Planeta Educação

Cinema na Educação

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Os Elementos dos Filmes – 2ª Parte
Para aprender a ler a Sétima Arte nas Entrelinhas

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Para efetivar o Cinema na Escola não basta conhecer apenas o enredo e associá-lo aos temas trabalhados pelas disciplinas. A ferramenta é bastante rica quanto as suas possibilidades. A Sétima Arte é multimidiática e, por conta desta característica, demanda atenção dos educadores quanto à totalidade de seus recursos, ou seja, pede olhares atentos não apenas ao conteúdo da trama e os paralelos que podem ser trabalhados a partir destes relativamente aos conteúdos educacionais.

Neste sentido, para a execução de projetos e ações com Cinema na Escola é preciso que os educadores estejam atentos a todos os elementos que existem nos filmes e que, de uma forma direta ou indireta, transmitem ideias, gerem sensações, trabalhem conceitos, promovem envolvimento e que, deste modo, contribuem com a efetivação do processo de ensino-aprendizagem.

Pensando nisto, trazemos neste artigo - que reforça a ideia trabalhada em texto anterior, de mesmo título - alguns elementos que compõem as produções cinematográficas e que certamente contribuem para a introdução a saberes ali contidos. Neste texto trazemos os conceitos relativos à Edição, Efeitos Especiais, Efeitos Sonoros e Trilha Sonora. Confiram a seguir:

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Edição: Dando a forma ideal ao filme

O trabalho de edição dos filmes é um dos mais importantes e relevantes aspectos da produção cinematográfica. De certa forma, podemos dizer que este trabalho define não apenas o formato que será visto pelo grande público, mas também as chances reais de sucesso de um filme perante seus espectadores. Os profissionais responsáveis por este trabalho normalmente trabalham em sintonia com o diretor e com os produtores para que se defina uma linha de ação e raciocínio quanto à formatação final da película.

Os filmes são produzidos a partir de tomadas, ou seja, de cenas gravadas. O processo de filmagem não é, na maioria dos casos, linear – ou seja, não segue a ordem temporal que vemos quando o filme já está pronto. Como as tomadas são feitas fora da ordem prevista no roteiro, ao editor cabe reuni-las de forma a dar a lógica prevista pelo roteirista e pelo diretor ao trabalho cinematográfico em processamento.

Algumas cenas são realizadas várias vezes, de diferentes ângulos, priorizando aspectos diversos que aparecem nas tomadas e, depois, cabe ao editor a arte de reuni-las de modo a dar ao espectador a melhor leitura possível daquela sequência.

O processo de edição inclui processos chamados de corte e montagem, realizadas através de procedimentos analógicos ou digitais, seguindo, como já dissemos, ações não lineares ou lineares.

Ao editor compete, também, paralelamente à definição das tomadas e o sequenciamento do filme, a inserção de outros elementos que compõem as cenas, entre os quais, por exemplo, os efeitos especiais, as trilhas sonoras, os efeitos sonoros, as legendas...

Algumas produções trabalham com storyboards, ou seja, com recursos semelhantes a histórias em quadrinhos que orientam o trabalho dos diretores, câmeras e também dos editores, pois dão diretrizes de como tal trabalho pode ou deve ser realizado.

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Efeitos Especiais: A magia e o encantamento nas telas

Toda vez que assistimos filmes de ficção científica é criada a ilusão de futuro previsto por roteiristas que, em muitos casos, se baseiam em obras de grandes escritores, como Isaac Asimov ou Phillip K. Dick, por exemplo. Igualmente, quando é realizada ponte com o passado e há a necessidade de explorar, nos filmes, a história da humanidade, retratando civilizações e acontecimentos como a Roma Imperial ou a chegada dos europeus na América, torna-se indispensável aludir a tais períodos utilizando-se de expedientes técnicos.

Os efeitos especiais, ou FX, como são conhecidos na língua inglesa, são as técnicas utilizadas pelos realizadores de cinema e televisão para prover em sequências de seus filmes e outros tipos de produções as cenas que não são passíveis de obtenção por meios regulares ou por ação ao vivo. Isto acontece, por exemplo, quando em Gladiador criam-se imagens que reproduzem da forma mais fidedigna possível o Coliseu Romano e as demais construções que existiram no auge daquele Império.

Se levarmos em consideração que todas as referidas edificações estão hoje, quase 2 mil anos depois, em ruínas ou totalmente desaparecidas e, ainda pensando nos custos que impossibilitariam a realização dos filmes caso aquelas estruturas viessem a ser reconstruídas, mesmo que parcialmente ou com materiais que as simulassem, ainda assim perder-se-ia muito da fidelidade que pode ser obtida com os efeitos especiais.

Estes efeitos estão hoje divididos em duas categorias principais, a saber:

- Efeitos visuais ou óticos, que se estruturam a partir de imagens-bases – fotos, pinturas, projetos - que reproduzem aquilo que existia (como construções e cidades inteiras do passado, conforme exemplificado através do filme Gladiador e que também pode ser entendido se pensarmos na produção Titanic) ou ainda que foi projetado como elemento futuro e que ainda não foi concretizado materialmente (como as naves espaciais dos filmes da série Star Wars ou de Jornada nas Estrelas). Este trabalho nos dias de hoje é realizado principalmente com o auxílio da computação gráfica, existindo empresas especializadas nesta arte, como a fábrica de sonhos de George Lucas, cineasta responsável pela saga Star Wars, a Industrial Light and Magic (ILM).

