Educação e Tecnologia
A Tecnologia como um elemento de estímulo à leitura
Luciana Apolonio Rodrigues Carneiro
Iniciação científica: Reflexões pedagógicas à luz do método científico
Projeto de Pesquisa: Tecnologia como um elemento de estímulo à leitura
BAURU - 2008
Luciana Apolonio Rodrigues Carneiro - 1 Formada em Pedagogia e Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental da rede municipal de Bauru.
JUSTIFICATIVA
A intenção desse trabalho é investigar o impacto produzido pelas tecnologias da Informação e Comunicação no processo de Alfabetização e Letramento e, também, investigar as possibilidades de ampliação dos hábitos leitores de alunos do Ensino Fundamental.
É óbvio afirmar que a leitura é indissociável ao ofício pedagógico. Mais previsível ainda é contar com ela diariamente na sala de aula. Refiro-me não somente à leitura de portadores de texto vinculados ao conteúdo a ser desenvolvido, mas também ao contato da leitura através da prática de contar histórias.
Estudiosos afirmam que a contação de histórias é o primeiro contato da criança com um texto e onde também se inicia as possibilidades de sentir as emoções.
Sabemos que a função social da escrita é uma das responsabilidades da escola e, em consequência disso, vem a leitura. Assim sendo, a escola se torna um espaço privilegiado para esse incentivo e os professores tornam-se os principais agentes.
Mas de que forma a escola pode “alimentar” o gosto pela leitura? O que fazer uma vez que a o hábito da leitura, segundo a UNESCO, está associada a alguns fatores, tais como o de ter nascido numa família de leitores, ter passado num sistema escolar preocupado com o hábito de leitura, a acessibilidade ao livro e o valor que a população lhe atribui?
Nesses últimos anos, a escola pública brasileira tem buscado melhorias nas suas condições. A implantação da informática e a compra de livros pelo governo vêm aumentando e tomando espaço na escola e, como ela é uma instituição sistemática, o professores assumem uma função extremamente importante e decisiva: a promoção.
Para isso, há de se considerar o interesse e o estágio de capacidade de leitura do leitor. O respeito aos direitos de quem lê como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar ou até mesmo o de não ler, também torna o ato de ler valorizado. Cria um vínculo indissociável, em que a leitura passa a atrair o leitor e na qual, por sua vez, este não deseja desprender-se.
PROBLEMA
A escola é um espaço privilegiado para facilitar o acesso de livros aos alunos, porém a criação de estratégias para incentivá-los a tomarem o gosto pela leitura faz parte do ofício docente.
Sabemos que a variedade dinâmica de portadores de texto disponibilizados pela Internet e contemplados pela Tecnologia Digital contribui para ampliação do interesse de qualquer público. No entanto, filtrar todo o universo virtual é uma missão que só se faz valer se o leitor souber definir critérios para a seleção do que vai ler. E a vivência em inúmeras situações de leitura permite definir qual gênero ler, se conhecer as características individuais de cada um.
Assim sendo, as questões que se apresentam para a realização desse trabalho são:
A realização de parcerias com a Tecnologia Digital, que hoje está se tornando mais disponível à população e clientela escolar, que têm acesso a ela seja em casa, na escola, na lan house etc. pode ser considerada como elemento facilitador e estimulador da leitura pelos alunos?
É possível a escola criar situações que permitam aos alunos desenvolverem habilidades para utilização de critérios para seleção de gêneros textuais, a partir das diversas experiências de leitura?
A oportunidade de ler está vinculada à disponibilidade e à variedade de livros e, com o advento da Internet, ampliou-se o universo da matéria escrita. Assim sendo, podemos crer que a tecnologia afeta a educação profundamente e não pode ser ignorada, pois ela está presente no cotidiano de grande parte das pessoas. Portanto, o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no contexto escolar, constitui elemento estimulador para as práticas leitoras. Além disso, devemos acreditar que é papel da escola contribuir para a formação dos alunos, no que se refere à construção de critérios para seleção da matéria a ser lida.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Utilizar a Tecnologia como um elemento facilitador e estimulador do gosto pela leitura.
Objetivos específicos
Observar em que medida o incentivo à leitura pode desenvolver no aluno:
O gosto de ouvir histórias e de sentir prazer nas situações que envolvem a leitura delas.
