Planeta Educação

Assaltaram a Gramática

Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Orações Coordenadas
Sindéticas e Assindéticas

É de nosso conhecimento que em obras como poesias, poemas e sonetos há o que chamamos de “Licença Poética”. Com o uso desta, vários artistas compõem obras, que segundo a Norma Culta da Língua Portuguesa, apresentam inadequações que visam atingir algum objetivo.

Não são erros, mas sim construções que na linguagem escrita, de forma preconceituosa ou não, apresentam construções diferentes daquelas que são ensinadas nas aulas de gramática das escolas.

Não obstante, iremos apreciar alguns fragmentos de obras poéticas para entendermos o “Período composto por coordenação”, que por serem orações independentes, completam-se pelo sentido. Dentro desse período, há duas classes, a saber, orações assindéticas e orações sindéticas.

Observe o fragmento do poema de Gregório de Matos:

“Te espalha a rica trança, Quando vem passear-te pela fria:
Goza, goza da flor da mocidade; Que o tempo trata a toda legeireza,
E imprime em toda flor sua pisada. Oh não guardes, que a madura idade, Te converta essa flor, essa beleza;
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada”.

Percebe-se que em momento algum houve a presença de conjunção, e é exatamente essa ausência, a principal característica das “Orações Coordenadas assindéticas” que por não apresentarem conjunções, devem ser separadas apenas por vírgulas.

Agora, observe os fragmentos dos seguintes poetas.

Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta”. (Cecília Meireles – “Motivo”) - Conjunção explicativa e aditiva.

“Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar”. (Carlos Drummond de Andrade – “Viver não dói”) Conjunção adversativa.

“Quero vivê-lo em cada vão momento; E em seu louvor hei de espalhar meu canto; E rir meu riso e derramar meu pranto; Ao seu pesar ou seu contentamento”. (Vinícius de Moraes – “Soneto da Fidelidade”) – Conjunção alternativa.

“... Por isso, meu amor; Não tenha medo de sofrer; Que todos os caminhos
me encaminham pra você”.
(Vinícius de Moraes – “Eu não existo sem você”) – Conjunção conclusiva.

Como podemos perceber, "Orações Coordenadas Sindéticas" ao contrário das “Assindéticas”, são interligadas por conjunções, sejam elas aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas ou explicativas, como nos exemplos que apreciamos há pouco.

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