Cinema na Educação
20.000 Léguas Submarinas (1954)
Imaginação sem precedentes
O espírito científico tomou conta do mundo durante o século XIX. Particularmente na Europa, em países como a França, a Inglaterra e a Alemanha, a confiança no progresso advindo da ciência, tornou-se parte essencial da concepção de mundo daquele período. A invenção do trem, dos navios transatlânticos, do telégrafo (e logo depois, do telefone), o surgimento da eletricidade e dos motores a combustão, do cinema e de tantas outras novidades inflou o ego da humanidade, fazendo-lhe crer em possibilidades infinitas a partir de sua capacidade de criação e realização.
Nesse contexto, marcado pelas bem-sucedidas realizações de diversos cientistas e pesquisadores, a literatura não podia ficar de fora. Trabalhos como os de Júlio Verne (20.000 Léguas Submarinas, A Volta ao Mundo em 80 dias, Viagem ao Centro da Terra,...), H. G. Wells (O Homem Invisível, A Máquina do Tempo, A Guerra dos Mundos) e Mary Shelley (Frankenstein) acabam incorporando a dinâmica própria da realidade em que se encontram inseridos seus autores (ciência, realização, criatividade, inexistência de limites para a capacidade dos homens).
Entre todos eles, particular destaque para o enorme sucesso (merecido) e repercussão das obras do francês Júlio Verne (1828-1905). Verne foi encaminhado para o estudo do direito em Paris (seguindo a vontade de seu pai), não se mostrou interessado em levar adiante a carreira de advogado e, para se sustentar começou a escrever suas histórias. Impulsionado pelas grandes vendagens de seus livros, tornou-se um dos primeiros escritores a conseguir viver a partir de direitos autorais.
Procurava em seus escritos consagrar a humanidade em virtude de seus êxitos, ao mesmo tempo em que demonstrava um certo temor quanto às possibilidades e limites da tecnologia. Suas histórias misturam ação, uma certa dose de suspense, máquinas fantásticas e ambientes exóticos e diferenciados em relação ao que um europeu encontraria em seu país de origem.
Em 1954, a Disney produziu uma versão do clássico da literatura para as telas do cinema. Contratou estrelas de grande repercussão na época (como Kirk Douglas, James Mason e Peter Lorre) e investiu em efeitos especiais notáveis para aquele período. O filme pode parecer um pouco arrastado para o público de hoje, mais afeito à velocidade e a adrenalina incessante, mas vale a pena conferir, já que a obra imortal de Verne não perde jamais seu charme e valor!
A História
Navios que vão e não voltam. Marinheiros que jamais puderam retornar para suas famílias. Um mistério para todos que vivem em contato com o mar, que o temem e respeitam, mas que sabem que experientes homens do mar dificilmente perdem o caminho de casa. Nesse contexto alarmante não há navios que possam levar o professor Pierre Aronnax (Paul Lukas) a Xangai. Estudioso da vida marinha, a muito custo consegue embarcar numa expedição encomendada pelo governo americano para decifrar o motivo do desaparecimento de tantos navios.
Imaginando que iriam enfrentar algum monstro marinho, a tripulação liderada por Ned Lang (Kirk Douglas), se arma e se prepara para o pior. Estavam a ponto de se defrontar com um colosso para a época, "monstro" jamais visto por qualquer um entre eles. Chamava-se Náutilus.
Era o submarino do Capitão Nemo (James Mason). Um visionário que uniu os esforços da ciência e da técnica para o surgimento de uma máquina que possibilitava ao homem descobrir o mundo oceânico. Um engenho que jamais fora concebido até aquele momento.
Mas, o que havia motivado esse gênio a isolar-se em relação à humanidade? O que mais ele teria descoberto? Que novas informações ele poderia dar ao professor Aronnax e a Ned Lang?
Aos Professores
1- Trabalhar com o apoio da literatura de ficção (elaborada por autores como Júlio Verne, H. G.Wells ou Mary Shelley) transforma nossos alunos em verdadeiros aliados. A qualidade dos trabalhos, o caráter fantástico das histórias, as narrativas cheias de surpresas em suas tramas e algumas outras características acabam interessando os grupos e permitindo ótimos resultados.
2- Para que isso aconteça é imprescindível que o professor tenha lido os textos selecionados e conheça bem as histórias. Não dá para ler o texto todo na sala de aula, cabe ao professor destacar trechos, selecionar atividades em relação aos mesmos e animar a sala para a leitura e para os trabalhos propostos.
3- A maior parte das grandes obras mencionadas nesse texto (O homem invisível, A Volta ao Mundo em 80 dias, Frankenstein, 20.000 léguas submarinas,...) já foram filmadas. A utilização dos filmes paralelamente ao trabalho com os livros é a melhor recomendação a ser feita. É interessante notar como os alunos geralmente ficam surpresos ao perceberem que a versão cinematográfica não consegue manter o nível dos livros.
4- Procure sempre contextualizar a obra, identificando o autor, falando sobre o período em que o livro foi escrito (o que estava acontecendo, como isso influenciou, quais são os outros expoentes da cultura dessa época,...), sobre o país em que vivia tal escritor, entre outras informações. Isso auxilia a compreensão da obra pois estabelece conexões entre o mundo de então e a obra, dando dicas das motivações que levaram o autor a produção desse ou daquele trabalho.
Ficha Técnica
20.000 léguas submarinas
(20.000 thousand leagues under the sea)
País/Ano de produção:-
EUA, 1954
Duração/Gênero:- 126
min., Ficção
Disponível em VHS
Direção de Richard Fleischer
Roteiro de Earl Felton, baseado na obra de
Júlio Verne
Elenco:- Kirk Douglas, James Mason, Paul
Lukas,
Peter Lorre, Robert J. Wilke, Ted de Corsia.
Links
http://www.adorocinema.com.br/filmes/20000-leguas-submarinas/20000-leguas-submarinas.asp
http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=13255
http://www.rottentomatoes.com/m/20000LeaguesUndertheSea-1000079/ (em inglês)
http://us.imdb.com/Title?0046672 (em inglês)