Planeta Educação

Carpe Diem

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Passado, Futuro e Presente
As lições de Confúcio, ontem e hoje

Certa  vez perguntaram a Confúcio:
- O que mais o surpreende na humanidade?
Confúcio respondeu: Os homens perdem a saúde para juntar  dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperá-la. Por  pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. E concluiu: Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não  tivessem vivido... (Confúcio - China: 551 AC - 479 AC)

No desenho animado Kung-Fu Panda, o mestre oriental é uma tartaruga. Nada mais emblemático e revelador. Para a sabedoria oriental milenar, a utilização inteligente e ponderada do tempo é uma grande virtude. Não é a toa que o mestre repete Confúcio no desenho animado e diz, com todas as letras, que “o ontem é passado. O amanhã não existe [é uma miragem, um ponto futuro, uma incógnita]. O hoje é o que temos, por isso, se chama presente [constituindo-se, portanto, em uma dádiva legítima]”.

Tanto a brincadeira dos produtores de Kung-Fu Panda – com a transformação do mestre oriental, um sábio respeitado e admirado por todos, numa tartaruga – quanto os dizeres proferidos por esse personagem durante o filme nos levam a Confúcio e a seu pensamento original, apresentado no início dessa pensata.

Trabalhamos como as formigas, estocando para o inverno. E nem ao menos sabemos se chegaremos a ver a mais fria das estações do ano. No mundo contemporâneo, distante alguns milênios do universo confucionista, aturdidos pelas ansiedades modernas e pela ganância, queremos estar em todos os lugares ao mesmo tempo e não conseguimos estar nem ao menos num só em plenitude.
Se chegamos a um dos lugares almejados e encontramos as pessoas que ali nos esperam, quantas não são as vezes que nossas mentes ainda encontram-se dispersas, distantes e fora da sintonia desse novo ambiente e das pessoas que ali se encontram... Será que era realmente para estarmos ali?

Provisionar o amanhã, como o fazem as formigas é lição importante aprendida pelos homens. Teremos muitos invernos pela frente. Viveremos tempos de vacas gordas e também de vacas magras. Mas a lição do hoje, do caminho que estamos percorrendo nesse exato momento, das possibilidades infinitas que se encerram nos minutos e segundos que estão a nossa disposição... Quando entenderemos?

Como bem disse Confúcio, sacrificamos nossas saúdes para ganhar dinheiro e depois usamos o que conseguimos ganhar para tentar recuperar um pouco de nossa vitalidade... Contraditório, não acham? Qual é o ponto de equilíbrio? Como podemos fazer com que nossas vidas atinjam o estágio Zen, em que conseguimos a estabilidade emocional, física, intelectual, social e produtiva?

Talvez o primeiro passo a ser dado seja descobrir-se... Quem é você? Em que acredita? O que quer da vida? Tendo feito isso, que tal buscar a verdade, ter clareza quanto a seus objetivos, estipular os seus valores, definir-se eticamente? Quem sabe assim consigamos viver melhor o presente, essa tão valiosa dádiva que a nós é concedida...

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