A Semana - Opiniões
3/11/2003 - Consciência coletiva
Prioridade total é combater o desperdício
O desperdício de alimentos chega a 30%
em mercados e feiras. Também se perdem
muitas
verduras, legumes e frutas em virtude do péssimo
manuseio, acondicionamento e transporte.
Pare para pensar um pouco a respeito
dos seguintes dados, apresentados a seguir:
- Um vazamento que consome 300 litros de água por dia, no final de um mês representará 9.000 litros de água perdidos, ou nove caixas de mil litros cada uma. - Que 30% das hortaliças são perdidas entre a produção e a distribuição (industrialização, armazenagem e transporte)? - Que cerca de 50% do lixo doméstico corresponde a alimentos descartados, ricos em nutrientes, que poderiam (ainda) ser aproveitados... - Que se uma família desperdiça 350 gramas de alimentos por dia, em um mês acaba jogando fora mais de 10 quilos de comida... - Que uma casa brasileira desperdiça em média, 20% dos alimentos que compra semanalmente? - Que, segundo dados do IBGE, em todo o país apenas 60% dos esgotos urbanos são recolhidos. Destes, apenas 33% são tratados. Assim somente 20% dos esgotos produzidos no país são tratados... - Que... 60% das internações nos hospitais públicos estão relacionadas a doenças de veiculação hídrica, ou seja, que se propagam por meio de água não tratada ou poluída. Fonte das informações: Instituto Akatu (Pelo Consumo Consciente) http://www.akatu.net/default.asp |
Campanhas de conscientização são
fundamentais para evitar
que os problemas atinjam proporções
ainda maiores.
Poucas questões são tão fundamentais para os seres humanos quanto sua preservação, sua sobrevivência. A luta pelos recursos indispensáveis para se manter é tão antiga quanto à própria humanidade. Iniciou-se com a coleta de frutos, a caça de pequenos animais ou a pesca rudimentar a beira de rios e mares. Nos acostumamos a enfrentar intempéries de toda a espécie, do clima tantas vezes cruel e fatídico, passando pela força e voracidade de outros animais e grupos humanos e, mesmo, desembocando em nossa própria inclemência com o planeta, tantos e tantos são os solavancos que temos provocado no ar, na água e nos solos, especialmente depois da efetivação dos processos industriais, há aproximadamente 200 anos.
Nossa voracidade em busca da sobrevivência parece nos encaminhar para o destino contra o qual lutamos (arduamente) há tanto tempo, a destruição e o extermínio da humanidade.
Razões para nos preocuparmos? Temos muitas.
- A fonte parece estar secando, a água potável, recurso de oferta limitada, tem sido poluída e desperdiçada com enorme constância. Inconscientes de que um dia esse recurso pode acabar, gastamos muito mais do que necessitamos. Nossos banhos são muito mais longos do que precisamos. Escovamos os dentes com a torneira aberta. Lavamos carros e varandas todos os dias. Despejamos dejetos domésticos e industriais no leito de rios...
- Os índices de produtividade agrícolas têm, felizmente, crescido nos últimos anos, pelo menos no Brasil. Entretanto, ainda assim, temos milhões de pessoas que sofrem o flagelo da fome. Adultos, crianças e idosos que não tem a garantia de, nem ao menos, uma refeição por dia. Quanto menos à quantidade mínima de calorias a serem ingeridas por homens e mulheres diariamente...
Atitudes simples como não
lavar as varandas e quintais com mangueiras
(procurar varrer e,
caso precise de água, utilizar baldes,
rodos e panos) e escovar os dentes abrindo a
torneira apenas quando for necessário,
representam uma enorme economia de recursos,
são portanto, essenciais. (Acima temos
campanhas de conscientização da
Prefeitura de Jaboticabal e da Sabesp).
