Planeta Educação

Aprender com as Diferenças

Luís Campos - Blind Joker Salvador - Bahia – Brasil

Homenagem a Louis Braille
Luís Campos (Blind Joker)

A leitura com os dedos
que Louis Braille criou
há quase duzentos anos,
nenhum outro superou.
Através desse sistema
seguindo o seu esquema,
muito cego se formou.

Louis Braille conquistou
pro cego a igualdade,
ele pode estudar
até fazer faculdade.
Hoje tem vida decente,
já não é tão dependente,
tem a sua liberdade.

Não vive de caridade,
hoje pode trabalhar,
só depende dele mesmo,
seu espaço conquistar.
Desmentindo os chavões
em muitas das profissões
vemos o cego brilhar.

O cego deve lutar
pra ter direitos iguais,
ele é um cidadão
tanto quanto os demais.
Cego não é alheado
e deve ser respeitado
por não ser um incapaz.

Na tevê e nos jornais
clama pela inclusão,
por acessibilidade,
também na educação.
E de forma aguerrida,
vai lutando pela vida
pra ter boa formação.

Até na televisão
vemos cego atuar,
no teatro, artes e letras
o cego é exemplar.
Seja qual for o mister,
sendo homem ou mulher,
nada mais tem que provar.

Ao Braille devo voltar
numa doce cantilena,
ao brincar, fura um olho
em idade bem-pequena.
Pelo pai é socorrido,
mas perde o olho ferido
e o outro por gangrena.

E com dez anos apenas,
foi estudar em Paris,
mas não poder escrever
o deixava infeliz.
Um sistema conheceu
e que logo aprendeu,
do Braille foi diretriz.

E então, de aprendiz
passa a ser professor,
ensinando seu sistema
com devoção e amor.
Se o cego pode ler,
aos amigos escrever,
Braille é seu benfeitor.

O seu manual lançou
no ano de vinte e nove,
toda França se encanta
nesse dia, lá não chove.
Na França ele nasceu,
viveu e também morreu
no século dezenove.

Grande festa se promove
em esfera mundial,
é pelo bicentenário
desse cego magistral.
Já estão no calendário
palestras e seminários
e até um festival.

Conforme li num jornal
numa pesquisa que fiz,
Braille nasce em Coupvray,
mas morreu foi em Paris.
Apesar de virtuose,
morre de tuberculose
enlutando seu país.

Mas voltando à raiz,
foi em quatro de janeiro,
mil oitocentos e nove
que nasceu esse guerreiro.
Quando deixa este plano
cinquenta e dois, o ano
era um seis de janeiro.

Ao filho do arrieiro
devemos ter gratidão
por alentar nossa vida
com a sua invenção.
O sucesso foi profundo
se espalhou pelo mundo
cumprindo sua missão.

Foi uma "roda na mão"
essa nova ferramenta,
o cego se desenvolve,
sua vida incrementa.
Agindo com confiança,
assumindo lideranças
seu futuro sedimenta.

Nossa vida fundamenta
esta minha homenagem
com bengala ou cão-guia,
a gente pede passagem.
O cego é perspicaz,
já provou que é capaz,
que tem garra e coragem.

Que os cegos se engajem
para mostrar seu valor,
já provamos competência
sem precisar de favor.
Destes nobres brasileiros,
tracei aqui o roteiro
nestes versos de louvor!

FIM.

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