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Aprender com as Diferenças

Alex Garcia Alex Garcia Pessoa Surdocega; Formação em Educação Especial com Habilitação em Deficientes da Audiocomunicação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS; Curso de Especialização em Educação Especial; Presidente da Associação Gaúcha de Pais e Amigos dos Surdocegos e Multideficientes - AGAPASM; Membro da World Federation of Deafblind - WFDB; Autor da obra Surdocegueira: empírica e científica; Vencedor II Prêmio Sentidos; Rotariano Honorário - Rotary Club de São Luiz Gonzaga-RS. Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência - Professional Program on International Leadership, Employment, and Disability (I-LEAD) graduado poela Mobility International USA / MIUSA; Ministrante de Palestras, Cursos, Seminários, Conferências sobre Surdocegueira e Múltideficiência em Congressos Nacionais e Internacionais; Publicação de Artigos sobre o Tema em Revistas Científicas, Jornais e Sites; Participação em Pesquisas na Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria-RS.

Surdocegueira: da mediação à guia-interpretação
Alex Garcia

Há alguns anos estou me deparando na Surdocegueira, através de minhas orientações a Surdocegos, educadores e famílias, que certas atribuições, estão sendo mal interpretadas e assim observo a relação causal do não desenvolvimento real de muitos Surdocegos no Brasil. A má interpretação que destaco diz respeito à mediação e a guia-interpretação para nós Surdocegos.

Má interpretação obviamente que possui duas faces - o interesse e o desconhecimento. Não vou questionar neste momento o interesse, e, portanto não observarei aspectos políticos da Surdocegueira, mas sim, me deterei nas reflexões e abordagens específicas da mediação e guia-interpretação como fundamentais para nosso desenvolvimento.

A mediação em Surdocegueira
Sem dúvida, historicamente no Brasil, a grande barreira para nós Surdocegos tem sido a quase inexistência de mediadores capazes de colaborar de forma funcional com nossas primeiras interações com o meio, tendo em vista nossa condição de Surdocegos.

O contato habitual de certas pessoas com o Surdocego pressupõe que elas sabem os efeitos que tem a comunicação para nós. Sabendo isso esta pessoa pode e deve agir como mediador em ocasiões específicas e gerais, sempre buscando satisfazer a necessidade de interação que se produz naturalmente em nós Surdocegos tendo em vista nossa condição.

Esta questão obviamente deve sempre trazer duas básicas reflexões: primeiro se és mediador deve se manter como tal e segundo que o mediador pode ser um familiar e profissional de outras áreas, mas devem estar de fato, unidos com o Surdocego neste papel de mediação compreendendo que a mediação e a interação que desta resulta deve ser ao máximo possível, pontual e útil ao Surdocegos.

Estas duas reflexões que acabo de destacar são fundamentais no processo de mediação. Tão importante que é nelas e em sua real compreensão que repousa a "ineficiência" da mediação para Surdocegos no Brasil.

O mediador e a mediação
O mediador é aquela pessoa que conhece os meios de comunicação e juntamente com o Surdocego, colabora com a interação prática deste com o meio. "O mediador e sua forma de agir é uma resposta direta aos atos e necessidades da Pessoa Surdocega e ao tipo de apoio que esta precisa em cada momento" (Mclnnes, 1999).

Mclnnes, 1999, também define a mediação "como um processo que tem como propósito permitir que o Surdocego estabeleça e mantenha um domínio máximo sobre o meio de acordo com o nível de sua capacidade física e seu nível de funcionamento sendo um processo que tem lugar entre o surdocego e a pessoa que apoiadora, no qual a deficiência provocada pelas perdas de visão e audição se minimiza".

Assim a mediação possui características dinâmicas que tem por objetivo romper com o isolamento do Surdocego observando-se as questões específicas:

- Surdocegos pré-simbólicos (congênitos) precisam receber uma mediação essencial para que desenvolvam linguagem, comunicação e fluidez em uma língua. É comum no Brasil encontramos Guias-intérpretes (este tema será abordado posteriormente) atuando como mediadores destes Surdocegos.

Pensa-se equivocadamente que o conhecimento de modelos alternativos de comunicação do guias-intérpretes irá favorecer, o que de fato não acontece, pois nestes casos não se trata de capacidade comunicativa, mas sim, de capacidade linguística (signos, símbolos e significados).

- Surdocegos pós-simbólicos (adquiridos) precisam receber uma mediação como apoio para a adaptação, ou seja, adaptar-se a sua nova condição de Surdocego e fundamentalmente aprender um novo modelo de comunicação.

O mediador, tendo o papel de intérprete, de guia, de educador, acaba por se tornar companheiro, objetivando sempre que os Surdocegos cheguem a serem capazes de fazerem escolhas e tomar suas próprias decisões de acordo com seus níveis de independência, intervindo sempre dentro de um programa organizado para atender pessoas Surdocegas e que se envolvem outros profissionais, assim o mediador apóia todo tipo de Surdocego de acordo com a mediação necessária, caso a caso.

A Guia-interpretação
Logo depois de abordar resumidamente a mediação é necessário destacar a guia-interpretação. Esta claro que abordar estes dois temas em separado significa dizer que são matérias diferentes, mas, de suma importância para os Surdocegos.

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