Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br
Os porquês de Cecília Meireles
Formas gráficas dos porquês
“Eu canto porque o instante existe e a minha vida
está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou
poeta”. (Motivo - Cecília Meireles).
Intencionado facilitar a compreensão das diferentes formas
dos porquês, nos basearemos em algumas das belas palavras de
Cecília Meireles.
Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro em 1901 e aprendeu
desde muito cedo o significado das palavras
“ausência, morte e solidão”,
pois perdera o pai antes de seu nascimento e, antes mesmo de completar
três anos idade, sofrera também a perda da
mãe.
O sentimento de transitoriedade da vida contribuiu para a
formação de sua personalidade. Cecília
começou a escrever aos 09 anos de idade, e teve seu primeiro
livro, Espectro, publicado em 1919 quando tinha 18 anos de vida.
Vamos então iniciar nossa análise das quatro
formas gráficas dos porquês nas obras desta
poetisa, pedagoga e jornalista carioca, lembrando apenas que
necessitamos observar cuidadosamente o contexto textual, antes da
aplicação das regras expostas a seguir:
Observe:
1. Por que – Na introdução de frases
interrogativas diretas, sempre será separado e sem acento.
“Por que me falas nesse idioma? Perguntei-lhe, sonhando. Em
qualquer língua se entende essa palavra”. (Reparei
que a poeira se misturava às nuvens).
Utilize separadamente também, quando significar motivo,
razão, o quê, os quais, pelo qual, etc. Isto
ocorre em construções interrogativas indiretas.
“Vejo então por que estranho mundo eu andei,
ferida e indiferente, pois tudo fica no sem fundo dos seus olhos
eternamente”. (Retrato Falante).
2. Por quê – Nos finais de frases será
acentuado e devidamente separado.
“Do silêncio e da solidão escreverei o
bem, assim como aquela menina órfã do Rio de
Janeiro, mas o caminho para um desfecho feliz é
tão árduo que não consigo entender por
quê...”.
3. Porque – Quando funcionar como
conjunção, ou seja, unir dois termos de uma mesma
oração, não possuirá acento
e nem separação.
“Não plantaremos lembranças porque
estão desde já e para sempre carregadas de
lágrimas”. (Plantaremos estes arbustos).
4. Porquê – Sempre que vier acompanhado de um
artigo (o,a,os,as, um,uma, etc.), será substantivo. Quando
isso ocorrer, será utilizado junto e com o sinal
gráfico, ou seja, o acento circunflexo.
“Quando, em Cecília Meireles, os livros forem
abertos e as palavras correrem livremente ante meus olhos, entenderei o
porquê de tão madura
inspiração”.
Lembre-se que quando o “que” for seguido de
quaisquer formas de pontuação, sempre
será acentuado. A acentuação
também é válida para quando ele
funcionar como substantivo.
“Sempre que estou diante de alguma obra de Cecília
Meireles, deparo-me com um quê composto de
mistério, medo e curiosidade.
Fonte: http://www.fabiorocha.com.br/cecilia.htm