A Semana - Opiniões
De olho no futuro...
O perfil dos futuros profissionais em estudo
Tolerância,
personalidade, ética e união,
fatores
básicos para o sucesso profissional.
“O mundo corporativo americano está em transição. A geração de 50 anos, identificada como baby boomers, prepara-se para sair de cena. Nos próximos anos, algo como 7 milhões de profissionais vão se aposentar nos Estados Unidos, abrindo espaço, na base da pirâmide, para a próxima geração de executivos. Aí reside um problema: a garotada com pouco mais de 20 anos, que está chegando agora ao RH das companhias, não tem o perfil de seus antecessores. Ela não se parece com a geração de seus pais, que fez carreira trabalhando até 100 horas por semana e escalando, lentamente, a escada funcional das corporações.” (Porta-voz da geração Y, artigo de Ivan Martins, para a revista Época Negócios, janeiro de 2008)
E não é apenas o mundo corporativo e nem tampouco exclusividade norte-americana a transição que estamos assistindo no mundo do trabalho. Os acontecimentos extrapolam as fronteiras dos Estados Unidos e também a do universo dos administradores e economistas para atingir em menor ou maior proporção os quatro cantos do mundo e as demais áreas de atuação profissional, inclusive a educação.
O que não podemos perder de vista são as lições e os sinais que nos estão sendo dados a partir de determinadas áreas, nas quais a transição é muito mais acelerada e impiedosa, como aquela em que atuam os executivos. Esclareça-se, a propósito, que ao utilizar o termo “impiedosa”, relativamente as mudanças que estão em curso no mundo do trabalho, quero dizer que isso significa na prática que a profissionalização “absoluta” pela qual passam todos os setores produtivos da sociedade não admitirá mais paternalismos, amizades ou até mesmo parentescos como determinantes da contratação ou continuidade de um profissional numa empresa.
Isso não quer dizer que se extinguirá da noite para o dia a utilização de expedientes como o nepotismo, os concursos e concorrências em que há suspeitas (e comprovação em vários deles) de fraude ou favorecimento, a manutenção de funcionários ineptos em cargos de responsabilidade e comando ou qualquer situação semelhante. Ainda mais em um país como o Brasil, onde apesar dos esforços da nova geração (que se diz e aparenta ser mais disposta a atuar de forma ética e engajada em causas nobres), o ranço cultural que carregamos e que nos direciona para o famoso “jeitinho brasileiro” ou a prática da “lei de Gérson”, daquela em que as pessoas sempre querem levar vantagem em tudo...
No entanto, voltando a afirmação que abre esse editorial, há mudanças a vista no perfil dos profissionais que irão assumir empresas, escolas, hospitais, governos, indústrias, agricultura, pecuária, serviços e comércio. Em lugar dos workaholics (viciados em trabalho, que chegavam a trabalhar até 100 horas por semana), está surgindo uma geração que igualmente valoriza o esforço, o lucro, a dedicação e a vitória nos negócios... A diferença reside no fato de que esses novos trabalhadores não são mais workaholics e que, em virtude disso tem algumas características que nos fazem antever mudanças acentuadas para a humanidade nas próximas décadas, tanto no trabalho quanto nas outras áreas da vida cotidiana.
Os Workaholics devem ser substituídos por uma nova geração de trabalhadores, afeita ao trabalho e a produtividade,mas igualmente ligada à qualidade de vida.
E quem está dizendo isso? Estudos desenvolvidos por profissionais e acadêmicos preconizam essas alterações tanto nos Estados Unidos quanto em outras nações. Entre esses analistas e consultores, a obra da brasileira Penélope Trunk, empresária e colunista radicada na terra do Tio Sam, tem merecido destaque e atenção, ainda mais por ter se tornado um best-seller do segmento naquele país.
O livro, cujo título é “Brazeen Careerist” (ainda sem edição no Brasil), defende, por exemplo, as seguintes idéias para o mercado de trabalho nos próximos anos (com repercussões para pelo menos três décadas):
A diversidade na uniformidade significa que as pessoas que trabalham juntas devem ter objetivos corporativos semelhantes e que tem que utilizar suas qualidades pessoais únicas em favor do sucesso coletivo.
E o que se constata de tudo isso? Que certamente o mundo está mudando e, felizmente, para melhor. Várias empresas de tecnologia, como o Google, a Apple e a Microsoft, por exemplo, já adotam estratégias de incentivo aos funcionários como a adoção de expedientes de trabalho mais flexíveis ou ainda o home office (quando o funcionário trabalha em sua casa, abastecendo a empresa com os recursos, dados, informações e produtos que a mesma precisa como se estivesse fazendo expediente na própria instituição em que trabalha).
Profissionalismo aliado à qualidade de vida, é aí que os trabalhadores do futuro querem chegar. É possível conciliar isso? Creio que sim, ao menos, é o que estão indicando os especialistas e o próprio mercado...