Assaltaram a Gramática
Um toque na língua
Última aula do Professor Eduardo
"A
competência para grafar corretamente as palavras
está diretamente ligada ao contato íntimo com
essas mesmas palavras. Isso significa que a
freqüência do uso é que acaba trazendo a
memorização da grafia correta. Além
disso, deve-se criar o hábito de esclarecer as
dúvidas com as necessárias consultas ao
dicionário. Trata-se de um processo constante, que produz
resultados a longo prazo." (Pasquale Cipro Neto & Ulisses
Infante, Gramática da Língua Portuguesa).
PROCURE LER TAMBÉM EM BRAILLE, ELE O AJUDARÁ A
FIXAR MELHOR GRAFIA DAS PALAVRAS.
"É pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a Humanidade." - Allan Kardec.
"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma, continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O Professor, assim, não morre jamais..." - Rubem Alves.
UM
TOQUE NA LÍNGUA -
Lição16 (1º de julho de 2008)
Já em sala de aula, reunidos em vários grupos,
alunos do Professor Edu conversam sobre vários assuntos, num
misto de ansiedade e preocupação pela proximidade
das provas de final de semestre e euforia pela chegada das
férias de julho.
- Sabe, Norminha, tô com medo da prova do Professor Edu...
Será que ele vai pegar pesado nesta última
prova?...
- Acho que não, Janete. Para quem estudou a sério
toda a matéria e
acompanhou todas as aulas com atenção, a prova
não vai ser difícil, porque o Professor Edu
elabora umas provas bem claras e objetivas e sem as famosas
"pegadinhas", como sabemos que um ou outro professor costuma fazer, de
vez em quando, para ralar os alunos...
- É verdade, Norminha. Eu mesma já fui
vítima de um desses horrorosos "pega-ratões", na
prova de matemática da semana passada, lembra!? Mas por
falar em professores, olha lá, o Professor Edu tá
chegando.
- Olá, turma! Hoje será nossa última
aula antes da prova final deste semestre. Todos estão bem
preparados e entusiasmados para realizá-la?
- Preparadíssimos e entusiasmadíssimos, meu bom
Mestre! Veja só os sorrisos de imenso contentamento da turma
com a realização desta prova final...
- Olha, meu zombeteiro Lucas, os sorrisos que posso observar agora na
turma são mais em conseqüência da
superlativa ironia de sua resposta, do que de contentamento pela
realização da prova final, a qual, quero avisar a
todos,está muito fácil, para quem estudou,
é claro!
- Mestre, então hoje o Senhor vai terminar aquela parte de
ortografia, falando sobre o emprego de palavras com a letra "z"?
- Exatamente, Norminha. Na aula em que expliquei o emprego dos sufixos
"-ês" e "-esa", com "s", eu disse que depois falaria
também sobre os sufixos"-ez" e "za", com "z", os quais
aparecem em nomes abstratos que derivam de adjetivos.
- E eu lembro que falamos até de alguns exemplos, como do
adjetivo alto que dá origem a alteza; de nobre, que
dá nobreza; de pobre, pobreza; de rico, riqueza; e de mal,
que origina malvadeza, lembra também disso, Professor Edu?
- Estou lembrado, sim, Zé Luís. E quero
apresentar para vocês agora mais alguns exemplos do emprego
desses sufixos. Anotem aí: do adjetivo macio
temos o substantivo derivado maciez; de escasso, escassez; de
estúpido, estupidez; de sensato, sensatez; de gago, gaguez;
de honra, honradez; de
inválido, invalidez; de surdo, surdez; etc.
-
Ah, Professor Edu, lembra também que o Fred falou no
substantivo alteza, que vem de alto, e o Senhor nos mostrou alguns
exemplos de substantivos derivados com o sufixo "-eza"?
- Sim, lembro. E se minha memória está em bom
estado, estou me recordando agora de que também dei o
exemplo do adjetivo nobre, do qual se deriva o substantivo nobreza; e o
Zé Luís citou os adjetivos pobre, rico e mal, dos
quais se derivam os substantivos pobreza, riqueza e malvadeza.
Não foi isso mesmo que você disse, Zé
Luís?
- Isso mesmo, Mestre! Até que sua memória
realmente está em ótimo estado para uma pessoa da
sua idade. Ahahah...
- Xiiii, Zé Luís! Ainda bem que você
é cego, porque se você pudesse ter visto a cara
que o Professor Edu fez agora, você teria se arrependido de
ter falado tal sacrilégio!
- Ah, Lucas, foi só uma brincadeirinha para descontrair a
aula, falou, Mestre!? O Senhor não me levou a mal,
né?
- Claro que não, meu rapaz! Afinal de contas, sou ainda um
belo e jovem professor, de corpo e alma.
- Hummm, esses leoninos...
