Planeta Educação

Ensino de Línguas

Camila León Coordenadora da divisão Diálogo Idiomas - Vitae Futurekids/ Planeta Educação; consultora em Língua Inglesa do Planeta Educação; especialista em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade de Taubaté e graduada em Letras pela Universidade do Vale do Paraíba. Possui experiência no ensino de língua inglesa para crianças, adolescentes e adultos.

"Odds or evens"
A influência do folclore brasileiro no ensino de língua estrangeira

(Par ou Ímpar?) = (Odds or evens?)?

No ato de ensinar o professor traz consigo as lembranças das vivências como aluno e como ser no mundo desde a infância à vida atual, e entre elas estão presente as artes folclóricas.

Artes folclóricas são as manifestações de criatividade artística do gosto popular que, na maioria dos casos, são anônimas, repetidas inúmeras vezes, copiadas e adaptadas ao sabor das conveniências e da inspiração do momento.

Segundo Niza B. Megale (1999), as artes folclóricas podem ser encontradas nas mais variadas formas de expressão, tais como na linguagem e literatura, no teatro, na música, nas artes plásticas, nas danças folclóricas, entre outros.

Neste artigo será destacada a arte folclórica presente na Literatura Oral – termo criado por Paul Sebillot (1846-1918) – a qual se trata de narrativas e de manifestações culturais de fundo literário, transmitidas oralmente, por processos não-gráficos. São exemplos deste tipo de literatura contos, lendas, mitos, adivinhações, provérbios, parlendas, cantos, orações, frases-feitas tornadas populares, etc.

As fórmulas de escolha, para Niza B. Megale (1999), são também uma das formas de manifestação cultural presentes na Literatura Oral, que podem ser definidas como fórmulas usadas pelas crianças para brincar a fim de evitar descontentamentos, sorteando uma determinada função dentro da brincadeira, que muitas vezes é o posto menos desejado por eles.

Existem várias fórmulas de escolha, mas o milenar “par ou ímpar” é um dos mais utilizados até hoje. Aluísio A. (1946) descreve esta fórmula de escolha da seguinte maneira: Os dois jogadores ou os dois diretores do jogo ficam à frente, um diz: - Par! , o outro diz; Ímpar! Ou vice-versa, mantendo a mão direita fechada atrás. 

Trazem as mãos para frente com a palma para baixo, simultaneamente, apresentando de zero a cinco dedos. Somam-se os números. Se a soma é um número par, ganhou o que disse "par" e se a soma é um número ímpar, ganhou o que disse “ímpar”, e este tem o direito de começar o brinquedo ou escolher o primeiro parceiro.

Eis que surge uma questão: O professor de língua estrangeira pode utilizar em suas aulas as fórmulas de escolha, mais especificadamente, o “par ou ímpar”, uma vez que as culturas são diferentes? Ele tem o direito de traduzir a expressão ao pé da letra no idioma que está sendo ensinado, como por exemplo, jogar “Odds or evens”?

Alguns endereços eletrônicos, tais como o Blog "English Caffe” e os fóruns de discussão "Yahoo!Respostas" e "EBM - English made in Brazil", discutem a origem e utilização do “par ou ímpar” nas aulas de inglês.


Flip a coin... Head or tail?

Dentre eles, alguns acreditam que não se pode traduzir ao pé da letra a expressão, pois nos países que possuem o inglês como primeiro idioma, a fórmula de escolha conhecida no Brasil como “par ou ímpar” não é utilizada. E citam as fórmulas de escolha que são utilizadas pelos países que possuem o inglês como primeiro idioma, tais como “heads and tails” ou “flip/ toss a coin” e “paper, rock, scissors”.

Entretanto, uma vez que as artes folclóricas, no caso as fórmulas de escolha, estão presentes na cultura brasileira, como desvinculá-la na aula de língua estrangeira? Não seria interessante o professor de inglês fazer uma adaptação das fórmulas de escolha brasileiras a fim de compartilhá-las com os alunos e explicar as diferenças culturais que existem, para que o aluno não pense que aquela atividade que será dada é da cultura estrangeira?

Utilizar “Odds or evens” para a divisão de grupos em sala é uma excelente estratégia para auxiliar na democratização da escolha sem o autoritarismo e a centralização do professor, o qual passa a ser agente mediador na tomada de decisão dos alunos. Desta maneira, os alunos terão que aprender a conviver entre eles, respeitando as diferenças e aprendendo com o outro.

A respeito da importância do trabalho em grupo, os PNCs de Língua Estrangeira (3º e 4º ciclos – MEC/ 1998), ressaltam que as atividades em grupo podem contribuir significativamente no desenvolvimento desse trabalho, à medida que, com a mediação do professor, os alunos aprenderão a compreender e respeitar atitudes, opiniões, conhecimentos e ritmos diferenciados de aprendizagem.

Após esta reflexão sobre a influência das artes folclóricas brasileiras no ensino de língua estrangeira, fica a critério do professor de língua estrangeira decidir se é viável ou não para as suas aulas, utilizar-se também das artes folclóricas brasileiras ou manter-se fechado na cultura do outros países.

Referências Bibliográficas:

- ALMEIDA, Aluísio de. Notas do folclore infantil sul paulista. Revista do Arquivo Municipal, 12 (108):113-119, maio/jun.1946.)
- MEGALE, Nilza B. Folclore Brasileiro. Editora Vozes: Petrópolis, 1999.
- BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental - MEC/SEF, 1998.

Referências eletrônicas:

- http://terrabrasileira.net
- http://www.fcsh.unl.pt
- http://www.fe.usp.br/laboratorios/labrimp
- http://www.englishcaffe.info/2007
- http://br.answers.yahoo.com/question
- http://www.sk.com.br/forum

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