existem entre nós e a felicidade de outro.
Como pais e professores, é nosso papel orientarmos nossos jovens a olhar do lado e entender a conquista de outras pessoas como também a sua. Como exercício para isto, podemos sugerir que eles elogiem uns aos outros, extraindo somente o que há de melhor em cada um.
Certamente, este exercício irá contribuir significativamente para que nossos jovens adquiram um comportamento nobre diante do sucesso alheio e, de quebra, os ambientes das nossas salas de aula e das nossas casas serão, sem a menor dúvida, muito melhores, enquanto que nós teremos a certeza de um futuro muito melhor do que o nosso presente tem sido.