Aprender com as Diferenças
Matéria sobre Dosvox
Entrevista com Luciane Maria Molina Barbosa
Professor Delamare MC Filho: Conversar com a professora Luciane é mergulhar num imenso mundo de conhecimentos que nos levam às viagens fantásticas na esfera do saber. Luciane é professora especialista em Deficiência Visual e trabalha com deficientes visuais. A talentosa professora Luciane não mede esforços quando se trata em ajudar os professores interessados em aprender um pouco da sua arte de ensinar alunos com deficiência visual. Nasceu em Guaratinguetá e sempre viveu nesta cidade prestando seus trabalhos como docente tanto em Guaratinguetá como na cidade de Lorena, cidade vizinha. Vamos conhecer um pouco desta simpática professora que fascina seus alunos:
Como se sente dando aulas para professores videntes?
Essa experiência surgiu da necessidade de divulgar recursos que proporcionassem mais autonomia e independência aos deficientes visuais. Sabemos que para que haja inclusão desses educandos na escola regular é preciso que os profissionais envolvidos tenham uma postura e atitudes que garantam, não só sua presença física, mas sua permanência e participação nas aulas.
A justificativa desses profissionais, ao encontrarem um deficiente visual em suas classes, é de que não estão preparados e, isso é inaceitável, sobretudo no momento em que vivemos. Partiu daí a necessidade de se formar multiplicadores para essa atuação. Não formamos apenas aquela turma, mas sabemos que dali todas as informações serão divulgadas e multiplicadas entre familiares, colegas de trabalho, alunos, entre outros. É essa relação que torna a experiência muito mais gratificante. Nos cursos para capacitar professores videntes (quem enxerga), tenho o cuidado de mostrar que existem técnicas distintas. Eles aprendem como videntes, mas também precisam ter o conhecimento de como transmitir e ensinar as técnicas para os cegos. São aprendizados paralelos, mas necessários para garantir avanços no processo de construção das noções de como um deficiente visual interage com as informações e com o espaço a sua volta.
Tenho o cuidado, também, de mostrar as relações existentes entre a teoria e a prática, já que além de profissional da área, sou deficiente visual e vivencio toda essa realidade, trabalho, também, ensinando outros deficientes visuais. Aliar teoria à prática é o caminho para esclarecer que o deficiente, acima de tudo é um ser humano, com qualidades, defeitos, dificuldades... Não podemos admitir certos mitos e estereótipos criados para “explicar”, de forma equivocada, a maneira natural como o deficiente encara suas limitações, criando e recriando formas de convívios. Adaptações sempre são necessárias e, é por meio de pequenas adaptações que desenvolvo minha prática docente, como por exemplo, uso da tecnologia, de leitores de tela e sintetizadores de voz, sistema de leitura tátil e escrita em Braille, entre outros.
Poderia falar um pouco do Dosvox e sua utilidade?
Como costumo falar, a tecnologia veio pra romper as limitações impostas pela própria deficiência. Permitiu-nos ter uma nova perspectiva, nos garantiu acesso a serviços e espaços nunca antes percorridos. Se, por um lado, a informática trouxe tantas inovações para seus usuários, por outro, devolveu aos deficientes visuais a oportunidade de interação com as informações e com outras pessoas de maneira a não haver diferenças entre essa comunicação.
Para saber mais, acesse o link do Espaço Braille: http://braillu.blogspot.com/2009/03/entrevista.html