Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br
Concordância Nominal
Concordâncias à Luz das Obras de Pablo Neruda
Paraexemplificar
as concordâncias que há entre algumas
classes gramaticais, utilizaremos frases e poemas do poeta Pablo Neruda
que foi um dos poetas castelhanos mais importantes do século
XX, recebendo o Prêmio Nobel de Literatura em 1971. Era
chileno, esteve no Brasil algumas vezes e escreveu um extenso poema
sobre o Rio de Janeiro em 1954.
É dele a famosa frase em castelhano: “Oro
llevaran, oro dejaran”, referindo-se ao idioma castelhano
imposto violentamente pelos espanhóis na América,
dissipando as civilizações Astecas, Maias e Incas.
Para começarmos compreender as concordâncias
nominais entre artigo, numeral, adjetivo e pronome, vamos relembrar as
definições que são consideradas sobre
essas classes:
Artigos:
São palavras variáveis em
número e gênero.
Exemplo: “Os poetas odeiam o ódio e fazem guerra a
guerra”.
Há artigos definidos (a, o, as, os) e artigos indefinidos
(um, uma, uns, umas).
Numerais:
São
expressões de ordem
numéricas, que se referem às quantidades ou a
ordem de cada item tal como está no enunciado.
Exemplo: “Quero apenas cinco coisas... Primeiro é
o amor sem fim; A segunda é ver o outono; A terceira
é o grave inverno; Em quarto lugar o verão; A
quinta coisa são teus olhos”.
Há numerais cardinais (1, 2, 3...), ordinais (1º,
2º, 3º...), multiplicativos (o dobro, o triplo...) e
os numerais fracionários (um terço, um
quádruplo...).
Adjetivos:
São palavras que
acompanham o substantivo
caracterizando - o e/ou determinado - o.
Exemplo: “Hoje deitei-me junto a uma jovem pura como se na
margem de um oceano branco, como se no centro de uma ardente estrela de
lento espaço”.
Pronomes:
São palavras
variáveis em
gênero, número e grau utilizados normalmente para
substituir um nome.
Exemplo: “Ela amou-me, por vezes eu também a
amava. Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. Posso
escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a
tenho. Sentir que já a perdi”.
Como se percebe, em todo o momento artigos, numerais, adjetivos e
pronomes concordam com os substantivos (nomes de seres, coisas, etc.)
em número e gênero.
Observe esse trecho, ainda extraído das obras de Pablo
Neruda (a exemplo dos demais):
“Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever,
por exemplo: A noite está estrelada...”.
Em que “A” é artigo que concorda com o
substantivo feminino (noite), seguido do adjetivo (estrelada) que por
sua vez qualifica o substantivo, concordando com ele em
gênero e número (feminino/singular).
Atente também para mais esse trecho:
“A mesma noite que faz branquejar as mesmas
árvores. Nós dois, os de então,
já não somos os mesmos”.
Considerando que “dois” é numeral,
concordando com o pronome pessoal “nós”.
Algumas exceções:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo:
Exemplo: “Plena mulher, maçã carnal,
lua quente, espesso aroma de algas, lodo e luz pisados...”.
Se ao invés de Pablo Neruda grafar “lodo e luz
pisados”, tivesse escrito na ordem inversa “luz e
lodo”, poderia perfeitamente o verbo
“pisar” ficar no singular, sendo assim, seria
considerado a seguinte forma: “Luz e lodo pisado”.
Atenção
com as cores:
Quando for cor de alguma coisa (laranja, pêra, abacate, etc.)
não varia, ou seja, não concorda com substantivo.
Exemplo: “Talvez não ser, é ser sem que
tu sejas, sem que vás cortando o meio dia com uma flor
azul...”
Nesse caso, há concordância entre “flor
e azul”, pois a palavra “azul”
não é cor de nenhum substantivo, como
é o caso da cor laranja, por exemplo, em que laranja
é o nome de uma fruta.
Sendo assim, podemos afirmar que azul-marinho e azul celeste
não variam, pois marinho vem do mar e celeste vem do
céu.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Neruda