- O que você disse, Janete?
- Nada, Mestre, não disse nada! Só estava
pensando alto...
- Bem, vamos deixar de lero-lero e voltar à nossa aula. Vou
mostrar para vocês agora alguns exemplos de substantivos com
o sufixo "-eza". Guardem aí: de avaro temos avareza; de
belo, beleza; de certo, certeza; de duro, dureza; de esperto,
esperteza; de pobre, pobreza; de rico, riqueza; etc.
- É, galera, de uma coisa eu tenho certeza: esta prova final
do Professor Edu não vai ser moleza!!!
- E eu só espero, meu caro Lucas, que toda a turma tenha a
"nobreza" de não usar de "esperteza" para fazer a prova. Mas
continuando: Também com "z", normalmente, são
grafadas palavras derivadas de outras em que já existe o
"z", e verbos terminados pelo sufixo "-izar", em cujos radicais das
palavras que lhes deram origem possuam ou não a letra "z".
Vejam estes exemplos: de baliza temos balizado; de razão
derivam-se arrazoado e razoável ; e anotem também
estes verbos com o sufixo "-izar": canalizar, finalizar,
industrializar, organizar, utilizar, arborizar, regularizar,
cicatrizar, que vem de cicatriz; envernizar, derivado de verniz;
enraizar, vindo de raiz; e deslizar, de deslize.
- Professor Edu, e por que alguns verbos são escritos com o
sufixo "-isar", com "s"?
- Porque esses verbos, Mariana, têm apenas como sufixo as
letras "ar", já que as letras "is", neste caso, fazem parte
do radical da palavra que deu origem ao verbo. Por exemplo: de
análise se derivou analisar; de aviso, avisar; improviso deu
origem a improvisar; de pesquisa temos pesquisar. Uma
EXCEÇÃO a esta regrinha é o verbo
"catequizar", o qual, apesar de originar-se da palavra "catequese", que
possui um "s" em seu radical, deve ser grafado com "z", pois a
sílaba átona final de catequese foi suprimida
para se inserir o sufixo "-izar" na formação do
verbo.
- Ei, Mestre, não dá pra dar um tempo por aqui,
não? Já tem muita coisa pra gente estudar... Puts!
- Calminha aí, Lucas! Só falta mais um caso a
explicar, para encerrarmos esta parte do emprego da letra "z". E deixa
de ser preguiçoso, meu rapaz! Se você der
também um tempinho nos seus videogames, terá
certamente muito mais tempo para estudar, não só
para a minha prova como também para as provas das outras
disciplinas, tá ligado?
- Tô ligado, Mestre! Puts, eu podia dormir hoje sem essa,
né, galera!?
- Bem, como disse, para terminar, vou explicar agora algumas palavras
derivadas, que igualmente são grafadas com "z", em que
aparecem os sufixos "-zada, -zal, -zarrão, -zeiro, -zinho,
-zito, -zona, -zorra e -zudo". O "z", neste caso, é um
infixo, isto é, um elemento que entra no meio da
composição de derivados. Anotem estes exemplos:
pazada, cafezal, canzarrão, açaizeiro,
papelzinho, cãozito, mãezona,
mãozorra, pezudo.
- Puxa, Professor. Algumas dessas palavras aí a gente
não ouve ninguém falar hoje em dia, né?
- É verdade, Luana. Algumas delas, atualmente, só
encontraremos em livros de contos e romances mais antigos. No entanto,
é importante vocês tomarem conhecimento delas e
saber o processo de sua formação. E só
mais uma observação para encerrarmos realmente a
aula de hoje: em palavras como "asinha, risinho, risada, casinha,
caseiro, casebre", o "s" pertence ao radical dos vocábulos
de origem, que são as palavras "asa, riso, casa".
- Ufa, até que enfim acabou! Meus dedos já tavam
ficando cheios de calos de tanto escrever!
- Fred, com mais calos deve ter ficado o coitadinho do Zé
Luís, tendo que escrever o tempo todo com aquele preguinho
de furar papel, porque o notebook dele deu pau. Puts,
ninguém merece!
- Ei, maluco! Em primeiro lugar, isso aqui não é
um "preguinho". O nome deste objeto que uso para escrever em braille
é "punção"; em segundo lugar, quero
dizer que não estou cansado, não estou com calos
nas mãos e gosto muito também de escrever em
braille; e em terceiro lugar,"coitadinho" é o...
- Calma, gente! Vamos terminar a aula
em paz. Afinal, não passei tanta matéria assim;
vocês é que estão desacostumados a usar
lápis e caneta, já que passam mais tempo
digitando em seus computadores do que escrevendo à tinta.
Mas desejo a todos vocês boas provas, e que não me
surjam com nenhuma "Zebra", com Z maiúsculo, quando eu for
corrigi-las. Até lá!