Planeta Educação

Aprender com as Diferenças

Maria Teresa Eglér Mantoan Doutora em Educação; Professora da Faculdade de Educação da UNICAMP – São Paulo; Coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade LEPED/Unicamp.

Como acontece com os filhos, os cuidadores da família experienciam redução nas redes de trabalho, o que resulta em isolamento social
Just like their children, family caregivers experience shrinking networks and social isolation

Just like their children, family caregivers experience shrinking networks and social isolation - Trecho da tese de Nancy Breitenbach, intitulada AGEING PARALLELS (paralelos do envelhecimento)

Traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier, da Rede de Informações sobre Deficiências e Programa Futuridade da SEADS – Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Fenapaes Brasília (Diretoria para Assuntos Internacionais), Rebrates, SP, Carpe Diem, SP, Sorri Brasil, SP, Inclusion Interamericana e Inclusion International em 9 de março, 2010.

No estudo que estamos fazendo de nossas famílias que envelhecem, os dados abaixo, coligidos pela gerontóloga Nancy Breitenbach são muito interessantes e mostram o empobrecimento tanto da vida da pessoa com deficiência intelectual que está em processo de envelhecimento como de seus pais cuidadores. Vamos lê-lo com atenção:

“Vários estudos têm ilustrado como os estilos de vida de adultos, jovens ou pessoas de meia idade que moram em casa podem ficar restritos pelo modo de vida de seus pais idosos.

Após observarem famílias mais velhas durante uma semana, Walker & Walker descobriram que 23% das pessoas com deficiência mais velhas recebem cuidados no lar, nunca saem de casa, 56,7 % dessas pessoas saem de casa 1-3 vezes – e somente 10% deixavam a casa 7 vezes (o que significa uma vez por dia.)

Um estudo francês (OHRAS) demonstrou que 56,5% de adultos com deficiência que moram com os pais não possuem nenhuma atividade de lazer fora de casa e quando o pai que presta cuidados tem mais de 70 anos ou mais, a porcentagem é ainda mais alta.

Portanto, estamos todos muito preocupados com esta situação.  Porém, qual é o lado menos atraente desta situação? Tudo leva a crer que os pais idosos também não saíam de casa para nada, também.

Esse “encarceramento” será mais aceitável para os pais do que para seus filhos?

 

Além de tudo, muitas pessoas com deficiência intelectual possuem poucos amigos além dos integrantes da família, e existe preocupação com a fragilidade desta rede.

Porém, precisamos lembrar que, com o passar do tempo, seus pais idosos também perdem contato com amigos e conhecidos: a chegada da aposentadoria separa esses pais de contatos profissionais, os amigos velhos passam e nunca são substituídos; os rostos familiares que se viam na vizinhança desaparecem...

Não é nenhuma surpresa, pois, que pais e filhos acabam dependendo uns dos outros para terem companhia.

Em terceiro lugar, é preciso levar em conta a perda de entes queridos por parte de pessoas com deficiência intelectual, que é uma questão relativamente nova e que impõe que apoios cuidadosos sejam elaborados para os adultos que perderam seus entes queridos.

Porém, a pergunta que se impõe: quem está dando apoio ao cuidador idoso que sofre pela morte da esposa, por amigos e parentes que morreram, pelos sonhos que acalentaram durante a vida inteira?

Na verdade, as atividades de lazer dos pais mais velhos são praticamente nulas na grande maioria dos casos. As próprias limitações da velhice e a diminuição da energia interna para enfrentar desafios grandes fazem com que tais pessoas se recolham em si mesmas e não saiam de casa, buscando entreter-se com tarefas domésticas, pois lhes é penoso, na maioria dos casos, planejar grandes passeios e assim por diante.

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