Planeta Educação

Aprender com as Diferenças

Elisete Oliveira Santos Baruel Diretora de Educação da Vitae Futurekids; Pedagoga; Especialização e Extensão na Área da Aprendizagem e Fracasso Escolar pela USP; Especialização em Gestão em Educação e Novas Modalidades de Ensino – Educartis Corporation pela FECAP – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado; Estágio Supervisionado no Projeto Educativo “Fazer a Ponte” – Ministério da Educação de Portugal e Study Group Reggio Emilia – Itália – Preschools and Infant-Toddler Centers – Istituzione of the Municipality of Reggio Emilia – Friends of Reggio Children International Association. E-mail: elisete.baruel@fk1.com.br

Desenvolvimento Inclusivo e Educação
Pedro Pinto / Portugal

Desenvolvimento Inclusivo – uma nova abordagem conceptual para tornar a Inclusão efectiva na Educação.

O grau de Inclusão Social é normalmente calculado através de indicadores "clássicos": falta crônica de acesso a serviços básicos de qualidade, ao mercado de trabalho, acessibilidades físicas, infra-estruturas adequadas e acesso aos sistemas de direitos.

Infelizmente, a estatística tem sido parca em boas notícias. Mas os vários modelos de desenvolvimento adoptados até aos nossos dias não foram suficientes para gerar o bem-estar de todos. Não se focaram na criação de igualdade de oportunidades!

Existem grupos que estão frequentemente em situação de desvantagem e vulnerabilidade: aborígenes/nativos, imigrantes, mulheres, idosos, pessoas portadoras de deficiência e ou com necessidades especiais, bem como minorias étnicas, religiosas, sexuais e sociais.

Estes grupos reconhecem-se facilmente pela sua condição de exclusão.Para que se possam concretizar acções mais efectivas face ao desenvolvimento, podendo neste conceito ser englobadas as várias expressões da diversidade humana, todas as políticas públicas devem ter em consideração as necessidades das comunidades que as integram e abandonar definitivamente a política do guetto e das migalhas para esconder o problema, com que normalmente se tratam aqueles grupos.

Isto quer dizer não apenas fazer da inclusão um tema de direitos humanos e um princípio de igualdade – é humana e economicamente redutor. Pelo contrário, uma abordagem operativa tem de propor alternativas, tão universais quanto possível, que permitam que as capacidades, habilidades e as diversidades de todos os grupos sejam tidas em conta no planeamento de políticas públicas ou mesmo empresariais.

A inclusão faz poupar dinheiro! Talvez assim percebamos que faz sentido de falar em Desenvolvimento Inclusivo.

No âmbito do compromisso assumido pela comunidade internacional na proclamação das Metas do Milênio, as organizações multilaterais, os governos e a sociedade civil reconhecem a necessidade de trabalhar juntos numa grande aliança que possa beneficiar os princípios de inclusão e igualdade de oportunidades, na luta contra a pobreza e em prol do desenvolvimento social, econômico e humano.

O conceito de Desenvolvimento Inclusivo procura fortalecer os direitos e capacidades do ser humano em todas as suas dimensões: econômica, social, política e cultural. Baseia-se em ferramentas tais como desenho universal, igualdade de oportunidades e justiça, e transforma a diferença, a diversidade e a especificidade numa vantagem, numa oportunidade, num direito.

O e-learning (e de electronic mas também de emotional) é uma ferramenta notável para conferir dinamismo e efectividade ao conceito de educação inclusiva. Alargar a colaboração entre as comunidades de aprendizagem pode ajudar a identificar os problemas e a propor soluções interdisciplinares para melhorar as práticas no terreno. Existem diversas áreas onde os recursos de aprendizagem e os ambientes enriquecidos pela tecnologia podem ser desenvolvidos: adaptação curricular, acessibilidade, tecnologia assistiva, formação, políticas públicas e relações entre a escola e a família, a comunidade e a sociedade civil.

A UNESCO descreve Educação Inclusiva como "um processo muito importante que procura responder às diferentes necessidades de cada aluno através de práticas inclusivas relativamente à aprendizagem, às diferentes culturas e a comunidade”; este processo também reduz a exclusão na educação. Tudo isto implica mudanças e transformações que dizem respeito a conteúdos, abordagens, estruturas e estratégias, baseadas numa visão comum que envolve todas as crianças do mesmo grupo etário, e na crença de que é responsabilidade do sistema educativo regular educar todos os meninos e meninas.