A manifestação de sentimentos, experiências, ideias e opiniões, definindo critérios para a seleção de um livro.
A percepção das singularidades de cada livro: autor, ilustrador, gênero literário entre outros.
Analisar as diferentes situações de leitura orientadas e/ou livres no ambiente virtual, comparando as apropriações dos alunos nas vivências de leitura de livro impresso e livro digital.
Verificar os critérios utilizados pelos alunos na seleção dos gêneros literários, considerando suas preferências.
Produzir textos com características de um conto para confecção de um livro, para posteriormente ser disponibilizado no ambiente virtual.
Segundo Abramovich, a contação de histórias é o primeiro contato da criança com um texto e é também onde se inicia a possibilidade de sentir as emoções.
Ah, como é importante para a formação de qualquer leitor ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo. (ABRAMOVICH, 1993, P.16)
Infelizmente, no Brasil a leitura não é valorizada à altura. Temos uma sociedade com o discurso de que educação é a base para o desenvolvimento, porém com ações que apresentam resultados excludentes.
Sant`Anna relata um episódio sobre a leitura, no qual a prática não condiz com o discurso.
Dos seis ministros da Cultura com que convivi, um disse claramente numa reunião dentro do Ministério, para que todos ouvissem, que leitura não era um assunto prioritário no meu ministério, esse é um assunto para o Ministério da Educação. (SANT’ANA, 1999, p 15)
Percebe-se que a leitura ainda é um equívoco até para nossos governantes. Ou ela está vinculada com o poder, que é um aspecto muito ganancioso para o homem, ou está associada à ignorância, pedagogicamente conhecida como analfabetismo funcional (denominação dada à pessoa que mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, frases e sentenças não desenvolve a habilidade de interpretação de textos).
Se para os representantes do povo a leitura pode ser uma “faca de dois gumes”, para os professores ela é o “alicerce” no trabalho pedagógico. OS Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa afirmam que a leitura é a porta de entrada para o acesso a outras formas de conhecimento “Uma prática intensa de leitura na escola é, sobretudo, necessária, porque ler ensina a ler e a escrever.” (p. 65)
Escrever o nome e ter o domínio dos códigos alfabéticos, utilizando-os para a formulação de textos, não significa que a pessoa seja alfabetizada.
Emília Ferreiro, numa entrevista, afirma que para o cidadão exercer seus direitos é preciso estar capacitado para fazer uma leitura crítica das mensagens escritas – uma leitura compreensiva que permita comparações, extraia consequências etc. Vai além quando é questionada sobre a chegada dos computadores:
A presença da escrita na tela do computador é hoje um fato universal. A tecnologia da informação e da comunicação está trazendo mudanças importantes não apenas no mercado de trabalho, mas também nas práticas de leitura e escrita. (FERREIRO, 2008)
Também caracteriza o texto no computador, associando-o à Antiguidade:
Navegar na internet exige um comportamento do leitor bastante diferente do comportamento que ele tem diante do livro. Para começar o texto circula na tela no sentido vertical. Lembra a manipulação de um rolo, como se fazia na Antiguidade Clássica, antes da invenção do livro, o qual manuseamos virando páginas. A organização da página do livro é muito diferente da que temos na tela de um computador, que está cheia de distratores. ( FERREIRO, 2008)
Enfatiza que a escola não valoriza as habilidades de seleção - eleger o que serve e o que não serve - e que é responsabilidade da escola pôr as crianças em contato com o que haja de melhor em seu tempo.
Numa palestra em São Paulo, no dia 29 de março, no auditório do Museu de Arte de São Paulo (masp), promovida pelo Centro de Estudos da Escola da Vila, Emília Ferreiro fala sobre a cultura letrada:
Graças às Novas Tecnologias, talvez seja mais fácil introduzir a criança à cultura letrada. As Novas Tecnologias são muito poderosas e não tem sentido perguntar se são boas ou más, se servem ou não. A cada dia há mais escolas conectadas em rede, tudo indica que o acesso à Internet vai se proliferar como aconteceu com o celular.`(FERREIRO, 2008)
A dinâmica oferecida pela tecnologia atrai o público, principalmente o discente que tem a necessidade de ser primeiramente atraído pelo texto, através de ilustrações e ou sonoridade.
