Universo Escolar
Relato no Fórum
Inclusão
Oi, pessoal, sou mãe da Laura, uma garotinha de 6 anos que tem deficiencia visual, dá nó em pingo d`água e está cursando o último ano da educação infantil de uma escola da rede privada, moro no Es, e desde que a Laura ainda era um bebê comecei a participar de listas de discussão como essa através da Rede Saci, fonte de informação imprescindivel ao que precisava descobrir sendo mãe de uma criança cega .
A Laura está lendo e escrevendo, aprendeu e ensinou Braile por onde passou. Realizava reuniões com a escola sempre que a Laura passava de uma etapa para a outra. Através das listas fiz contato com pessoas que em particular iam me dando dicas e orientações que eu repassava à escola. A escola não fazia pesquisa, era essa a minha queixa, transformei-me então na única fonte de informação, em contrapartida, recebiam bem as informações que eu levava, e a Laura ia bem, era o que importava.
Este ano a nova professora está trazendo novidades, descobrindo trabalhos, e autores que desenvolveram o estudo do desenho com crianças cegas, não estava acostumada com essa troca e tem sido uma experiencia boa.
Acho importante compartilhar essa experiência porque ela mostra que estes resultados podem ser reproduzidos em outros lugares, em outras escolas, com outros alunos. É preciso informação e dedicação. Como vamos fazer para ensinar a todas as crianças a ler e escrever e ainda ensinar Braile a uma criança cega na mesma turma? Sempre li isso em trabalhos, via esse questionamento e o Braile sempre parecia algo muito difícil . A primeira solução seria que a Laura aprendesse Braile numa sala de recurso num contraturno. Nunca entendi isso, de quem seria a responsabilidade da sua alfabetização, da professora da sua escola ou daquela da sala de recurso? E por que a professora da sala de aula regular não aprenderia o Braile e como ela poderia dar sentido a todas as atividades da Laura se ela não conhecesse o código de escrita que a minha filha compreendia? Como ela não seria sumariamente excluída se em sua sala de aula o Braile não fosse do
domínio de sua professora?
A primeira resposta para isso reside no fato de que o Braile é um código extremamente fácil de ser aprendido, assim como o nosso alfabeto, é uma questão de treinar, e para quem enxerga, quem irá ensiná-lo e não o reconhecerá pelo tato, não há mistério, a grande questão é "quais são os passos a serem seguidos, por onde começamos, como se dá o processo de aprender através do tato? Foram esses ensinamentos preciosos, experiências de quem já passou por isso, que consegui através das pesquisas que fazia .
Acho que tudo que fiz até hoje tem a ver com essa discussão rica que o professor Cézar provocou . Ele sabe o que tem que fazer, mas será que em algum lugar, alguém pode dar uma luz e dizer como poderiam ser colocadas em práticas determinadas ideias? E existe sim, gente que já passou pela mesma experiência, que conhece o pedaço do caminho que a gente ainda não pisou e como a Marta disse, ninguém precisa inventar a roda . E um pedaço descoberto, o outro vai vindo .
Bom, há muito por fazer, queremos uma sociedade melhor, a escola é o único começo, é o que pode nos dá esperança .
Um abraço a todos , Rosângela.
Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/foruminclusao/message/14624