Educação e Tecnologia
Os Desafios da escola decorrentes da Revolução Tecnológica
Michele Aparecida Andrade dos Santos
O processo de aprendizagem gira em torno das condições da escola pública, da postura do professor diante dos desafios da escola decorrente da Revolução Tecnológica e das mudanças na sociedade ocidental.
Segundo Alonso:
“A base estrutural da escola atual é o modelo burocrático de concepção funcionalista, faiolista, com ênfase na produção, entendida como acumulação de “conhecimentos” (entenda-se informações/ reproduções) [...]. Administrativo e pedagógico estão separados, independentes, constituindo níveis de ação e de autoridades diferentes.” (2003, p.25).
Alonso (2003, p.26) afirma que a escola atual ainda mantém características de um modelo tradicional de educação que corresponde às necessidades e expectativas da sociedade em outras épocas da história, nas quais aprender era adquirir conhecimentos de fora, sendo que a função da escola se limita em ser apenas o modelo reprodutor de sociedade existente.
Desde o começo do século, a sociedade ocidental passa por mudanças significativas que influenciam na maneira de pensarmos e atuarmos. Logo, altera procedimentos tradicionais do Fordismo, capazes de transformar a partir do desenvolvimento tecnológico, a fim de provocar alterações no modo de viver, na interação social, enfim, em todos os aspectos da vida humana. (ALONSO, 2003, p.27).
Litwin, destaca que “A tecnologia posta à disposição dos estudantes tem por objetivo desenvolver as possibilidades individuais, tanto cognitivas como estéticas, através das múltiplas utilizações que o docente pode realizar nos espaços de interação grupal” (1997, p.10).
Com a tecnologia à disposição dos estudantes, há maior exigência em relação à prática pedagógica.
Litwin, afirma que:
“O tratamento e a transmissão da informação foi evoluindo ao longo da história da humanidade. Desde o tratamento manual, com o uso de marcas gravadas em madeira, tabulinhas e a escrita alfabética, o tratamento mecânico, com o surgimento da imprensa no ano de 1439, no Ocidente, até o tratamento automático na atualidade com o surgimento dos computadores (1997, p.79).
Inicia-se um discurso no qual se considera imprescindível a inovação tecnológica ou a modernização da escola. Esta perspectiva considera que a incorporação das novas tecnologias à educação é por si mesma determinante da melhoria do ensino.” (1997, p.80).
A incorporação das novas tecnologias da informação e da comunicação no campo educacional tem consequências tanto para a prática docente como para os processos de aprendizagem. (LITWIN, 1997, p.78).
Litwin afirma ainda que:
“As novas tecnologias e o aumento exponencial do conhecimento levaram a uma nova organização de trabalho, onde se faz necessário:
- a imprescindível especialização dos saberes, dando lugar à figura do especialista;
- a colaboração transdisciplinar e interdisciplinar;
- o fácil acesso à informação (arquivos, banco de dados, etc.);
- considerar o conhecimento como um valor precioso, quantificável em termos de obtenção, de custo, de utilidade, de produtividade e de transação na vida econômica, etc.” (1997, p.83).
De acordo com Litwin (1997, p.83), neste contexto os projetos educativos gravitam em torno de uma dupla problemática:
a) responder às demandas do sistema produtivo em função dos avanços científicos e tecnológicos atuais;
b) elaborar um currículo (no sentido amplo do termo) que garanta uma formação básica de qualidade para todos os cidadãos.
Podemos analisar que há maior exigência de qualidade dos professores e da qualidade de ensino, na qual ocorre a aprendizagem recíproca e, contudo, preparo para enfrentar com responsabilidade e competência uma nova realidade vivida por todos nós.
Certamente numa sociedade na qual a mudança é constante, é necessário que atuem profissionais pró-ativos, que se dediquem, buscam objetivos, que sejam persistentes e capazes de se reciclar sempre, que possam corresponder de acordo com a necessidade de uma sociedade que exige muito do profissional, não apenas pelo fato de se exigir muitos conhecimentos técnicos e teóricos, mas principalmente por exigir que esta teórica se adapte com a realidade vivida no cotidiano do trabalho, esta que deve estar acompanhada da práxis.
A escola deve ser um espaço de aprendizagem favorável à formação do cidadão, cultivando os valores, o desenvolvimento das capacidades intelectuais e de sentimentos e atitudes que contribuam para formação do tipo de homem e de sociedade que se pretende construir, não se limitando a simples transmissão e perpetuação dos elementos selecionados (ALONSO; QUELUZ, 1999, p.89).
Alonso (2003, p.29) afirma que “A forma como a escola está organizada, o modelo estrutural em que está assentada, as pressões dos órgãos superiores para o cumprimento de rotinas burocráticas, tudo isso corrobora a permanência das concepções tradicionais dominantes, em detrimento de outras mais coerentes com modernas propostas de trabalho em equipe e com o desenvolvimento de uma proposta coletiva para a escola”.
As escolas estão organizadas de uma maneira que possibilita a permanência das concepções tradicionais, portanto, nós, profissionais da educação, precisamos nos conscientizar para que as instituições escolares e a todos que a elas pertencem assumam uma nova posição frente ao processo educativo e, assim, precisamos também inovar e adaptar as nossas escolas de acordo com a realidade da nossa sociedade moderna. Portanto, é indispensável uma transformação que busque uma nova ótica, mais criativa, menos acomodada, mais participativa, mais ética, mais democrática, tecnologicamente mais exigente, com professores e gestores capazes de promover e conduzir adequadamente as mudanças necessárias. (ALONSO, 2003, p. 30).