Planeta Educação

A Semana - Opiniões

João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

As boas notícias da educação
Ações e exemplos que podem e devem ser seguidos

Desenho de homens de mãos dados ao redor do globo terrestre

Abrimos os jornais e normalmente as notícias ruins ganham destaque. Violência, corrupção, acidentes naturais, epidemias, guerras, fome, analfabetismo e tantas outras questões sociais e/ou econômicas tomam a frente das manchetes. Na televisão ou no rádio a situação não é nem um pouco diferente. Tampouco na internet. Os portais noticiosos estão sempre dando prioridade a acontecimentos dessa natureza. Eventualmente temos como destaque as conquistas do esporte, as realizações das artes, tratados comerciais importantes ou ainda, em se tratando do Brasil dos últimos anos, dados sobre a estabilização econômica vivida pelo país e que dão real alento a todos nós.

A educação não é exceção no que tange as más notícias. Para ser mais exato, nos últimos tempos a preocupação geral relativamente a essa área aumentou e, conseqüentemente, o tema tornou-se assunto corrente nos principais meios de comunicação. E a fiscalização maior por parte da sociedade, somada ao advento de mecanismos de avaliação (nacionais e internacionais) como o ENEM, o IDEB, o PISA, o SARESP e afins, tem evidenciado as dificuldades e problemas da educação no Brasil.

Temos, evidentemente, muito trabalho pela frente. Noticiar as más notícias e os resultados pífios da educação brasileira é tarefa da mídia e também da sociedade civil organizada. Estar atento a tudo e buscar soluções é, por sua vez, o papel dos educadores e de todos os profissionais envolvidos com as escolas brasileiras.

O que temos observado é que essa situação tem gerado inúmeras situações de stress, em especial entre os professores, a quem boa parte da sociedade atribui os maus resultados obtidos nos últimos dez anos pela educação nacional. Essa atitude simplista e reducionista em nada contribui para a efetivação de mudanças e para a necessária guinada nos rumos da educação brasileira. Se há responsáveis, e sabemos que sim, somos todos os brasileiros de alguma forma cúmplices nos erros e no fracasso de nossas escolas.

Foto de uma mão escrevendo fórmulas com giz numa lousa

Há inúmeras ações sendo desenvolvidas pelo Brasil afora que podem ajudar a melhorar a educação,
precisamos socializar essas práticas e permitir acesso e conhecimento das mesmas para mais escolas e professores.

Dos políticos aos próprios estudantes, passando pelas famílias e também desembocando nos educadores, mais do que remoer e ficar remexendo as mazelas e os problemas auferidos, cabe a todos e a cada um o desafio de transformar a educação e dar a ela novos e melhores rumos no futuro e também no presente, já que nesse momento há milhares de escolas e milhões de alunos em sala de aula, ou seja, o trabalho está em andamento.

Por esse motivo, através desse texto destaco algumas boas notícias da educação que, nas últimas semanas, ganharam espaço entre as manchetes dos principais jornais, revistas e sites nacionais. Não foram poucas, como poderemos ver a seguir:

  • Uma aula a mais reduz "atraso" de aluno - Estudo mostra que ampliar de 4 para 5 horas-aula
    diminui o índice de distorção idade-série no ensino fundamental.
  • A escola do futuro já existe, no interior - Parceria transforma instituição em modelo de pedagogia inovadora.
  • Procura por vagas é acirrada na 1ª colocada do Idesp - Em São Carlos, Escola Estadual Eugênio Franco tem índice zero de repetência e de abandono.
  • Minas Gerais monitora escola e melhora ensino - Colégios recebem visita de técnicos para buscar meios de ampliar o rendimento; notas em avaliação subiram.
  • Um ano de PDE - Um ano após o lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação, apenas 118 municípios ainda não aderiram ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação.

E o que podemos perceber ao analisarmos brevemente essas cinco notícias destacadas? Em primeiro lugar que há muitas pessoas se mobilizando, em diferentes estados e regiões do país na busca por soluções para os problemas da educação. O registro sobre o PDE, nota do Ministério da Educação e Cultura (MEC) que nos informa o reduzido número de municípios que ainda não aderiram ao Plano de Desenvolvimento da Educação é mais do que um indício, trata-se de um elemento comprovador da preocupação já disseminada quanto aos rumos da educação, que certamente já foram entendidos em nível nacional como decisivos para o desenvolvimento da nação.

Foto de um aluno levantando a mão numa sala de aula

A responsabilidade pela melhoria da qualidade na educação é de todos os brasileiros. Cabe aos educadores, estudantes, sociedade civil, governos, empresas privadas e a cada um em particular mobilizar-se em favor de um ensino de alto nível no país.

Não há como deixar de notar, também, que as medidas efetivadas a nível governamental (federal, estadual ou municipal) de avaliação das escolas – em diferentes níveis de ensino – começam a orientar as ações e práticas da educação nacional na busca por resultados mais expressivos.

Minas Gerais adotou medidas simples, mas eficazes que já proporcionaram melhoria de rendimento nas escolas daquele estado de um ano para o outro; A escola campeã do Idesp em São Paulo apresenta índice de repetência e evasão zero e, certamente, isso está despertando as autoridades e educadores para a questão. Afinal de contas, o que estão fazendo na Escola Estadual Eugênio Franco que ocasiona resultados tão expressivos e animadores.

Outro fato bastante animador para todos é reconhecer que as medidas tomadas para a obtenção de resultados melhores, que efetivem uma educação de qualidade, são muito mais simples do que a princípio se imaginava. O aumento da carga horária em apenas uma hora traz melhorias significativas no rendimento dos alunos, conforme comprovam estudos de especialistas nacionais; a visita regular de técnicos do governo as escolas para orientar, cobrar e auxiliar os professores na busca de soluções que auxiliem os alunos, especialmente em matemática e português, é outra alternativa interessante; parcerias com instituições privadas como a que orienta ações no município paulista de Santo Antônio do Pinhal, que não apenas disponibilizam recursos (como computadores e acesso a internet), mas preparam os educadores e fiscalizam as ações, são também saudáveis ações rumo a uma melhor qualidade educacional.

E há, com certeza, inúmeras outras ações que já conseguiram resultados expressivos para a educação em diferentes regiões do país. Penso, inclusive, que deveríamos ampliar o espaço de socialização dessas ações e práticas de sucesso. Abro as portas de nosso portal, Planeta Educação, para que as pessoas engajadas em projetos dessa natureza enviem relatos de suas realizações para que possamos divulgar e difundir pelo Brasil afora afim de que muitas outras escolas usufruam e conheçam esses feitos.

Penso que somente assim teremos reais condições de atingir de forma plena a educação de qualidade sonhada por todos e que, certamente, garantirá ao país a possibilidade de tornar-se uma nação desenvolvida e próspera, influente nos rumos futuros do planeta Terra...

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