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Paulo Fernando de Castro  Professor, escritor e palestrante; Autor do livro infantil “Em Busca da Chave Mágica”.

O Belo como Obra-Prima da Vida
Paulo Castro

Mais adiante no trajeto, um semáforo pisca a luz vermelha e o carro para próximo à faixa de pedestre. Minha visão para fora da janela busca o que há de interessante para que a atenção de minha mente possa captar.

“Ali!”- eu disse num tom de voz tão baixa que o meu pai, sentado ao meu lado dirigindo, apenas olhou disfarçadamente, retornando à mesma posição anterior. Simplesmente, abri um tímido sorriso lateral e voltei novamente àquela imagem fantástica.

Não acredito no que vi, mesmo sabendo que,muito tempo atrás,o meu subconsciente conhecia que em algum momento já tinha registrado e salvo em algum compartimento da memória.

Pudera ter tal envergadura ao flagrar no momento certo a imagem extraordinária com uma posição muito fácil de minha consciente memória resgatar, ainda que nas próximas lembranças de um dia futuro qualquer.

Sei que esta imagem me dá um interesse maior de aprofundar-me no meu eu, eu interior no qual me desconheço e, ao refletir, minha consciência confirma em ter a imagem enquadrada, fazendo a leitura de toda limitação observada. Minha memória está pronta para julgar as ações que a visão captar numa distância muito difícil dos detalhes do real e da projeção da sombra.

Só pela sombra percebi também sua verdadeira e real imagem que me surpreende e, num sentido primo da existência única de quem eu sou e o que eu sou, é que vem do outro o melhor de mim mesmo.

Aprofundar-me no meu eu é descobrir no outro o que há de transparecer no íntimo secreto da pessoa, que se submete diante da análise que a mente conseguir captar.

A visão retrata um cenário como um retrato e isto é muito mais do que maravilhoso, é estupendo, é a vida em arte que dá arte à vida.

Vi uma senhora de meia idade no jardim de sua casa com seu tripé tendo a tela de um quadro em fase de terminar. Seu alvo é as belas rosas posicionadas de modelo para sua obra-prima.

Acredito que essa senhora esperou o momento certo para retratá-las em pintura, ou seja, no tempo de elas se abrirem.

Vejo que para essa senhora este acontecimento é único e não terá nunca mais, diante da imagem da beleza prima conservada em quadro.

Pode ser que você pensou o que também pensei, ou seja, que na próxima primavera as roseiras estarão tão viçosas como agora, mas certamente não serão as mesmas de hoje.

O interessante nisto é que dentro de minha mente fiz uma analogia ao romance que li no semestre passado por indicação do professor, o qual pode ser lido no livro “O retrato de Dorian Gray”, do autor Oscar Wilde.

O belo e jovem personagem Dorian disse a célebre frase: “Se ocorresse o contrário! Se eu ficasse sempre jovem, e se este retrato envelhecesse! Por isso - por isso eu daria tudo! Sim, não há nada no mundo que eu não desse! Daria até a minha própria alma!”.

Acredito que ao ver a imagem do seu rosto na tela, Dorian não percebe e esquece-se que a imagem ficará na mesma maneira, sem mudar, pois nela não há vida.

A vida que está dentro de Dorian permanece para sempre, eterna, não envelhece e nem morre. Por definição, a vida é dinâmica e tem movimento, a vida palpita eternamente.

Voltando à pintora e sua roseira, percebo que a vida está onde há beleza. A beleza da roseira foi reconhecida por ela, pois dentro dela há a vida.

Neste momento, minha mente reconhece o belo da vida dentro de mim, como forma de sentir a vida e de ver tudo o que há de belo.

Avaliação deste Artigo: 4 estrelas