A Semana - Opiniões
A fantástica fábrica de informações
Você já entrou no Google hoje?
“Welcome to the Fantasy Island!” (Bem-vindos a Ilha da Fantasia!), quem tem mais de 35 anos deve se lembrar dessa mensagem, proferida pelo personagem Sr. Rourke (Ricardo Montalban), sempre ladeado por seu fiel escudeiro Tatoo. Essa é, também, a frase que poderia ser dita aos visitantes de Mountain View, local onde se situa o GooglePlex, a sede da mais conhecida empresa de informações do mundo virtual, o onipresente Google.
Outra visão interessante e alternativa para uma primeira visita sonhada ao GooglePlex pode ser parelha com a do filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, tanto na versão estrelada por Gene Wilder quanto na mais recente, dirigida por Tim Burton e protagonizada pelo astro Johnny Depp. Ao invés de Willy Wonka, a nos recepcionar estariam os bilionários Larry Page e Sergey Brin, tendo sempre por perto o CEO, Eric Schmidt.
De qualquer forma, vale lembrar que Page e Brin, os criadores do mecanismo Google, no final dos anos 1990, eram dois estudantes universitários que tinham como propósito a elaboração de um mecanismo de busca para a internet que não fosse direcionado a respostas que tivessem objetivos meramente comerciais e sim, que levasse os internautas a encontrar as páginas da web que fossem mais acessadas naquele emaranhado de caminhos que não parava de crescer.
E quando nos referimos as páginas mais acessadas da internet nos referimos aos canais que falam diretamente ao usuário, abordando de forma mais clara e específica os assuntos que interessam a cada pessoa, profissional, grupo de interesse, nacionalidade, sexo, religião, torcida futebolística,...
Até o surgimento do Google as ferramentas que dominavam o mercado eram o Yahoo e o AltaVista. Page e Brin chegaram, inclusive, a oferecer a tecnologia que haviam criado para essas empresas que, cegadas por seu gigantismo, acharam bastante pretensiosa a atitude dos dois rapazes.
Como autênticos ídolos de barro, com os pés frágeis, tanto Yahoo quanto o AltaVista perderam espaço ano após ano para o Google e, hoje, enquanto o líder de mercado expande seu raio de ação e tenta adquirir algumas de suas antigas rivais (como aconteceu inclusive com a própria Yahoo e que motivou a outra gigante do setor de informática, a Microsoft, a também fazer uma oferta pela empresa de Jerry Yang), perderam importância e mercado, tornando-se até mesmo obsoletas em tão curto espaço de tempo.
Inicialmente bancados por investidores locais especializados em apostar em projetos inovadores na área de Tecnologias de Informação e Comunicação, depois de pouco mais de 3 ou 4 anos o Google foi se tornando um dos gigantes do segmento. Oferece um serviço básico, numa plataforma bastante simples (com fundo branco e uma caixa de buscas bem no meio da tela), sem qualquer efeito visual em flash, html ou qualquer outra linguagem de programação e é, sem dúvida alguma, a página de internet mais acessada do mundo.
Tornou-se o meio de campo da internet, ou seja, é o jogador que recebe a bola da defesa ou do goleiro e que tem como função construir jogadas, distribuindo a pelota para quem está no ataque, em busca do tão sonhado gol. E que gol é esse? O que se busca especificamente é a informação, seja ela de qual natureza for... Acadêmica, esportiva, econômica, política, artística, filosófica, espiritual... O caminho para se chegar lá ganhou um nome forte e balizado pela experiência coletiva.
A credibilidade do Google é tão grande que, invariavelmente - todos os dias - professores, jornalistas, economistas, administradores, políticos, escritores, engenheiros, advogados, médicos e praticamente todos os profissionais ou especialistas de que se tem notícia – assim como pessoas dos cinco continentes e de praticamente todos os países do globo, acessam o site em busca de algum tipo de informação.
E o Google, diferentemente de seus concorrentes do passado, não dormiu no ponto, ou seja, não se satisfez com os louros da glória já atingida. Continuou investindo de forma pesada em pesquisa para implementar novas ferramentas aos recursos tecnológicos que já oferecia, implementou uma forma totalmente diferenciada e inovadora de publicidade on-line, comprou empresas do setor que estivessem desenvolvendo trabalhos e tecnologias notáveis que acabariam se tornando referências (como o YouTube), instalou representações em várias nações, traduziu seus serviços para as línguas mais importantes do planeta, criou sua própria ferramenta de correio eletrônico (o Gmail),...
Agora, por exemplo, investe na computação nas nuvens, um novo conceito de trabalho em informática, através do qual se substituem os programas baseados nos computadores, como os processadores de texto ou as planilhas eletrônicas produzidas pela Microsoft e, em seu lugar, utilizam-se essas mesmas ferramentas a partir da internet.
Os engenheiros e técnicos do Google e de seus principais concorrentes, entre os quais o gigante complexo liderado por Bill Gates, a Microsoft, já concluíram que o futuro paira nas nuvens e que, para atingir quantidades ainda maiores de pessoas mundo afora, os custos tem que ser ainda mais baixos. Nesse sentido, a utilização de equipamentos que não tenham tanta capacidade de memória instalada e que não contem com os softwares pagos e de alto custo (como os programas da Microsoft), mas que sejam facilmente conectáveis a internet em qualquer lugar do mundo, passou a ser o foco.
E de onde vem os grandes resultados do Google, a fantástica fábrica de informações desse início de século e milênio? Apesar de toda a tecnologia, dos recursos e ferramentas criados, das empresas que ao alucinante ritmo de uma por semana são adquiridas, do alto valor de suas ações nas bolsas americanas e do brilho de suas instalações no GooglePlex e pelo mundo afora (inclusive no Brasil)... O sucesso é proveniente das pessoas que trabalham na empresa, constantemente estimuladas por Page, Brin e Schmidt a inovarem e a renovarem o mundo em que vivem...
Obs.: Só a título de curiosidade, 20% do tempo de cada funcionário do Google é devotado ao desenvolvimento de projetos pessoais que, posteriormente acabam se tornando produtos da empresa, como o próprio Gmail.