- Efeitos Físicos ou Mecânicos, que são realizados simultaneamente as filmagens com a inclusão de cenários, pirotecnia, maquiagem, equipamentos e recursos físicos. Neste caso, por exemplo, poderíamos mencionar os robôs R2D2 e C3PO como exemplos ou ainda todas as maravilhas mecânicas que são vistas nos filmes de James Bond, o agente 007.

É também necessário discernir que os efeitos especiais (FX) podem ser categorizados da seguinte forma: Efeitos Visuais, Efeitos Físicos e Efeitos Sonoros (realizados com o auxílio da mixagem de som).

Dois filmes que auxiliam muito a compreensão deste trabalho com efeitos especiais na produção cinematográfica e que, certamente, merecem ser vistos são: FX – Assassinato Sem Morte (estrelado por Brian Brown que nesta produção é um reconhecido especialista em efeitos especiais, principalmente visuais) e Um Tiro na Noite (dirigido pelo mestre do suspense Brian de Palma e protagonizado pelo astro John Travolta, em que o personagem principal é um técnico especializado em efeitos sonoros).

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Efeitos Sonoros: Colocando o espectador no clima do filme

Apesar de constituírem elemento qualificado como parte dos chamados efeitos especiais, os efeitos de áudio merecem capítulo à parte entre os elementos dos filmes pelo impacto que causam nos espectadores. Portas rangendo, trovões ao fundo, o som do vento, animais rastejando, explosões ou tiros nas proximidades, veículos se aproximando ou distanciando, passos que demonstram a presença de indivíduos que ainda não estamos vendo... são muitas as utilidades e funcionalidades dos efeitos sonoros!

Este recurso é utilizado tanto nas produções cinematográficas quanto em televisão, rádio, videogames, músicas, internet e outros meios de comunicação.

Seu efeito é o de apresentação de ideias ao longo de cenas ou sequências sem que se faça uso de diálogos ou mesmo de músicas. Podemos pensar, por exemplo, no caso de filmes de suspense em que, os passos ouvidos numa casa, o abrir de portas, o ranger dos pisos de madeira ou mesmo das dobradiças, a batida intensa do coração das pessoas que, angustiadas, escutam estes movimentos e estão assustadas...

Tudo isto cria, para os espectadores, expectativa e ansiedade da mesma forma que os diálogos, a música, os efeitos visuais, daí a sua importância dentro dos filmes. É preciso perceber que, em produções para o cinema ou televisão, os efeitos sonoros são tratados de forma distinta, ou seja, separada, da música e dos diálogos, compondo com eles um conjunto que, harmoniosamente elaborado, dá a produção, o destaque que ela deve ter. Diálogo e músicas não são reconhecidos como efeitos sonoros pelos técnicos e especialistas que trabalham na produção dos filmes e programas de televisão.

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Trilha Sonora: As melodias que embalam sonhos

A música do filme é parte essencial da trama tanto quanto todos os outros elementos e, da mesma forma, também é ali colocada com o intuito de provocar emoções e reações no grande público. Quando nos referimos à música do filme é preciso utilizar o termo Trilha Sonora, pois, normalmente, há mais de uma música inserida nas produções fílmicas, cada uma delas adequada a sequências e trechos, cenas e personagens, épocas ou ainda espaços geográficos e físicos.

As músicas podem ser tanto instrumentais quanto composições cantadas por cantores contratados apenas para aquela produção ou ainda a partir de grandes sucessos veiculados comercialmente. É muito comum que, como estratégia de marketing e divulgação dos filmes, a eles sejam incorporados grandes hits musicais associados a astros do mundo pop musical. Isto acontece há bastante tempo e envolveu, por exemplo, ícones do porte de Frank Sinatra, Elvis Presley, os Beatles, Madonna e Michael Jackson.

As trilhas sonoras se adaptam e retratam, como ressaltado, o perfil de personagens, períodos, lugares, realidades culturais e, com isso, procura-se também passar para o público, sensações como romantismo, comicidade, veracidade, dramaticidade, suspense, terror...

Como foi dito, é comum que em alguns filmes, as trilhas sonoras sejam, essencialmente, instrumentais. Nestes casos, há desde a utilização de música clássica (Mozart, Bethoveen, Bach, Strauss, Vivaldi, Wagner...), passando por jazz, blues e composições contemporâneas de grandes astros da música pop que foram instrumentalizadas, ou seja, reproduzidas sem a participação de cantores(as), apenas com o uso de instrumentos musicais, preferencialmente orquestras ou bandas.

É de praxe que, como parte da divulgação e dos rendimentos auferidos com os filmes, sejam lançados em CD ou música digital as trilhas sonoras originais das produções cinematográficas. Entre os grandes nomes de realizadores na área musical cinematográfica podemos destacar Bernard Hermann, Henry Mancini, Ennio Morricone e Nino Rota que trabalharam com cineastas como Francis Ford Coppola, Alfred Hitchcock, Blake Edwards, Rolland Joffé, Federico Fellini, Luchino Visconti, Sergio Leone...

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