Assaltaram a Gramática
Figuras de Pensamentos
Hipérbole, Prosopopéia, Reticência e Retificação...
Em postagem anterior, compreendemos cinco figuras de pensamentos, a saber, antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação e ironia.
Nesse momento, faz-se conveniente uma breve análise das demais, pois freqüentemente vivenciamos situações em que o uso adequado de cada uma delas torna-se fundamental para o bom entendimento dos endereçados.
Como ocorreu na postagem anterior, há, intencionalmente, algumas manifestações poéticas que visam um maior aprofundamento.
A seguir, aprecie mais quatro manifestações de pensamentos:
Hipérbole: É quando utilizamos expressões demasiadas, intencionando dar ênfase a algumas palavras ou, ainda, passarmos de forma mais contundente algumas de nossas sensações.
Observe que neste trecho do poema “Praia na Ilha”, de Cláudio Willer (poeta, tradutor e ensaísta), a presença de hipérbole é evidente.
“... É navegar o dorso da morte, transformar a consciência; em pátio de ventanias — mas, no entanto; não somos daqui; viemos de muito longe; para descobrir a derradeira praia deserta; no costão oceânico da ilha; cercada de muralhas de vento e claridade...”.
Prosopopéia
ou personificação:
É quando atribuímos características
reais, próprias dos seres vivos (falar, pensar, rir, chorar)
a seres inanimados.
Observe que nesses versos de
“Prosopopéia” de Bento Teixeira quando
marca (mesmo copiando de “Os Lusíadas”
de Camões) a Literatura barroca do Brasil.
“A Lâmpada do Sol tinha encuberto, Ao Mundo, sua luz serena e pura, E a irmã dos três nomes descuberto; A sua tersa e circular figura. Lá do portal de Dite, sempre aberto, Tinha chegado, com a noite escura, Morfeu, que com subtis e lentos passos; Atar vem dos mortais os membros lassos”.
Reticência: É quando omitimos intencionalmente uma sucessão de idéias por algum período de tempo.
Observe estes versos de “Reticências” - Fernando Pessoa, utilizando se de seu heterónimo (autor fictício) Álvaro Campos:
“... Vou fazer as malas para o Definitivo, Organizar Álvaro de Campos, E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre... Sorrio do conhecimento antecipado da coisa - nenhuma que serei. Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir... Produtos românticos, nós todos... E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada. Assim se faz a literatura...”.
Retificação: Consiste em efetuar correção da afirmação anterior. É apropriada em textos que não permitem nenhum tipo de erro ou rasuras. Também a utilizamos em discursos formais, pois transmite, de forma cautelosa, segurança em nossas palavras.
Observe este verso:
“Poderia me apaixonar, ou melhor, poderia amar... Amar tanto, que todo o meu vigor se transformasse em desalento, ou ainda, em desdém pelo amor que um dia experimentei”.
Fontes: http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/cwillerverso.htm; http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lvaro_de_Campos; http://secrel.com.br/Jpoesia/facam30.html