Planeta Educação

A Semana - Opiniões

Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

As aparências enganam
Consumismo exagerado

É comum vermos casos de pessoas que já sofreram algum tipo de agravo diante de outras pessoas pelo simples fato de suas vestimentas ou forma de falar não demonstrarem quem realmente são.

Talvez por isso, ou seja, para fugir de uma interpretação simplória sobre si, várias pessoas se arrumam de maneira a ostentar sua (possível) pomposa conta bancária e, ainda, sua capacidade de reação diante de quaisquer desagrados, por menor que eles possam ser.

Porém, atitudes assim podem transformar nossas vidas num verdadeiro teatro, em que “artistas” vestem-se, falam, agem e reagem de forma a passar às outras pessoas exatamente aquilo que fora predefinido por eles antes de saírem de casa. 

Vemos caso parecido quando pessoas que estão diante de alguém a quem desejam fazer valer sua opinião, buscando favorecimento, reconhecimento e respeito, alteram o tom de voz, deixam a postura ereta e encaram a vítima que está ante a si, pronta para ser bombardeada com expressões agressivas, que se disparam no primeiro sinal de insatisfação por parte de seu agressor.

Torna-se conveniente uma séria reflexão sobre tais comportamentos, pois precisamos definir até que ponto nossa aparência tem realmente passado a verdade sobre nós mesmos, uma vez que muitos são facilmente influenciados por diversas circunstâncias e, como um camaleão, trocam de características pessoais e de caráter de acordo com o que pede determinada situação. 

São os casos de pessoas que nunca sabemos quem são, pois modificam suas opiniões e posicionamentos com uma facilidade que chega a ser assustadora.

Ora, é preciso sermos transparentes com todos, desde que, claro, essa transparência não seja confundida com a falta de educação. 

Digo isso porque há pessoas que se dizem verdadeiras e sinceras e, por isso, não medem o que dizem ao outro, causando, desta forma, sérias feridas e dores. Sabemos que é perfeitamente possível sermos verdadeiros e sinceros sem que, com isso, sejamos grosseiros com outras pessoas.

Reflexões assim sempre serão necessárias aos nossos alunos e filhos em vários momentos da vida de cada um deles, pois a sociedade é tendenciosa a sempre atentar para a aparência das pessoas em detrimento do que elas realmente podem ser em suas essências.

Eles precisam saber que é preciso zelar pela aparência sim, mas ela deve ser apenas como um espelho do que somos por dentro. 

De nada adianta ostentarmos algo não condizente com o que não somos ou não temos, o que é uma das características da sociedade consumista, na qual se compra muitas coisas supérfluas parceladamente e, como consequência, aumentam-se as dívidas, a dor de cabeça e ainda mais insatisfações.

O consumismo exagerado é uma das causas da inquietação das pessoas e, infelizmente, um hábito que tende a ser cada vez mais exaltado. 

Em consequência disso, as pessoas estão inclinadas a preocupar-se muito mais em ser atendidas pelo belo do que pelo competente e, sem ao menos considerarem a durabilidade do que se irá adquirir, compram muito mais aquilo que é bonito de se ver do que aquilo que realmente estão precisando.

Não há salário que dê para alimentar os anseios de pessoas que querem mostrar aos outros o que têm, assim como não há recursos financeiros suficientes para satisfazer os caprichos daqueles que são constantemente induzidos ao consumo pelo simples fato de se igualar àqueles que já adquiriram algo da moda, algo que está sendo propagado pelas estrelas televisivas.

Nossos alunos e filhos precisam ser alertados quanto ao consumo desnecessário, precisam saber firmar sua identidade e, com isso, não serem ludibriados por futilidades. 

Claro que cuidar da aparência é algo que também precisa ser ensinado, pois como falado em linhas anteriores, a aparência deve ser entendida como um espelho do que realmente somos. 

Entretanto, a aparência não pode, de nenhuma forma, ser exaltada e cuidada em detrimento de tudo o que precisa de atenção dentro de cada um de nós. 

A moderação e o discernimento do que é ou não necessário se obter e ser são exemplos de características que precisamos ensinar ser cuidadas e exercitadas por nós e pelos nossos filhos e alunos.

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