Outro aspecto a ser considerado é que as facilidades que a tecnologia oferece oportuniza ao professor “n” possibilidades para o preparo de suas aulas. É importante frisar que estamos na era digital e estar online não significa estar inserido na cibercultura. A triagem de informações é a base para escolha e só se podem escolher quando são oferecidas opções.
Silva diz sobre a necessidade de a escola utilizar a tecnologia como parceira:
Se a escola não inclui a internet na educação das novas gerações, ela está na contramão da história, alheia ao espírito do tempo e, criminosamente, produzindo a exclusão social ou a exclusão da cibercultura. (SILVA, 2005)
Moran também afirma que nem tudo que se encontra no mundo virtual pode ser bom, mas que a manipulação é o que dá condições de o leitor aprender se é ou não.
O estar no virtual não é garantia de qualidade (esse é um problema que dificulta a escolha), mas amplia imensamente as condições de aprender, de acesso, de intercâmbio, de atualização. Tanta informação dá trabalho e nos deixa ansiosos e confusos. Mas é muito melhor do que acontecia antes da Internet, quando só uns poucos privilegiados podiam viajar para o exterior e pesquisar nas grandes bibliotecas especializadas das melhores universidades. Hoje podemos fazer praticamente o mesmo sem sair de casa. (MORAN, 2008)
METODOLOGIA
A observação de campo e a pesquisa bibliográfica serão as ferramentas de trabalho para o desenvolvimento desse projeto, no qual serão contempladas as seguintes ações:
1 – Oportunizar situações de leitura:
Contação de histórias (Professora X Alunos e Alunos X Alunos - 1ª série e 4ª série)
Acesso a livros de diferentes gêneros literários (Rodízio)
Seleção e divulgação via mural do melhor livro do rodízio de livros
Leitura orientada no ambiente virtual
Leitura livre no ambiente virtual.
2 – Promover debate: “As diferenças entre o livro impresso e o livro digital”.
3 – Averiguar as preferências dos gêneros textuais.
4 – Confecção de um livro e disponibilização deste no ambiente virtual.
RESULTADOS ESPERADOS
Que a pesquisa possa demonstrar o quanto a tecnologia pode contribuir na construção do gosto pela leitura, e a importância desse recurso como mecanismo de divulgação virtual das produções dos alunos.
Espera-se, ainda, formar nos estudantes comportamentos de utilização de critérios de seleção da matéria a ser lida nos ambientes virtuais.
CRONOGRAMA
ORÇAMENTO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 3.ed. São Paulo: Scipione, 1993, 174 p. . (Pensamento e ação no magistério, 7).
BAMBERGER, Richard, Como incentivar o hábito de leitura, São Paulo: Ática, 1987.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. Brasília, MEC/SEF,1997 .
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distancia. Integração das tecnologias na Educação. Brasília, 2005
PRADO, Jason (Org); CONDINI, Paulo (Org). A formação do Leitor: pontos de vista, Rio de Janeiro: Argus, 1999.
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
FERREIRO, Emilia. Valoriza as novas Tecnologias. Disponível em http://www.planetaeducacao.com.br/ambientevirtual/conteudo/conteudomensagem.asp?ID_POSTAGEM=119&siteArea=64&assuntoid=41. Acesso em 9 jul 2008.
FERREIRO, Emilia. Computador Muda Práticas de Leitura e Escrita. Disponível emhttp://www.planetaeducacao.com.br/ambientevirtual/conteudo/conteudomensagem.asp?ID_POSTAGEM=116&siteArea=64&assuntoid=41. Acesso em 9 jul 2008.
GOUVÊA, Silvia F. Os Caminhos do Professor na Era da Tecnologia. Disponível emhttp://www.planetaeducacao.com.br/ambientevirtual/conteudo/conteudomensagem.asp?ID_POSTAGEM=125&siteArea=64&assuntoid=41. Acesso em 9 jul 2008)
MORAN, José M. A integração das tecnologias na educação. Disponível em http://www.planetaeducacao.com.br/ambientevirtual/conteudo/conteudomensagem.asp?ID_POSTAGEM=112&siteArea=64&assuntoid=41. Acesso em 9 jul 2008.
VEJA, NA ÍNTEGRA, O ARTIGO DE LUCIANA APOLÔNIO RODRIGUES CARNEIRO