Assaltaram a Gramática
Dar voz a sentimentos
Interpretações Musicais
A música é uma forma cativante de dar voz a sentimentos enfurnados dentro de nós e, este “nós”, pode ser entendido, até mesmo, como a sociedade em geral.
Nossa voz só evidencia aquilo que está dentro de nós e, através dos gêneros musicais, conhecemos os pensamentos, as convicções políticas, a irritabilidade social e tantas outras possibilidades que estão guardadas dentro de alguém.
Não é adequada ao professor, na sala de aula, adotar uma atitude de preconceito ao gênero musical de seus alunos. Antes, deve tentar compreender o porquê de tais escolhas e direcionar seus esforços para apresentar novos horizontes ao alunado tão vazio, muitas vezes, de conhecimentos de várias ordens, não sobrando, assim, nenhuma alternativa para uma escolha pensada mais logicamente.
Atualmente há tantas músicas vazias de conteúdos... São artistas que só deixam evidenciar o que são e o que a sociedade, ou parte significante dela, quer ou aprecia.
Temos de ter em mente que as manifestações artísticas na mídia, por exemplo, só existem ou têm cabimentos porque há pessoas “comprando” o que estão produzindo. Portanto, ainda que para nós o gênero A ou o B sejam inadequados ou ilógicos, há sim motivos que lhes dão sentidos e, cabe a nós, entendê-los para dar os contornos que julgarmos mais adequados a uma vida cidadã plena.
Estes “contornos” não devem ser entendidos como uma atitude preconceituosa, em que se alega que todas as músicas que não nos agradam são fúteis, mas sim, saber reconhecer traços da personalidade de nossos jovens e, identificando algum desvio, trabalhar de forma a amenizá-los, visando uma formação eficaz para nossos alunos.
Alunos, por exemplo, moradores de comunidades mais desprovidas de recursos fundamentais para a efetivação de uma vida cidadã desenvolvem, na maioria das vezes, preferências para músicas que retratam a sua realidade.
Se tais preferências musicais são incentivos a uma futura vida de marginalidade, de promiscuidade, ou de uma vida em que o jovem não quer saber de lutar para mudar a realidade que se apresenta, o professor poderá, com um trabalho bem-planejado, dar então, os devidos contornos, sabendo que o seu trabalho contribuirá para um futuro de menos violência na vida destes jovens e daqueles que o cercam.