A Semana - Opiniões
29/9/2003 - Viciados na Telinha
Pesquisas comprovam que assistir muita televisão faz mal a saúde
- Na semana passada o suplemento Folha Equilíbrio, do dia 25, (http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u2827.shtml) trouxe à tona a discussão acerca dos males provocados pela quantidade excessiva de horas dispendidas pelos brasileiros em frente da televisão.
- Como autênticos seguidores do guru "Tio Sam", os brasileiros gastam em média, entre 4 e 5 horas diante da televisão (dependendo da faixa etária e do sexo do telespectador; as crianças assistem muito mais televisão que os adultos; as mulheres superam os homens).
- A TV também funciona como uma autêntica babá eletrônica, substituindo brincadeiras (o futebol, as bonecas, o esconde-esconde, a amarelinha,...), leituras, conversas, jogos tradicionais (jogos de tabuleiro, palavras cruzadas, pinturas, colagens,...) e a necessária interação entre as crianças.
- Além de preencher o tempo das crianças, a telinha tem sido utilizada para suprir o vazio deixado na vida dos idosos pelo abandono dos familiares. Se a pessoa dispõe de uma TV, ela "teoricamente" não está sozinha. Pode assistir aos programas de auditório, as novelas, os noticiários e filmes ou ainda os jogos de futebol. Garantia de diversão!
- Não bastasse tudo isso, a televisão "instrui", "educa" e cria padrões. O padrão global de qualidade, por exemplo, tem estabelecido para os jovens uma série de informações quanto a relacionamentos pessoais, modo de se vestir, tecnologias a incorporar ao cotidiano,...
- É claro que tudo o que foi dito anteriormente reflete aquilo que de fato, acontece em nosso país. Todos os dias. Em muitas casas, inclusive das pessoas que terão a oportunidade de ler esse artigo. Mesmo no domicílio daquele que escreve essas linhas. É lógico que aquilo que escrevi apresenta de forma irônica a televisão, criticando-a quanto à forma como "instrui" ou "educa"; analisando como malefício para crianças e idosos o excesso de exposição a programação da televisão.
- E o que podemos fazer para reverter esse quadro? De que forma temos que agir para evitar que nossas crianças se tornem reféns da televisão? Como estimular as famílias a valorizar mais os idosos e retirá-los da frente da TV? Que problemas são causados pelos excessos na relação entre as pessoas e a televisão?
- Segundo os estudos mais recentes, abordados na reportagem do suplemento Folha Equilíbrio do último dia 25/09 (disponível no link http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u2827.shtml), o ideal no que se refere ao montante de horas dispendidas em frente a um televisor é de uma hora diária.
- Como gastamos em média 4 horas, e admitindo que teríamos que reduzir esse total em 3 horas, ou o equivalente a 75%, teríamos que avaliar com seriedade aquilo que temos visto e iniciar um processo de cortes na programação. Supondo que desse total de 4 horas, gastemos 1 hora com novelas, minisséries ou seriados americanos; 1 hora com noticiários; 1 hora e meia com filmes; e meia hora com programas de auditório ou equivalentes. O que você cortaria? O que preservaria?
- Talvez você ache que um corte de 75% seja exagerado e resolva diminuir seu "sacrifício", adotando uma medida menos radical, cortando apenas 50% e tendo a sua disposição, 2 horas para ver televisão por dia. Ficaria com a novela? Preservaria os noticiários? Não abriria mão dos programas de auditório? Assistiria filmes? Ou procuraria programas alternativos?
- E as duas horas disponíveis, obtidas com a diminuição de horas em frente a televisão. O que você faria com elas? Vamos fazer uma lista de alternativas para essas duas horas ganhas em cada um dos dias de sua vida? Você poderia:
a)Fazer ginástica (caminhar, correr, nadar, fazer musculação,...) e entrar em forma.
b) Ter tempo disponível para ler jornais, revistas, livros (empoeirados em sua prateleira, com histórias fantásticas e um tremendo potencial de conhecimento sendo desperdiçados).
c) Poder dar atenção aos filhos. Conversar sobre a escola, as brincadeiras, os amigos, o animal de estimação, a comida preferida, programas passeios, montar um quebra-cabeças,...
d) Conversar com a esposa (ou com o marido). Ser mais companheiro(a), dividir mais suas experiências, suas realizações, suas frustrações,...
e) Reunir os amigos e/ou a família. Fazer um churrasco, jogar futebol, bater um papo, colocar as novidades em dia.
f) Estudar. Fazer aquele curso de inglês ou espanhol. Atualizar seus conhecimentos em informática. Começar aquela pós-graduação tão almejada,...
g) "Fazer arte". Dedicar seu tempo livre a pintura, a cerâmica, a escultura, a marcenaria, a gastronomia,...
h) Ouvir música. Rever os clássicos (do Jazz, do Rock, da MPB, da Bossa Nova, da música orquestrada,...).
i) Ir ao Teatro. Rir com uma boa comédia. Se emocionar com um drama tocante.
j) Visitar exposições. Ver mostras de artistas consagrados ou de novos expoentes da arte.
- Daria, com certeza, para fazer uma lista ainda maior de possibilidades de utilização das duas horas ganhas ao se assistir menos televisão. Convido o internauta a refletir e sugerir novas possibilidades.
- O que ganharíamos? De acordo com os especialistas a TV causa males como depressão, obesidade, problemas de postura, insônia e dificuldades de relacionamento com outras pessoas. Ao assistir menos televisão e disponibilizar o tempo para atividades como as que foram sugeridas, você passará menos tempo sentado em posição "excessivamente" confortável, arruinando sua coluna, engordando, perdendo preciosas horas de seu sono, se deprimindo e deixando de interagir com amigos e parentes.
- Além disso, os estudiosos dos problemas causados pelo excesso de horas diante da televisão dizem que há danos nas funções cerebrais (causa dificuldade de concentração e afeta a leitura), perda de criatividade e perda do interesse sexual pelo seu parceiro(a). O que mais é preciso dizer?
- Para as crianças o contato excessivo com a "babá eletrônica" provoca problemas de aprendizagem (os modelos imputados pela televisão podem estimular agressividade, precocidade sexual, erros de linguagem,...), estimula o consumismo, promove a passividade e pode, até mesmo, causar ataques epiléticos.
- Que tal deixar a televisão ligada por menos horas e fazer uma experiência? Tente assistir no máximo a duas horas de programação e se permita, no tempo disponível, desenvolver outras atividades. Isso pode significar uma verdadeira revolução em sua vida...
Obs.: Há, felizmente, vida inteligente na televisão. Bons programas são veiculados (apesar de cada vez mais raros), na televisão aberta. Um verdadeiro celeiro de boas idéias é a TV Cultura de São Paulo (Pena que as verbas destinadas a Cultura tenham encolhido tanto). Os filmes veiculados pelas redes abertas podem ser também boas alternativas, é importante, entretanto, que se faça uma checagem quanto a programação. Os canais de televisão paga, especialmente aqueles dedicados a cultura e a educação, como o Futura, o Discovery Channel, o History Channel ou o National Geographic Channel, são sempre alternativas interessantes e inteligentes. O importante, em todos os casos, é dosar a quantidade de horas e selecionar a programação de acordo com suas necessidades e interesses.