Planeta Educação

De Olho na História

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Castelos
Riqueza, Autoridade e Luxo

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O Castelo de Dromoland, na Grã-Bretanha, construído no século XVI mantém a
estrutura tradicional dos castelos medievais, apesar de ter sido construído na
Idade Moderna. Atualmente é utilizado como hotel e Spa.

Ao longo do período que se estende do século IX ao XVI foram construídos na Europa perto de 15 mil castelos. De diferentes formatos, tamanhos, materiais ou importância; representativos de reis, rainhas, principes ou nobres das mais variadas estirpes e níveis (condes, duques, barões,...); em países da Europa Ocidental, Central e Oriental. Dizia-se que os castelos representavam a própria Idade Média e seu desenvolvimento.

Começaram a ser feitos com madeira e, posteriormente, devido à fragilidade desse material, passível de destruição por catapultas ou incêndios, o que facilitava o ataque inimigo e permitia uma rápida rendição dos ocupantes, passaram a ser feitos de pedras. É possível inclusive traçar uma comparação entre os castelos e os acontecimentos da Idade Média. Assim como os castelos, o período apresentou uma evolução técnica e material a partir da transição dos séculos IX e X para os posteriores que fez com que fossem retomadas rotas comerciais, reestruturadas as vilas e cidades ou ainda, que surgissem os modernos estados europeus.

Freqüentemente situados em locais estratégicos, os castelos eram fortalezas que serviam como quartel-general para cavaleiros antes de seus ataques aos inimigos. Além disso, representavam para os moradores das vilas ou feudos um centro de decisões políticas, cobrança de impostos e justiça. Para seus senhores era uma forma de apresentar aos demais nobres, ao clero e aos visitantes de regiões distantes toda a sua riqueza e influência. Além de tudo, eram as moradias dos nobres, locais onde essas poderosas famílias se alimentavam, se divertiam, recebiam seus convidados, descansavam,...

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Os aposentos do castelo de Fontainebleau na França, destinados a imperatriz
Josefina realçam o luxo e a riqueza numa época em que os nobres já não mais
Comandavam o país, em pleno século XIX, durante o período Napoleônico.

A Construção dos Castelos

Os primeiros castelos, como já mencionamos, eram feitos de madeira. Esse material era mais fácil de se obter, implicava em custos mais baixos e era construído em um período de tempo mais curto. Entretanto, castelos de madeira eram vulneráveis demais.

Ataques com catapultas, flechas pegando fogo ou mesmo homens batendo na madeira com enormes toras faziam com que os castelos de madeira fossem facilmente destruídos ou que fendas em suas muralhas fossem abertas. As invasões e a destruição da construção fizeram com que esse modelo de castelo fosse abandonado e substituído por edificações feitas com rochas.

Os castelos feitos com pedras demoravam muito mais tempo para serem construídos, em média de 10 a 20 anos. Além disso, empregavam um contingente de trabalhadores grandioso, que variava entre 1000 e 3000 empregados. Entre esses “operários” da construção civil da época já prevaleciam as especialidades, por isso, era comum encontrar cavouqueiros, pedreiros, marceneiros, carpinteiros, ferreiros,...

Os materiais básicos eram normalmente retirados da região onde se empreendia a construção, porém, eventualmente alguns itens eram trazidos de regiões distantes a um custo muito elevado. Não existiam centros comerciais, apenas artesãos especializados; quando esses trabalhadores viviam muito distantes do local onde se construía um castelo, os compradores tinham que se deslocar por estradas ruins, esburacadas e corriam o risco de assaltos. Além disso, tinham que pagar pedágio para passar em terras que pertencessem a outros senhores feudais.

Os castelos geralmente eram construídos próximos a rios ou lagos, em regiões um pouco mais altas que o relevo do território ao redor. O objetivo era criar, nas torres, pontos de observação que permitissem antecipar o movimento de inimigos ou a aproximação de estranhos.

Os muros ao redor eram grossos para evitar que as pedras lançadas pelas catapultas pudessem perfurá-lo. Outra característica dos muros era a altura, sempre superior a 5 metros. Além das muralhas era comum que se colocassem paliçadas (cercas de madeira) e fossos. Os fossos podiam ser utilizados como criadouro de peixes para abastecer a mesa do senhor e de sua família.

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Uma das principais preocupações dos senhores era demonstrar sua riqueza,
Por isso os castelos eram grandes e imponentes, as recepções a convidados
Importantes (membros do clero ou nobres) eram fartas em alimentos e bebidas.

Os Castelos por dentro

Os castelos tinham no seu interior uma série de instalações, todas elas com caráter funcional, voltadas para atender as necessidades de quem vivia dentro das muralhas, mais especificamente os nobres proprietários. Entre as instalações podemos destacar:- estábulos, forjarias, poços, depósitos para mantimentos, alojamentos para os serviçais,...

As torres eram locais onde se estabeleciam as guardas, nos andares mais altos, próximos aos pontos de observação. Em outras torres ficavam os senhores feudais, sua esposa e demais familiares. Nos aposentos destinados aos proprietários e demais familiares havia um certo requinte, observável na qualidade dos móveis, em cortinas, tapeçarias, baús, dosséis e outros ornamentos. Na sala de guarda a marca maior era a objetividade, por isso, predominavam mesas e cadeiras simples, poucos objetos de decoração e o símbolo (brasão) da família proprietária daquele castelo apresentado numa bandeira (que podia ser uma tapeçaria ou um artefato de madeira).

Ao redor dos muros existia uma passarela que permitia aos soldados que caminhassem ao longo de toda a extensão construída para que se pudesse olhar tanto para dentro quanto para fora do castelo. Algumas dessas construções eram tão amplas no espaço interno que abrigavam a vila ou aldeia de camponeses atrás de suas grossas paredes. Mesmo quando isso não acontecia, era para lá que os servos tinham que correr para se refugiar em caso de ataque e auxiliar no processo de defesa.

Além dos cômodos mencionados, existia uma cozinha ampla, equipada com muitos acessórios como panelas, facas, caldeirões, fornos, grelhas e depósitos para alimentos. Salas de recepção para viajantes e destinadas à organização de grandes banquetes também eram comuns. Receber bem era uma das responsabilidades do bom e abastado senhor feudal. Existiam sempre quartos disponíveis para visitantes, destacando-se que essas regalias eram destinadas apenas a pessoas notáveis dentro da sociedade da época, como membros do clero ou da própria nobreza.

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As torres do castelo de St. Louis que simbolizaram
Durante muito tempo a idéia de segurança e inviolabilidade
Perderam o valor a partir do surgimento da pólvora e dos canhões.

O Fim da Era dos Castelos

Com o advento da pólvora e o aparecimento dos canhões, a destruição dos muros tornou-se possível. É lógico que poderiam se construir muralhas cada vez mais grossas, mas isso era inviável do ponto de vista econômico, além do mais, não representava garantia alguma de que a construção não viesse a ser destruída.

Outro inconveniente era o alto preço das construções. A mão de obra dos servos era fundamental para que a construção viesse a ser erguida, entre eles haviam especialistas, que orientavam e organizavam o trabalho em suas várias etapas. A partir do século XII e XIII, com o ressurgimento do comércio e das cidades, os servos passaram a comercializar seus produtos e pagar as taxas feudais em dinheiro; outros camponeses abandonaram o trabalho e a vida nos feudos e mudaram-se para as cidades e vilas.

O preço do trabalho passou a ficar cada vez mais alto. Sustentar obras que chegavam a durar 10 ou 20 anos e tinham mais de mil trabalhadores se tornou impossível mesmo para os mais abastados senhores..

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