Educação Profissional
Trabalho em Equipe
Kaká e Robinho
“Acompanhando os jogos da Copa, fui inspirada a escrever este pequeno texto. Por favor, pelo fato da autora não ter os conhecimentos profundos do assunto, descontem as possíveis limitações com relação aos conceitos de futebol. Entretanto, acredito que da mesma forma que a analogia me desafiou e me inspirou, talvez possa fazer o mesmo no leitor e gerar uma inquietação produtiva (Daniela Suto)”.
Particularmente, gosto do time de Dunga (aqui já devo ter despertado várias reações do leitor) pelas características de trabalho em equipe. Quando acontece um gol, ninguém comemora sozinho, mas se abraçam e fazem do acerto individual um evento coletivo, como de fato o é.
Frequentemente os jogadores agradecem uns aos outros e reconhecem a participação uns dos outros para o alcance do objetivo maior: o gol. É bonito ver a comemoração após o gol, como também é bonito ver o capitão Lúcio incentivando o time, às vezes firmemente, outras vezes reconhecendo o esforço que não foi eficaz. Podemos ver aí alguns aspectos da liderança situacional em operação.
O que me chama a atenção também e que saliento aqui é a postura de Kaká e de Robinho. Estabeleço aqui, para fins didáticos, uma diferenciação entre os dois jogadores, mais uma vez ressaltando as limitações quanto ao entendimento dos aspectos técnicos “futebolísticos”.
Kaká, apesar de muito competente naquilo que se propõe a realizar e no que é esperado do seu papel no time, não tem postura de estrela e sabe que sozinho não consegue atingir o resultado esperado. Corre, sua a camisa e dá o melhor de si para que a bola chegue aos pés de quem estiver mais bem posicionado para acertar o alvo: o gol.
Este, teoricamente, é mesmo o seu papel como meio de campo. Porém, nem todos os jogadores de meio de campo apresentam este desprendimento. Parece-me, como leiga no assunto, que ele realmente joga pelo time, imprimindo ritmo, colocando seus talentos e competências a favor da equipe. Passa a bola e cruza para quem possa fazer o gol.
Agora, vejamos o caso do Robinho. Inegável o talento desse jogador. A competência técnica, a inteligência e agilidade. Realmente admirável. Porém, percebo algo no Robinho. Ele tem “um quê de estrela”. Tem fama de ser “fominha” (aqui alguns podem pensar que atacantes devem ser assim). O ponto é que, várias vezes, no meu ponto de vista, ele poderia passar a bola, cruzar para alguém mais bem posicionado dentro da área, mas na maioria das vezes não o faz porque tenta fazer o gol sozinho.
Algumas vezes é bem-sucedido, mas por muitas vezes não e acaba tendo que se desculpar com a equipe. De maneira nenhuma pretendo aqui tirar o mérito deste jogador extremamente habilidoso e importante para a seleção. Reforço que o objetivo é mais didático e reflexivo do que uma análise técnica.
Fazendo uma analogia com a nossa realidade e tentando traçar alguns aprendizados para nossa vida, considero que primeiro fazemos parte de um mesmo time, mas muitas vezes jogamos como Robinho e não como Kaká. Realizamos esforços individuais e estanques isolados do time. Até percebemos que existe alguém em melhor posição que nós para atingir o objetivo, mas a tentação da glória do gol, dos holofotes, por vezes, torna-se irresistível.
Na verdade, ninguém está livre desta sensação e de cair nesta tentação. Esforços individuais são importantes e necessários, porém, acredito que precisamos, e isto serve primeiro para a autora deste pequeno e despretensioso ensaio, é agir como Kaká. Cruzar a bola, compartilhar os talentos e competências, dar o melhor pelo time, vibrar pelos sucessos uns dos outros como se fossem próprios (na verdade o são quando o trabalho é realmente em equipe).
O quanto podemos compartilhar no coletivo? O quanto temos a contribuir com nossos talentos, competências e visão de mundo no coletivo? Fazemos parte da mesma seleção e que, a começar em mim, possamos ser mais Kaká e menos Robinho.