Planeta Educação

Assaltaram a Gramática

Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Gírias entre Professores e Alunos
Estabelecendo Vínculos na Sala de Aula através da Fala

A comunicação deve ser usada ao nosso favor, para nos servir e não o contrário. Esta é uma verdade que deve ser pensada por nós, professores e/ou pais, pois não podemos fazer da nossa forma de falar uma barreira intransponível ao aluno que, ao invés de conduzi-lo à flexibilidade de expressões, acaba tendo efeito contrário, em que o jovem se sente um “estrangeiro” no mundo vocabular do professor.

Com isso não afirmo que o professor deva abandonar a forma de falar que considera correta e/ou coerente com seu “status” e incorporar toda a linguagem conhecida como sendo de “jovens”, mas sim que considere a eficácia de um falar que realmente se faça chegar aos seus receptores, no caso, os alunos.

É importante, também, o esclarecimento de que em nenum momento é adequado colocar uma forma de falar superior a outra, pois essa maneira de pensar é obsoleta e preconceituosa.

Há sim, lugares que, de alguma forma, requerem uma determinada maneira de se transmitir o que se pretende, ou seja, da mesma forma que ninguém vai à praia de terno e gravata e nem de camiseta regata e “short” discursar num palanque, fica de igual modo inadequado a utilização de determinadas expressões em ambientes que a maioria não faz uso.

A melhor forma de ensinar é através do exemplo. Não há mais lugar para a conhecida frase “faça o que mando, mas não faça o que faço”. Assim, para o professor fazer seus alunos capazes de conduzirem uma boa comunicação em diferentes lugares e ocasiões, nada melhor que isto ser exemplificado com uma atitude nova do professor, falando na língua de seu alunado.

Uma maneira de o aluno entender uma possível diferença entre a maneira como ele e seus professores falam é a apresentação de materiais que evidenciem a vida da língua, pois do mesmo modo de que tudo o que é vivo está sujeito a mudanças, a língua como viva também está.

O professor poderá, após uma aula sobre este tema tão rico de possibilidades, solicitar aos seus alunos a busca por materiais que contenham expressões que foram muito utilizadas em épocas anteriores e que hoje estão em desuso ou, ainda, expressões que são usadas com sentidos diferentes de tempos passados.

Como fonte para tal trabalho, os alunos poderiam buscar tais informações na família (ação que ajudaria na comunicação entre os mais velhos e os mais jovens), na comunidade em que estão inseridos (aumentando a participação dos jovens no lugar em que vivem), entre amigos que moram em outras regiões (diminuindo a distância entre eles) e até em arquivos encontrados na internet (utilização consciente da tecnologia).

Abaixo, há algumas gírias que eram usadas em tempos diferentes dos atuais, extraídas do Blog “Eita vidinha mansa”:

Mariquinha: Meninos que só andavam com as meninas.

Mauricinho: Menino muito arrumadinho pela mãe.

Periquito: Homem quando entrava no exército.

Cida Batalhão: Mulheres que esperavam os "periquitos" no portão do exército.

Muvuco: População.

Fonte das gírias: Blog “Eita vidinha mansa”
(http://eitavidinhamansa.blogspot.com/2009/06/girias-antigas.html)

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