Dicas de Navegação
Escolhendo a Pílula Vermelha
Educação e tecnologia como prioridade
A revolução dos blogs iniciou-se em 1999. Poucos anos depois, para ser mais preciso em 2003, já eram mais de 4 milhões de páginas pessoais, os chamados weblogs ou blogs, espalhados pelo mundo. A possibilidade de criar uma página na web totalmente sua, através da qual você pudesse falar com as pessoas sobre o assunto que lhe aprouvesse e ainda receber comentários de amigos e desconhecidos tornou-se, nos anos subseqüentes, uma febre ainda maior. Hoje já existem mais de 80 milhões de blogs espalhados pelos quatro cantos do mundo e diariamente são criados inúmeros outros.
Através dos blogs fala-se, literalmente, de tudo. Essa silenciosa revolução começou tendo forte apelo entre os internautas jovens e, principalmente os adolescentes. As facilidades de uso e estruturação de uma página pessoal oferecidas pelos serviços que auxiliam as pessoas na construção de seus blogs serviram como um importante e decisivo chamariz para que tanto os mais novos quanto, mais para a frente, os mais velhos, se interessassem e passassem a utilizar esses serviços e suas ferramentas referenciais.
No princípio, o principal assunto dos blogueiros [termo pelo qual são conhecidas as pessoas que constroem e abastecem sites pessoais] foram suas próprias vidas: seus dilemas, vitórias, dores, amores, provações... Tudo muito próprio da primeira onda de internautas que adotou essas facilidades, ou seja, os adolescentes e jovens, sempre em busca de alguém que os ouça e os respeite [nada mais justo, como não são muito ouvidos no mundo real, resolveram utilizar as ferramentas do universo virtual].
O passar do tempo trouxe, no entanto, pessoas mais maduras e experientes para os blogs. Atualmente, por exemplo, é muito comum vermos profissionais das mais variadas formações utilizando essa ferramenta, tanto para fins pessoais quanto para profissionais. Virou até política de empresas e corporações mundiais, como as indústrias automobilísticas ou as de alimentos, nas quais os principais executivos utilizam blogs para comunicar-se de um modo mais informal com seus funcionários ou mesmo com os consumidores e a mídia.
Como não poderia deixar de ser, a onda dos blogs também chegou à educação. No Brasil, por exemplo, há um número considerável de professores-blogueiros. De acordo com o site Blogblogs, que acompanha a evolução do universo brasileiro de blogs, no primeiro semestre de 2008 já existiam mais de 320 blogs que tinham educação como um de seus assuntos principais [senão o mais importante, em vários deles]. Ainda utilizando os dados do Blogblogs, vale destacar que já havia registros de mais de 10 mil postagens nas quais o termo educação estava em destaque e mais de 200 blogueiros tinham a educação como tema de grande interesse.
São números expressivos e que, certamente, não se referem ao todo da blogosfera nacional. Há ainda muitos blogs que não se associaram ou não estão identificados pelo Blogblogs. O que se pode perceber, pela amostragem existente de blogs educacionais é que, no geral, os professores-blogueiros falam de suas experiências educacionais, dilemas e problemas, dificuldades e alegrias, alunos e disciplinas, escolas e colegas [e superiores hierárquicos], políticas públicas e instrumentos de trabalho.
Nesse ensejo, tive a oportunidade de criar, como ferramenta que possibilitou a continuação de reflexões e trabalhos realizados em nome do Planeta Educação, ainda em 2007 [no início do ano], o blog “Escolhendo a Pílula Vermelha”, com a finalidade de estar discutindo, nos moldes informais que os blogs ensejam, questões relativas à educação, cultura, tecnologia, ciência, cinema e temas afins.
Através do blog tivemos a possibilidade de dialogar, usando o expediente dos comentários, com educadores de diferentes cidades e regiões do país, sobre as postagens em que comentávamos questões da atualidade como as escolas de lata, o massacre na Universidade Virgina Tech, a exposição sobre o Corpo Humano e também sobre Leonardo da Vinci realizada no Brasil [Na Oca, no parque do Ibirapuera, em São Paulo], as fraudes com carteirinhas de estudante, os resultados de exames nacionais e internacionais [Enem, Saeb, Pisa]...
Procuramos, ao mesmo tempo, informar e promover a reflexão. Para que isso pudesse acontecer, tivemos a preocupação de sempre trazer à tona o pensamento de expoentes da educação, da ciência, das tecnologias ou da cultura. Nesse ínterim, de aproximadamente um ano e meio, por exemplo, destacamos pensamentos de Antoni Zabala, Rubem Alves, Phillipe Perrenoud, Michael Apple, Nicholas Carr, Christovam Buarque, Manuel Castells, Gilson Schwartz, Alvin Toffler, Dalai Lama...
Preocupamo-nos, também, em mostrar as novas tecnologias e despertar o interesse, motivando o uso, de ferramentas que acreditamos poderiam ser úteis para os internautas que navegam pelo blog. Nesse sentido destacamos, a título de exemplificação, o Second Life, o Google Acadêmico, o YouTube, o software Office for Kids, o Live Maps, o Google Maps, o EAD e suas plataformas...
Como através do blog não queríamos ficar restritos a determinado grupo de internautas interessados, falamos sobre educação em todos os níveis, abordamos a questão da leitura, chamamos a atenção dos visitantes para os benefícios e problemas relativos ao uso da internet [as precauções e cuidados necessários ao se navegar] e, principalmente, sempre procuramos destacar a ligação entre cultura, educação, arte e tecnologia.
Abrimos espaço para as políticas públicas por acharmos importante e decisivo acompanhar a evolução dos fatos na esfera das decisões governamentais tanto no que se refere a educação quanto a outros aspectos diretamente relacionados a ela.
Para finalizar, creio que não deixamos, em nenhum momento, de destacar que o principal elemento para quem utiliza as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação como instrumento de trabalho foi, é e sempre será o ser humano. As tecnologias, inclusive os blogs, surgem como recursos que ampliam nossas possibilidades, agilizam nossos trabalhos, nos permitem conhecer e saber mais, muito mais, porém, são apenas ferramentas e não nos devem escravizar e sim libertar.
Por isso mesmo o nome do blog é “Escolhendo a Pílula Vermelha”, numa evidente alusão ao já clássico [e cultuadíssimo] filme “Matrix”, dos irmãos Larry e Andy Wachowski. O que queremos é que as tecnologias nos ajudem a sair da caverna, a perceber o mundo em que vivemos, a conceber e realizar uma realidade mais justa, fraterna, solidária e feliz.