Planeta Educação

Assaltaram a Gramática

Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Linguagem do Messenger
Adequação da Linguagem em Diversas Ocasiões

Muitosprofissionais da área da educação estabelecem extensas discussões a respeito da forma como algumas pessoas, principalmente jovens, escrevem através de Messenger ou outros canais de comunicação online ou não.

É natural apontarem a pressa do dia a dia como a causa do uso excessivo de abreviações.

Porém, é de nosso conhecimento que várias pessoas, mesmo em meio a uma rotina extensa de atividades que diariamente precisam realizar, não utilizam abreviações nem ao menos parecidas com as que vemos ao nos comunicar com alunos ou outros jovens através do Messenger.

Por isso, a pressa não pode ser apontada como a única causa do uso excessivo de abreviações.

Contudo, professores, pais ou quaisquer outros cidadãos que não aprovam, pelo menos num primeiro momento, esse tal comportamento, precisam compreender que não é muito lógico corrigir os que assim desejam escrever através da comunicação do Messenger, pois a linguagem deve ser usada como vestimenta, ou seja, para cada ambiente um conjunto de peças de determinado estilo deve ser escolhido.

E é nesse ponto que a questão da escrita dos nossos jovens deve ser pensada.

Todo professor deve empenhar-se para transformar alunos em cidadãos capazes de discernir o momento adequado para cada forma de comunicação.

Perguntas que todos nós precisamos buscar respostas são:

Será que nossos alunos sabem adaptar a linguagem a diferentes ocasiões? Será que realmente sabem a diferença entre escrever uma carta de amor e escrever um memorando para os funcionários de uma empresa? Sabem a diferença entre um manual de videogame e de uma receita de bolo?

O que ocorre é que muitas vezes nas nossas aulas de língua portuguesa nós nos preocupamos excessivamente com o ensino de nomenclaturas gramaticais, e não fornecemos aos nossos alunos a competência necessária para se expressarem em diversas formas ante a assuntos de ordens diferenciadas.

É interessante atentarmos também que algumas formas de linguagem são alvo de preconceitos, o que tem desencadeado uma série de discussões a este respeito, e que causam bloqueios nos estudantes, no que se refere às aulas de língua portuguesa, se acaso sentirem-se excluídos apenas pelo modo de se expressarem em situações de informalidade.

Como profissionais comprometidos com o bom desempenho de nossos alunos no mundo fora da escola devemos nos empenhar para que o jovem estudante conheça não apenas a linguagem do grupo social ou familiar que pertence, mas também as várias outras formas de se estabelecer comunicação.

O problema não é se a linguagem que os jovens usam na internet é ou não prejudicial, pois todo aluno bem-instruído jamais utilizará tais abreviações em provas de vestibulares ou concursos, por exemplo.

Precisamos de métodos eficazes que integram, verdadeiramente, o jovem estudante ao mundo da leitura.

Se os nossos jovens tiverem acesso a diversos gêneros de leitura e os entenderem como uma rica fonte de informações, experimentarão aumento significativo no vocabulário e saberão adequá-lo a cada ambiente em que estiverem presentes.

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