Cinema na Educação
Amor além da vida
Pequenas coisas que fazem a vida valer a pena
Recentemente fiz um rápido levantamento entre meus alunos de Ensino Médio a respeito de seus maiores sonhos e pesadelos. Tudo isso ocorria no contexto de uma aula de filosofia, o que lhes permitiu abertura suficiente para que expressassem com sinceridade aquilo que realmente sentiam. Entre tantos sonhos, destacaram-se muitos pelo fato de relacionarem-se a coisas muito simples, próximas, como ter sucesso nos estudos, uma carreira profissional de realizações, a formação de uma família, o conforto material ou ainda a possibilidade de viajar.
Entre os pesadelos, também posso destacar os medos do cotidiano, da violência, da droga, da solidão, do fracasso ou do abandono. O que me chamou muito a atenção, no entanto, entre sonhos e pesadelos, foi o temor de perder a família. Coincidentemente, um dos motes da aula era um texto escrito por Arnaldo Jabor e publicado pelo jornal “O Estado de São Paulo”, a respeito do caso Richthofen, em que os pais foram brutalmente assassinados, num crime orquestrado por sua filha Suzane.
Falávamos justamente sobre os limites tênues que separam o Céu e o Inferno, o Sonho e o Pesadelo.
Fiz esse breve apanhado para abrir o texto sobre um filme que também fala de perdas familiares. “Amor além da vida”, no entanto, nos mostra o quanto à perda de nossos familiares pode ser dolorosa, o montante de saudade que se acumula quando eles se vão. As imagens nos colocam frente a um dos maiores temores de nossos jovens, infelizmente, não de todos eles, como pudemos comprovar com o caso Richthofen...
A História
Tudo começa numa casa que pode ser comparada a de qualquer um de nós. Pais e filhos reunidos ao redor de uma mesa, se alimentando, distraídos uns com os outros ou com seus afazeres tradicionais de uma manhã de trabalho e estudos. Unidos pelos laços de sangue e pela presença física, separam-se para poderem cumprir os compromissos de todos os dias.
O que não poderiam saber é que esse seria o início de um pequeno ciclo de separações, aparentemente definitivas, seladas pela morte; primeiramente dos filhos, seguida, após quatro anos, pelo acidente que vitimou o pai e, posteriormente, pelo flagelo e conseqüente desaparecimento que se impôs à mãe, sufocada pela ausência de sua prole e do marido.
O que poderíamos esperar de tão grande tragédia? O sumiço de toda uma família poderia significar a possibilidade de um reencontro na eternidade?
Não quando sabemos que Annie (Annabella Sciorra) cometeu suicídio e nos lembramos que dentro dos preceitos de algumas religiões (com destaque para as crenças de caráter cristão), a pessoa que tira sua própria vida estaria se condenando a um eterno desterro, um exílio definitivo naquilo que conhecemos como inferno.
A trama do filme passa então a narrar a obstinação de Chris (Robin Williams), na busca de caminhos que o levem ao reencontro de seus filhos e, principalmente, de sua esposa. Nem mesmo a aparente impossibilidade que parece impor-se entre eles (a dicotomia Céu/Inferno), lhe desanima nessa jornada. Confiram!
Aos Professores
1- Discutir temas da atualidade com nossos alunos desperta suas atenções para questões que podem ser essenciais em determinados momentos de nossa programação. Criar elos que conectem o que está sendo debatido na mídia diariamente com os assuntos de nossas aulas é de fundamental importância para movimentar e arejar o ambiente em nossas turmas.
2- Temas universais como o amor, a eternidade, a morte, a paz e tantos outros estão presentes em obras literárias, em momentos marcantes da história de todos os povos, podem ser debatidos dentro da ótica das ciências (como a biologia ou a química) e, além disso, constituem temas fascinantes para debates e redações.
3- Ao iniciarmos trabalhos com temas como esses, de grande amplitude, podemos pedir a nossos alunos que façam levantamentos junto a seus familiares, nas igrejas, nos bairros ou nas cidades onde vivem, de forma a aumentar o conhecimento existente a respeito dos assuntos. Assim fazendo, os jovens podem avaliar questões como: estrutura familiar, sentimentos, vida comunitária, ação solidária,...
4- Filmes como “Amor além da vida” nos fazem refletir a respeito do valor da vida, das coisas simples que nos cercam, das grandes possibilidades que se encerram em nossas amizades e no contato com nossos familiares. Valorizar tudo isso é imprescindível e, nossos jovens têm perdido um pouco da dimensão e da riqueza que são encontradas nessas situações tão corriqueiras. Vale muito investir nessa retomada de consciência. Acreditem!
Ficha Técnica
Amor
além da vida
(What dreams may come)
País/Ano
de produção:- EUA, 1998
Duração/Gênero:- 114
min., drama/romance
Disponível em vídeo e DVD
Direção de Vincent Ward
Roteiro de Ronald Bass, baseado em livro
de Richard Matheson
Elenco:- Robin Williams, Cuba Gooding Jr.,
Annabella Sciorra, Max Von Sidow.
Links
-
http://www.adorocinema.com/filmes/amor-alem-da-vida/amor-alem-da-vida.asp
-http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=1008
- http://us.imdb.com/Title?0120889
(em inglês)