Filosofando
Quando a razão nos sufoca...
Max Horkheimer
A história do menino que olhou para o céu e perguntou:
Papai, que é que a Lua está anunciando, é uma alegoria do que aconteceu a relação entre homem e natureza na era da razão formalizada. Por um lado, a natureza foi despojada de todo valor ou significado intrínseco.
Por outro, o homem foi despojado de todos os objetivos, exceto o de autoconservação. Ele tenta transformar tudo o que está a seu alcance em um meio para determinado fim.
Qualquer palavra ou sentença que insinuem relações que não sejam pragmáticas tornam-se suspeitas. Quando pedem a um homem que admire algo, que respeite um sentimento ou atitude, que ame uma pessoa por ela mesma, ele fareja sentimentalismo e suspeita que estão querendo levá-lo na conversa ou tentando vender alguma coisa.
Embora as pessoas possam não perguntar o que é que a Lua estaria anunciando, tendem a pensar nela em termos de balística ou de milhas aéreas.
A completa transformação do mundo em um mundo mais de meios do que de fins é em si mesma a conseqüência do desenvolvimento histórico da produção.
Quanto mais a produção material e a organização social se tornam complicadas de reificadas (coisificadas), mais difícil se torna o reconhecimento dos meios como tais, desde que eles assumem a aparência de entidades autônomas. (...)
A moderna insensibilidade para com a natureza é de fato apenas uma variação da atitude pragmática que é típica da civilização ocidental como um todo.