Educação Profissional
Educação Profissionalizante
Wellington de Souza
A educação profissional tem se mostrado de suma importância para aqueles que estão disponíveis ou estão ingressando agora no mercado de trabalho. O Brasil, na condição em que se encontra como país emergente, oferece grandes oportunidades. Mas, de nada vale uma oportunidade se não há preparo ou qualificação.
É importante entender que os tempos mudam, e o mercado também.
E junto a ele, mudam também as exigências. Há algum tempo, para ser bem-sucedido no mercado era preciso possuir experiência profissional registrada em carteira. Mas hoje é diferente, o perfil do profissional competitivo é outro. Não é difícil encontrar em uma mesma sala de aula de ensino profissionalizante, alunos com faixa etária que varia de 16 a 55 anos.
Os dois extremos revelam duas situações diferentes: a primeira é de pessoas mais jovens, muitos ainda adolescentes que buscam seu espaço, seu ingresso no mercado de trabalho. O problema que muitos deles enfrentam é o “bombardeio” de informações, acerca de:
- Que carreira seguir, ou em que área atuar?
- É importante se nortear pela tendência do mercado ou pela própria vocação?
Isso traz dúvidas comuns que induzem a erros na hora de escolher uma profissão. Um exemplo ocorreu no final da década de 90, quando houve uma “explosão” de vagas na área de segurança no trabalho. Faltava mão de obra qualificada para a área que até então era praticamente desconhecida. Todos queriam se qualificar com a certeza da contratação.
Contudo, até o final da qualificação, que dura em média dois anos, a contratação já não era uma certeza. Os resultados são vistos em todos os lugares, pois não é tarefa difícil encontrar profissionais qualificados na área de segurança no trabalho, desempregados ou desempenhando outras funções. Este é apenas um exemplo de um problema muito comum.
È frustrante para qualquer pessoa que idealiza, visualiza e até faz planos para o futuro, tendo como base a sua formação profissional e, quando enfim consegue a tão sonhada qualificação, não consegue o emprego. Isso a leva a submeter-se a outras funções com salário muito aquém daquele pretendido. Por isso é muito importante que haja um acompanhamento e maiores esclarecimentos acerca do assunto desde criança e em todas as fazes do aprendizado escolar.
Seria interessante tornar a escola um lugar mais prático, que mostra o porquê das matérias, ao invés de apenas encher a lousa de teorias, que as crianças nunca sabem quando, onde ou por que será útil. O que existe é um padrão de educação que chamo de “GLS” (não é nada disso que está pensando, GLS é giz, lousa e saliva).
O que precisamos é de uma educação com mais recursos e mais objetividade, que chame a atenção do aluno e que, ao concluir o ensino médio, já tenha uma definição clara do quer da vida. Para tanto, seria interessante colocar paralelamente a grade curricular, uma aplicação prática do que está se estudando. Por que não envolver noções de mecânica nas aulas de matemática, ou noções de elétrica nas aulas de física e química?
A maioria das crianças e adolescentes que não se interessam pelas matérias ministradas, por não verem a relação do que está sendo ensinado com o seu futuro profissional. Outro tipo de pessoa que encontramos nas salas de aula de ensino profissionalizante são as que fazem parte de outro extremo. São aquelas que tentam manter-se no mercado.
Principalmente em polos industriais, é comum encontrar profissionais que aprenderam com alguém que também aprendeu com alguém. Sem qualificação, e muitos sem até mesmo alfabetização, enfrentam o desafio de estudar. O exigente mercado obriga a muitos a entrarem numa sala de aula pela primeira vez, outros que não o fazem há décadas.
Sendo um desafio para esses profissionais, deve ser encarado também como desafio para os profissionais da área da educação. É importante que haja um preparo dos professores, pois se trata de um público diferenciado, que cresce a cada dia. Não é o mesmo lecionar a um aluno de dezoito anos, que acaba de se formar no ensino médio, e lecionar a outro de cinquenta anos praticamente sem estudo algum.
O desafio aumenta se os dois estiverem na mesma sala de aula, o que é comum, pois praticamente todas as escolas de ensino profissionalizante têm como pré-requisito, o aluno ter dezesseis anos completos no primeiro dia de aula com uma certa escolaridade mínima.
Não seria melhor formar cada sala de com um perfil específico? Aparentemente sim, mas essa não é realidade de mercado, é importante que o aluno de um curso profissionalizante comece a se relacionar com pessoas de idade, experiências, conhecimentos diferentes. Principalmente para os mais jovens, que até então só estudou e se relacionou com pessoas de faixa etária e realidade semelhantes a dele.
Aí está a importância da variedade em uma sala de ensino profissionalizante, o aluno mais que uma profissão, aprende a viver em sociedade. Isso faz com que a responsabilidade de oferecer uma educação profissional de qualidade caia sobre nós, profissionais da educação. Por isso, nada de educadores GLS, é preciso mais investimentos, mais recursos, mais comprometimento com resultado.