Planeta Educação

Assaltaram a Gramática

Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Textos Narrativos
Emília no País da Gramática

Toda manifestação textual que traga pelo menos 5 elementos fundamentais, a saber personagem, enredo, narrador, tempo e espaço, é considerada pertencente ao gênero narrativo ou épico.

Obras como romances, novelas, contos, parábolas, fábulas (apólogos), histórias ou lendas, são exemplos desse gênero realizado em prosa, utilizando-se de gestos, imagens e da própria fala. É por intermédio desses elementos que o leitor é situado, adquirindo gradativamente a compreensão desimpedida das mensagens.

“Emília no país da gramática” é uma fábula que Monteiro Lobato escreveu em 1934. No decorrer do nosso estudo, perceberemos a voz do narrador expressa nos personagens.

Observe:

Personagens: São os praticantes dos fatos narrados, podendo ou não ser reais. Em sua obra, Monteiro Lobato dá vida a seres irreais como o rinoceronte Quindim, etimologias (estudo das origens das palavras) e muitos outros.

“Que divertimento interessante não deve ser o estudo da vidinha de cada palavra! — exclamou Pedrinho. — Há de ter cada uma o seu romance, como acontece com a gente... E assim é — confirmou o rinoceronte. — Esse estudo chama-se Etimologia”.

Enredo: É a trama, as intrigas, ações que ocorrem ligando os fatos entre si. No caso, Pedrinho e Narizinho estão com dificuldades com a gramática, e a avó Dona Benta tenta ensiná-los. É nesse contexto que Emília idealiza a viagem para o país da gramática.

“Se meu professor ensinasse como a senhora, a tal gramática até virava brincadeira. Mas o homem obriga a gente a decorar uma porção de definições que ninguém entende. Ditongos, fonemas, gerúndios...”

Narrador: É aquele que conta a história, podendo estar em 1ª (dentro do contexto) ou 3ª pessoa. Perceba que Monteiro Lobato não está diretamente dentro da história, mas através da bonequinha de pano Emília, expressa tudo que pensa.

“... a vida, Senhor Visconde, é um pisca - pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais”. (Memórias de Emília/1936).

Tempo: Pode ser cronológico (ontem à noite, amanhã, às 13h30min) ou psicológico (sentido ou vivido e não tendo ligação com o cronológico).

“Nem queira saber, menina! Sou uma palavra que já perdeu até a memória da vida passada. Apenas me lembro que vim do latim Hoc Anno, que significa Este Ano. Entrei nesta cidade quando só havia uns começos de rua; os homens desse tempo usavam-me para dizer Este Ano...”.

Espaço: É onde acontecem os fatos narrados, no caso, um país chamado Gramática, povoado por substantivos, gerúndios, verbos e tantas outras manifestações gramaticais.

“Emília, num sopro, sugere:- Pedrinho - disse ela um dia depois de terminada a lição -, por que, em vez de estarmos aqui a ouvir falar de gramática, não havemos de ir passear no País da Gramática?”

Fontes: http://www.filologia.org.br/ixcnlf/16/08.htm; http://entreatto.blogspot.com/2007/10/memrias-de-emlia-1936-monteiro-lobato.html

Avaliação deste Artigo: 4 estrelas