Planeta Educação

A Semana - Opiniões

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

A Educação no Século XXI
Algumas considerações e reflexões sobre EAD

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Em primeiro lugar... Os educadores precisam se familiarizar mais com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).

O EAD, sigla utilizada em nosso país para Ensino a Distância é uma realidade em construção. Estamos ainda engatinhando em relação ao assunto e isso não é demérito para os brasileiros. As experiências internacionais ainda são embrionárias e não se avançou muito além do deslocamento das estratégias do presencial para o virtual e dos conteúdos que saíram dos livros e chegaram as telas dos computadores.

Para que o EAD decole é necessário que os educadores se familiarizem mais com as tecnologias e que os especialistas em internet e em todos os instrumentais relacionados a ela tenham maior contato com os avanços da área educacional. Enquanto não houver esse relacionamento de maior proximidade é nítido que demoraremos muito para realizar um uso mais pleno e enriquecedor das tecnologias na educação e, conseqüentemente, do EAD...

É de fundamental importância... O compromisso e a disciplina do aluno...

O EAD, como disse na passagem anterior, é uma modalidade de ensino muito recente no Brasil e no mundo. O que já se sabe, ao certo, quanto a essa nova possibilidade de trabalho e aperfeiçoamento em educação é que há uma clara exigência de disciplina por parte do aluno que se matricular num curso a distância através da internet. E o que significa, nesse caso, ter disciplina?

A disciplina requerida diz respeito à necessidade de conectar-se com regularidade, realizar as tarefas propostas de acordo com o que foi pedido e respeitando-se prazos de entrega, entrar em horários previstos e agendados para ter contato com professores e monitores, criar momentos de interação com outros estudantes através da web para partilhar experiências e dúvidas ou ainda - fora do ambiente virtual - realizar as leituras pedidas e/ou sugeridas.

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Vai além disso, pois requer que os estudantes em questão tenham também o compromisso de realizar por si mesmos, sem o auxílio de terceiros ou sem que outras pessoas o façam em seu nome, todas as atividades, leituras, tarefas e projetos propostos.

Também precisamos... Definir com clareza os compromissos dos educadores em EAD.

Se ao aluno cabe o compromisso de se mostrar disciplinado para o uso do EAD, conforme mencionamos a pouco, ao professor que participa de projetos que se utilizam das tecnologias de informação e comunicação compete não apenas o conhecimento acerca das disciplinas ou conteúdos que irá trabalhar através da web.

Digo isso por que ao utilizar-se das ferramentas do EAD, o professor não irá apenas transportar os conteúdos da disciplina que ministra (através dos livros, apostilas, apresentações em powerpoint, revistas ou artigos que usa regularmente) das plataformas em que esses recursos se encontravam (como o papel, por exemplo) para o ambiente virtual.

Não é uma mera transposição dos saberes do papel para o virtual o que irá ocorrer. Se isso for efetivado dessa maneira a probabilidade de êxito no trabalho com EAD será muito reduzida, ou melhor dizendo, praticamente nula. Nesse sentido cabe dizer que os educadores devem entender, se apropriar e utilizar essas ferramentas durante algum tempo antes de lançar mão das mesmas enquanto bases de seu trabalho regular.

A velocidade das transformações do mundo e do mercado tem obrigado as pessoas a aderir aos instrumentos da tecnologia sem que saibam exatamente como fazer isso. Trata-se de um erro grave que irá ter repercussões negativas para qualquer área de trabalho que assim o fizer num futuro próximo e também distante. E as piores conseqüências serão para as pessoas e não para as empresas.

Quem se atirar ao uso dos recursos sem pleno conhecimento corre o sério risco de literalmente se "queimar" e de não ser capaz, posteriormente, de se livrar dos danos causados em sua história profissional. Por esse motivo acredito que qualquer projeto sério, que tenha a pretensão de sucesso e que realmente "vingue" deve embasar-se não apenas no conhecimento específico das disciplinas por parte dos educadores, mas também da apropriação pelos mesmos dos saberes relativos às possibilidades das ferramentas da tecnologia que serão utilizadas em EAD...

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Para completar... A qualidade dos cursos deve estar acima de qualquer suspeita...

Trago, a seguir, notícia bastante importante sobre o assunto da Educação a Distância publicada em prestigiado jornal de grande circulação.

"O Ministério da Educação decidiu diminuir a exigência para abertura de cursos de especialização (pós-graduação lato sensu) à distância no país. Agora, as universidades não precisarão mais ter um prédio com tutor (professor), biblioteca e estrutura de apoio ao estudante na região em que a pós-graduação é oferecida." (Governo facilita curso de pós a distância, artigo de Fábio Takahashi para a Folha de São Paulo, 13/12/2007).

A intenção pode ser a melhor possível, ou seja, a de universalizar o acesso a educação e, nesse caso específico, aos cursos de aperfeiçoamento depois da graduação, mas todo cuidado é pouco...

Facilitar demais o processo de aprovação desses cursos pode ser um tiro no pé e, mesmo quando há exigências sabe-se que as instituições prometem demais e fazem muito menos que aquilo que foi acordado...

Educação a distância é assunto novo, exige estudos e aperfeiçoamento, é uma realidade em constituição da qual não iremos abrir mão e nem tampouco retroceder, entretanto, qualidade é fundamental...

Os cursos a distância têm que ser orientados por educadores capacitados e não por tutores, é necessária a existência de uma estrutura física de apoio (os chamados pólos), onde além de computadores plugados a internet também sejam encontrados profissionais do ensino e outros recursos pedagógicos (como bibliotecas e salas de estudo), os cursos não podem ser somente através do computador (devem ter parte de seu trabalho no modo presencial) e, certamente, o aluno como maior interessado nisso tudo, ciente de que arca com custos e que esse preço pode ser mais alto no final se sua formação não for qualificada, deve ser o maior fiscal de todo o processo, cobrando mesmo por um sistema mais composto, eficaz e de resultados comprovados...

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