Educação Profissional
“Filho de peixe, peixinho é”
A escolha da profissão
Quando decidimos ser pais, é perfeitamente natural desejarmos que nossos filhos se pareçam, o máximo possível, conosco. Ao nascer, procuramos em cada gesto as semelhanças que nos asseguram que o nosso bebê será tal como nós e, ao primeiro sinal de alguma afinidade, ficamos orgulhosos, satisfeitos e felizes.
Contudo, essa busca por proximidade perpetua-se em todo processo de crescimento de nossos filhos e passa a ser evidenciada não apenas em questões físicas, mas também, estende-se a muitos outros setores da vida do jovem, incluindo aqui, a vida profissional.
Há muitas famílias que procuram direcionar seus filhos na escolha da profissão, desejando que eles façam uma escolha sensata, de acordo com o ponto de vista do pai, mãe ou outros. Isto ocorre porque todos os pais têm a seu favor anos de muita experiência (o que deve ser devidamente valorizada) e, por isso, julgam-se no dever/direito de ditar o que é melhor ou não para a futura vida profissional de seus filhos.
As intervenções dos pais, a respeito do que o jovem deseja para a sua vida profissional, devem (diferentemente do que alguns acreditam) ser feitas e consideradas, sim. “Em qual área estudar” é momento de extrema importância na vida de todo aquele que deseja ter uma vida digna, sendo, neste caso, indispensável o auxílio de alguém mais velho, mais experiente e que deseja o bem-estar do jovem indeciso ou convicto do que quer para o seu futuro profissional.
Porém, todo pai deve ter cuidado para não ultrapassar os limites naturais da individualidade de cada um, evitando imposições do tipo “sou seu pai, sei o que é melhor para você”, até porque frases assim costumam causar sérias resistências no jovem que precisa assumir mais uma etapa da sua vida, que é a escolha da profissão.
É importante os pais conscientizar o jovem da responsabilidade que é escolher uma área para atuar profissionalmente, não assumindo, em hipótese alguma, esta responsabilidade. Insatisfeito com a área profissional que estiver estudado (ou já formado), o jovem deve ter a consciência que fora ele mesmo que a escolheu, e não transmitir isso a mais ninguém.
Tenha sempre em mente que até mesmo essa postura é adequada à boa formação de nossos filhos, ainda que digam não se sentirem satisfeitos com a escolha feita. É necessário se ter consciência que é relativamente comum pessoas em vários segmentos passarem por momentos semelhantes na área que se escolheu, mas até mesmo em casos assim é necessário fazer o melhor, pois ninguém deve ser responsabilizado pelas nossas insatisfações.
Todo aquele que deseja orientar o jovem na sua escolha profissional deve ter cuidado, também, para não querer que o jovem se forme na área dos “sonhos” que podem não são os dele.
Com isso, quero dizer que é possível que no decorrer das nossas vidas tivéssemos almejado rumos diferentes dos quais foram tomados, ou seja, algum motivo impediu que nossos objetivos/sonhos fossem vividos. Esses sonhos não realizados podem ser uma armadilha para que agora, no papel de orientadores, desejarmos concretizá-los na vida do outro. Deve-se, evidentemente, considerar que os nossos sonhos e desejos, muitas vezes, não são os dos nossos filhos e esta individualidade deve ser respeitada em todo momento.
Por fim, ainda que possa parecer frustrante para nós, enquanto bons profissionais e pais, ver nossos filhos escolhendo algo para a vida profissional deles totalmente diferente do que imaginávamos, temos que dispensar a boa compreensão, pois no que diz respeito ao ramo profissional, “filho de peixe, não precisa ser exatamente peixinho”.