A Semana - Opiniões
Educação de Qualidade
Todos querem... Como conseguir?
Educação de qualidade ainda está restrita a alguns “oásis” no Brasil. Vivemos uma realidade na educação brasileira que se assemelha a de um grande deserto em que, em alguns locais isolados, conseguimos encontrar água e saciar nossa sede. Temos uma educação que deixa muito a desejar e, infelizmente, ainda carece de toda espécie de auxílio e trabalho para poder ser equiparada ao que é realizado nos países que possuem os melhores índices internacionais na área. Não estou falando, nessas linhas introdutórias, algo que seja novo ou desconhecido para as pessoas que trabalham em escolas ou segmentos relacionados à educação.
Posso, inclusive, destacar que há algum tempo o sentimento era de animosidade, com os nervos à flor da pele, sempre que esses dados e informações, que colocam o país lá atrás no quesito educação de qualidade, eram trazidos a tona. Parecia, especialmente para aqueles que trabalham diretamente com a formação escolar de nossas crianças e adolescentes, que o que estava acontecendo era uma “caça as bruxas”, um julgamento premeditado, a busca pelos “culpados” e responsáveis pelo descalabro em que se encontra a educação no país.
Felizmente, essa etapa está sendo superada. Não se quer crucificar ninguém. Não se pretende cortar a cabeça, em praça pública, de nenhuma pessoa ou profissional. Os erros estabelecidos não são exclusividade dos professores, dos gestores, da sociedade ou mesmo dos administradores públicos. A conclusão a que chegaram os especialistas é que os problemas são resultado de um conjunto de descaminhos, desacertos e dificuldades que a todos compete superar e, por isso mesmo, não há mais tempo e espaço para as pessoas ficarem apontando o dedo na direção de outrem para se eximir da real responsabilidade que paira sobre todos, ou seja, a de produzir, para já, alterações que garantam, efetivamente, o necessário upgrade na educação do Brasil.
E as iniciativas já começaram, há algum tempo, por parte dos mais variados segmentos da sociedade brasileira. Governos, universidades, empresas privadas, ONGs, sindicatos, pesquisadores, a imprensa e a sociedade civil, como um todo, entenderam a urgência e estão se mobilizando na busca por essas respostas que venham a garantir a melhoria da qualidade da educação no país.
Algumas pesquisas, por exemplo, tentam atentar os nossos olhares para a questão da gestão direta das escolas, ou seja, o trabalho realizado pelos diretores, coordenadores e orientadores – conjuntamente com o corpo docente e a comunidade atendida (em especial tentando fazer dos pais os parceiros da escola que eles precisam ser).
A
revista Nova Escola,
em sua edição de agosto (2008), destaca os dados
de importante pesquisa realizada com mais de 3.500 diretores de escolas
brasileiras relativas a questão de como é e como
deveria ser a gestão escolar. Apresento abaixo os dados para
uma melhor apreciação por todos...
Como principais habilidades necessárias ao
exercício dessas funções às
respostas foram as seguintes:
Como maiores desafios a serem enfrentados...
Na semana que passou foi a vez da Revista Veja, também do grupo Abril, contribuir com os debates acrescentando sete itens que algumas das mais respeitadas personalidades do Brasil (políticos, economistas, administradores, educadores, expoentes culturais) consideram essenciais para melhorar a qualidade da educação no país. Destacamos a seguir quais são essas medidas:
O Jornal O Estado de São Paulo também tem se debruçado sobre o tema e apresentado dados bastante esclarecedores e significativos sobre a educação brasileira e os caminhos que temos que percorrer para atingir a qualidade nessa seara. O jornal revelou, por exemplo, em pesquisa divulgada em outubro de 2007, que 80% dos professores revelam sentirem-se desvalorizados pela sociedade.
E os problemas e dificuldades não param por aí, como atestam várias outras pesquisas publicadas nos últimos meses no Brasil... Não se realiza um trabalho sério de alfabetização científica, lê-se muito pouco nas escolas brasileiras (tanto os alunos quanto os professores), temos comprovada carência de professores para o ensino médio (em especial para disciplinas como Física, Química e Matemática), a gestão das escolas ainda é feita de forma “paternalista” (sem o uso das ferramentas de gestão profissional), os educadores não estão sendo formados nas universidades para o uso das tecnologias...
O advento do IDEB, do ENEM e também de outros expedientes de avaliação do rendimento das redes educacionais brasileiras está nos colocando em contato com essa realidade. Sabendo exatamente quais são os problemas, o próximo passo é revitalizar a educação com medidas efetivas que auxiliem a melhora do trabalho em todas as suas instâncias – em especial na sala de aula.
Nesse sentido o exercício começa com medidas simples, como as que estão surgindo de todas essas pesquisas, como por exemplo, profissionalizar a gestão, capacitar e formar melhor os docentes, valorizar os educadores, equipar as escolas, incentivar e cobrar a participação das famílias na educação dos filhos... As soluções estão aparecendo, agora é colocá-las em prática...