Assaltaram a Gramática
Invariáveis nas Obras de Noel Rosa
Classes Gramaticais Invariáveis
Antes de iniciarmos a compreensão das classes invariáveis da Língua Portuguesa, é interessante apresentarmos Noel Rosa.
Possuindo uma capacidade surpreendente de unir palavra com música, Noel Rosa é considerado um dos primeiros mestres da música brasileira. Suas músicas eram baseadas em sua própria vida, em fatos de seu cotidiano. Um bom exemplo disso, é que ele e Wilson Batista (outro grande sambista da época) compunham músicas em resposta um ao outro.
Desta famosa discussão, surgiram músicas como:
Lenço no pescoço (Wilson Batista – início da discussão);
Rapaz Folgado (resposta de Noel);
Mocinho da Vila (Wilson criticando o bairro de Noel);
Feitiço da Vila (exaltação que Noel fez sobre seu bairro);
Conversa fiada (Wilson);
Palpite Infeliz (Noel);
Frankstein da Vila (crítica de Wilson sobre a marca de nascença de Noel);
Deixa de ser convencido (Noel - quando a discussão é encerrada).
Para concluirmos, Noel Rosa era boêmio, e como teve sérios problemas no pulmão, contraiu tuberculose que o conduziu à morte em 1937 com 26 anos de idade.
Agora, para começarmos a analisar as classes invariáveis nas obras de Noel Rosa é conveniente considerarmos que há dez classes gramaticais na Língua Portuguesa (listadas abaixo). É importante ter em mente que essa análise realiza-se sobre a linguagem escrita e não sob a linguagem oral, pois esta última, por uma série de fatores, nem sempre obedece aos critérios gramaticais.
São elas:
Destas classes há quatro que não sofrem nenhuma flexão, ou seja, não necessitam concordar em gênero, número e grau. Estamos referindo-nos ao advérbio, à conjunção, à preposição e à interjeição.
Advérbio: É a palavra invariável que modifica um verbo, um adjetivo e até mesmo outro advérbio. Pode ser de negação (não, nunca, jamais...), afirmação (com certeza, realmente...), modo (tristemente, loucamente...), tempo (ontem, hoje...), intensidade (bastante, pouco...), dúvida (talvez, provavelmente...) e lugar (aqui, ali...).
“Vá dizer ao seu gerente que pendure esta despesa no cabide ali em frente”. (Conversa de Botequim) Advérbio de lugar.
“... Dizendo que não posso mais continuar amando sem querer amar”. (Cansei de pedir) Advérbio de negação.
Conjunção: É a palavra que une dois termos de uma mesma oração. Resumidamente são: logo, portanto, contudo, mas, e, embora, entretanto, nem, quando, ora, etc.
“Vou virar guarda noturno, e você sabe por quê? Mas você não sabe”. (Três Apitos) Conjunção adversativa.
“Quando você penetra no salão e se mistura com a multidão esse seu tipo é logo observado”. (Tipo zero) Conjunção aditiva.
Preposição: É a palavra invariável que estabelece relações entre dois termos de uma oração. Pode ser: a, afora, conforme, de, até, segundo, para, por, senão, sem, sob, sobre, consoante etc.
“A minha força bruta reside em um clássico cabide, já cansado de sofrer”. (Tarzan – O filho do sapateiro) Preposição.
“Até o próprio sol resolveu não brilhar pra não perder (pra quem?) pro teu olhar!”. (Menina dos meus olhos) Preposição.
Interjeição: É a palavra que é utilizada para expressar sentimentos e emoções sendo, por isso, muito dependente do contexto. São elas: psit, eia, vamos, oi, olá, bravo, avante, mais um, bis, oh, ah, adeus, salve, etc.
“Adeus! Adeus! Adeus! Palavra que faz chorar”. (Adeus) Interjeição.
“Quem é você que não sabe o que diz? Meu Deus do céu que palpite infeliz. Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira...”. (Palpite Infeliz) Interjeição.
Fontes: Língua, Literatura & Redação 2 – Editora Scpione; http://www.mpbnet.com.br/musicos/noel.rosa/