Ensino de Línguas
Ler para aprender, um compromisso de quem?
O desafio em diferentes línguas e disciplinas
Passamos por um momento social de grandes transformações e como educadores somos cobrados a caminharmos juntos e criar meios de orientar nossos alunos nas diversas opções que se apresentam a cada segundo. Haja fôlego para essa jornada!
A leitura é um desafio, aliás, aprender a ler todas essas informações nos conduz a um desafio que não é mais, a meu ver, e nunca foi papel apenas dos nossos colegas professores de língua portuguesa. É nessa linha que devemos refletir e encontrar formas de quebrar barreiras e ultrapassar fronteiras.
Surgem então, alguns pontos, entre os quais, é interessante dizer que num mundo globalizado, como o atual, temos algumas habilidades que precisamos desenvolver como: aprender a aprender, comunicação oral e habilidade de saber ouvir, pensamento crítico, adaptabilidade, habilidade criativa de resolução de problemas, especialmente frente às barreiras, prontidão para ver coisas a partir de perspectivas diferentes, trabalho em equipe, saber lidar com conflitos, capacidade de liderança, além de competência em leitura, escrita, computação e muita vontade e amor à profissão.
E como aprender dentro desse desafio que a sociedade nos coloca estando em constante mudança? Abbot (1997, p.9) aponta que uma das habilidades que devem ser mais enfatizada é a “... de pensar sobre o próprio pensamento...” ou metacognição. Para o autor, a metacognição é essencial no desenvolvimento de habilidades que são transferíveis e ligadas ao pensamento reflexivo.
Devemos então, como especialistas, capazes de recuar, para refletir, rever e reavaliar o que se faz de um modo geral e dar oportunidade aos aprendizes de desenvolver naturalmente tal habilidade dentro de seu mundo rico, cheio de incertezas, de colaboração, interação.
Não podemos mais classificar nossos alunos apenas pela habilidade de memorizar informações, e às vezes analisá-la. Não há mais o mais inteligente, mais capaz, aquele que está na média, ser lento ou inapto.
Assim, onde está o nosso compromisso? Está em primeiro lugar, “que tipo de pessoa queremos formar?” No caso da aprendizagem social e emocional (social and emotional learning) como sugerem autores como Elias (1997) que se tome como ponto de partida a construção de uma atmosfera saudável em sala de aula que promova a auto - estima do aluno “abordando a confiança, competências, chances e cuidados” (Paiva,p.127).
O ler e o escrever em língua estrangeira levam a construção de significados, o que reforça a relevância do ensino de uma segunda língua como instrumento sócio-cultural e não como um fim em si próprio, para que o aluno faça um melhor sentido do seu dia-a-dia na sua cultura de origem ao mesmo tempo em que passa a valorizar, a enxergar positivamente a sua cultura e a cultura do outro (Paiva, p.128).
Seguindo essa linha de raciocínio, ler em uma língua estrangeira deve ser um processo de aprendizagem. Não podemos aplicar um texto para que o aluno simplesmente o traduza (decodificar) e sim proporcionar um “momento dinâmico de desenvolvimento de estratégias de leitura como inferência, autopredição, autoquestionamento” (Paiva, p.128), e cada leitor fará sua interpretação de acordo com o conhecimento prévio sobre o tema abordado.
Assim, precisamos rever nossas condutas em sala de aula, refletir, re (avaliar) nossas práticas à luz de novas tendências teóricas para podermos proporcionar aos nossos alunos momentos de descoberta de si e do outro, do seu mundo e do outro e assim aprendermos a valorizar vivências e as expectativas daqueles que nos cercam.
Blibliografia
ABBOT,John. To be intelligent.
Educational Leadership. How children learn.
Alexandria,1997.
ALMEIDA FILHO, José Carlos
Paes de - Dimensões Comunicativas no ensino de
línguas - Campinas, SP:Pontes Editores, 4ª
edição. 2007.
PAIVA, Maria da Graça Gomes. Os desafios (?) do ensinar a ler e escrever em língua estrangeira IN:Ler e escrever: compromisso de todas as áreas/organizado por Iara Conceição Bitencourt Neves, Jussara Vieira Souza, Neiva Ottero Schaffer, Paula Coimbra Guedes e Renita Klusener - 8 ed. - Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007.