Planeta Educação

Aprender com as Diferenças

Fábio Adiron Consultor e Professor de Marketing. Fundador e Presidente da Associação Mais 1, de 2002 a 2005. Membro da Comissão Executiva do Fórum Permanente de Educação Inclusiva. Moderador do Grupo de Discussão sobre Síndrome de Down do Yahoo Grupos.

Sem explicação
Fábio Adiron

Uma crença, mesmo que baseada em argumentos falsos, é muito fácil de se criar. Uma pitada de sensacionalismo, outra de escândalo e, para facilitar a difusão da mentira, algo que atribua a culpa de qualquer coisa ao governo (qualquer governo, diga-se de passagem).

Se, além desses ingredientes, a mentira que se cria ajuda as pessoas a conviverem melhor consigo mesmas, ela praticamente vira uma verdade inquestionável.

É o que acontece com o mito da relação entre a vacina tríplice viral (MMR) e o autismo. Em 1998 um pseudoestudo científico foi aceito e publicado por uma revista especializada chamada Lancet. Mesmo tendo sido contestado duramente por diversos especialistas, a mentira se consolidou de tal forma que alguns pais chegaram mesmo a processar seus governos por terem vacinado e desenvolvido o autismo nos seus filhos.

Doze anos e dezenas de estudos científicos sérios depois, a Lancet apresentou uma retratação oficial, pedindo desculpas por ter publicado o artigo que gerou toda a controvérsia sem fundamentação científica suficiente.

O que não significa que muitos pais tenham mudado de ideia. Eles ainda preferem acreditar que a vacina é a culpada pela condição de seus filhos. Preferem acreditar numa mentira que, de alguma forma, os conforte, a a creditamre na verdade que os devolve ao ponto de partida (o espectro autista ainda é um grande desconhecido, ninguém sabe o que ele é, nem o que provoca seu aparecimento).

A necessidade de encontrar um culpado pela deficiência faz com que muitas pessoas acreditem em qualquer coisa. Isso vale não só para o autismo mas também para a síndrome de Down (que ninguém ainda descobriu o que provoca a trissomia) e para as dezenas categorias de deficiência intelectual, para as quais sequer existe um diagnóstico efetivo.

Assim como a questão da cura, a busca pelo bode expiatório é incessante.

Geralmente são pessoas que querem se desvencilhar da culpa que eles acham que tem. Enquanto não se desvencilham desse peso que se colocaram nas costas (inutilmente, diga-se de passagem, mesmo porque, ainda que fossem tecnicamente culpados isso não deveria mudar a forma de encarar e criar seus filhos) eles deixam de aproveitar mais seus relacionamentos com os filhos.

Quando entenderem que a deficiência não muda as suas condições como pais, nem o fato dessas crianças serem filhos, talvez gastem mais tempo com cada uma delas. Certamente vão descobrir que é uma relação maravilhosa, como com qualquer outro filho.

As crianças que, então, serão alvo de mais atenção e carinho, agradecem.

Descrição da imagem: montagem fotográfica onde uma lâmpada tenta se ligar numa tomada, mas não consegue por os pinos do plug são diferentes dos da tomada

Aviso: os links desse artigo são matéria em Inglês.

Fonte: Xiita d aInclusão (http://xiitadainclusao.blogspot.com/)

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