- O desperdício está em todas as partes. Em nossas casas, nos mercados municipais, nas feiras, nos supermercados, em restaurantes e lanchonetes. As pessoas jogam fora aproximadamente 20% dos alimentos que compram. Imaginem o que daria para fazer se ao invés de jogarmos fora, reduzíssemos o consumo para as quantidades adequadas (20% a menos, em média), o que isso poderia representar em termos de economia... Quantas pessoas a mais poderiam ser alimentadas?
- O manuseio e o transporte, assim como o próprio processo de seleção do produto também é pernicioso e culpado dentro da cadeia de desperdícios que se estabeleceu em nosso país. Os dados demonstram que se perde, em média, 30% de produtos como verduras, legumes e frutas nesses momentos. Daria para resolver o problema da fome no Brasil...
- E o que falar de vazamentos, gastos com descarga (poderíamos reduzir o consumo de água em até 60% se atualizássemos os dispositivos utilizados tradicionalmente no país), despejo de dejetos em rios, lixões que contaminam lençóis freáticos,...
- As conseqüências estão ao alcance do olhar e percepção de todos nós. Racionamentos emergenciais, falta de energia provocada pelo baixo nível dos reservatórios, doenças e epidemias que acreditávamos já ter erradicado,...
- O que precisamos fazer? O que podemos mudar? De que forma conseguiremos vencer as dificuldades pelas quais passamos?
O primeiro passo é compreender claramente que agimos e vivemos em coletividade. Portanto, nossas ações têm repercussão para todos os seres humanos e, também para as demais espécies que vivem no planeta.
Consciência coletiva . Sociol. 1. Conjunto de representações, de sentimentos ou de tendências não explicáveis pela psicologia do indivíduo, mas pelo fato do agrupamento dos indivíduos em sociedade. Consciência de si. ( Dicionário Aurélio) |
Isso significa que temos que agir de forma solidária. Pensar e realizar em favor dos outros deixou de ser somente filantropia, representa muito mais, equivale à sobrevivência do conjunto, de cidades inteiras, de países, do próprio planeta e, como conseqüência, de cada um de nós.
Se não nos organizarmos e agirmos em favor da ampliação da rede de esgotos e tratamento da água ou pelo fim dos lixões, não é improvável que soframos os efeitos de contaminações que causem diarréias, dores de cabeça, febres, dores no corpo ou situações ainda piores...
Quando agimos em conjunto, numa composição de forças entre as comunidades, as empresas e o governo, conseguimos reverter situações complicadas e, aparentemente, insolúveis. São inúmeros os exemplos de como a ação solidária, reflexo de consciência coletiva, produzem efeitos benéficos. Na maioria das vezes, superamos nossos pequenos mundos e agimos pelo grupo em situações limite, causadas por acidentes naturais (enchentes, secas, grandes nevascas,...), guerras, epidemias...
O que não podemos deixar de perceber é que o desperdício de recursos essenciais como água e alimentos é um acidente tão ou mais nefasto que qualquer enchente ou seca. Ainda mais se pensarmos que podemos evitá-lo com ações simples como tomar banhos mais curtos ou comprar e consumir apenas a quantidade de alimentos suficiente para saciar nossa fome (além do que, se comemos demais, estamos fadados a outros tipos de doenças e moléstias como obesidade, problemas cardíacos,...).
Alguns especialistas dizem que se continuarmos a desperdiçar água, no futuro não teremos guerras por petróleo ou outros minérios essenciais para o esforço produtivo. Teremos conflitos motivados pela água. Os países entrarão em caos total pela falta desse elemento essencial...
A falta de saneamento causada pelos lixões, pela falta de esgotos ou pelo não tratamento da água é a maior motivadora de doenças em nosso país. Lota hospitais, aumenta os gastos com remédios, leva a mortes, causa epidemias...
Está mais do que na hora de revermos nossos conceitos...
Obs.: Para maiores informações e aprofundamento nesse assunto, assim como para poder auxiliar no combate ao desperdício, recomendo que os internautas visitem a página do Instituto Akatu (www.akatu.net). Há muitas informações e artigos a respeito do assunto, além de orientações e dicas valiosas relativas a como diminuir seu próprio desperdício.