A Educação Inclusiva pressupõe que todas as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ser incluídas em todas as transformações e ajustes feitos para a maioria dos alunos.
As escolas inclusivas devem reconhecer e responder a todos as necessidades diferentes, considerando os seus diferentes estilos e ritmos de aprendizagem.

Devem também assegurar a qualidade na educação para todos através de currículos adaptados, adaptações institucionais, estratégias de ensino, uso adequado dos recursos e através de protocolos com as comunidades locais - UNESCO, Declaração de Salamanca.

Apesar de, em geral, a Educação Inclusiva ser mencionada em referência à inclusão de meninos e meninas com algum tipo de deficiência dentro dos sistemas de ensino regular, cada vez mais os educadores de todo o mundo reconhecem que uma abordagem inclusiva capaz de satisfazer as necessidades dos alunos é a que promove uma educação de elevada qualidade para todos.

Os baixos índices de literacia e de elevados indicadores de abandono escolar em diversos países da América Latina, Caraíbas e mesmo em Portugal são pontos-chave da falha das estratégias educativas na satisfação das diferentes necessidades da maioria dos alunos.

Muitas das crianças pobres destas regiões vão à escola em circunstâncias sociais e familiares muito complexas, que não lhes permitem condições de aprendizagem adequadas. Esta disparidade expressa por si só uma grande diversidade de necessidades, de classes distintas. A única forma de ter em consideração as necessidades de todas as crianças de uma forma efectiva é fazer uso de uma estratégia de educação inclusiva.

A Inclusão só acontece com escolas preparadas para criar ambientes e contextos de aprendizagem (cada vez mais enriquecidos pela tecnologia) capaz de responder às necessidades de todos. Na Cnotinfor, temos claro o nosso sonho: ajudar as escolas a incluir tantas meninas e meninos da nossa Aldeia Global, quanto possível.

Referências Bibliográficas

Amartya Sen (2004) "Disability and Justice", paper submitted at the II International Conference about Disability and Inclusive Development. World Bank, December.

Gordon L. Porter (1997) "Critical Elements for Inclusive Schools", Chapter in "Inclusive Education, a Global Agenda". (pp. 68-81) edited by Pijl, S.J., Meijer, C.J.W., & Hegerty, S., London, Routledge Publishing.

Marta Gil & Sérgio Meresman (2006) "Sinalizando a Saúde para Todos: HIV/AIDS e Pessoas com Deficiência", Amankay - Instituto de Estudos e Pesquisas.

Rosangela Berman Bieler (2005) "Inclusive development: a global deficiency approach". Deficiency and Inclusive Development Team for Latin America and Caribbean of the World Bank.

Schools for All (2002): Including disabled children in education, Save the Children, 17 Grove Lane, Londres SE5 8RD, United Kingdom.

Susan J. Peters (2003) "Educación Integrada: Lograr una Educación para todos, incluidos aquellos con discapacidades y necesidades educativas especiales", prepared to the Disability Group of The World Bank, April.

UNESCO (2004) "Embracing Diversity: toolkit for creative inclusive. Learning-friendly environments". Asia and Pacific Regional Bureau for Education.

UNESCO (2003) "Overcoming Exclusion through Inclusive Approaches in Education – a Challenge and a Vision". Basic Education Division, Section for Early Childhood and Inclusive Education.

United Nations Educational (2001) "Understanding and Responding to Children`s Needs in Inclusive Classrooms, A Guide for Teachers", Inclusive Education, Division of Basic Education, Scientific and Cultural Organization.

Windyz Ferreira (2003) "Relatório Políticas Públicas & Educação Inclusiva", in Educação Inclusiva no Brasil, Diagnóstico Atual e Perspectivas Futuras, The World Bank. Available at www.cnotinfor.pt/inclusiva

Recursos: Plataforma do Desenvolvimento Inclusivo www.pdi.cnotinfor.pt

Avaliação deste Artigo: 4 estrelas