Tecnologia Assistiva - 05/09/2007
Teófilo Alves Galvão Filho
Publicado na "REVISTA AREDE - Tecnologia para Inclusão Social". São Paulo: Momento Editorial, nº 53, novembro/2009: www.arede.inf.br/inclusao/edicoes-anteriores/152-edicao-no53-novembro-2009/2445-tecnologia-assistiva
São evidentes as transformações que vêm ocorrendo na sociedade contemporânea, decorrentes tanto dos acelerados avanços das tecnologias, como também da expansão de uma nova cosmovisão inclusiva, que aponta para a valorização da diversidade humana e para a superação de todos os mecanismos de exclusão social.
Pessoalmente, pude obter um bom retrato dessas mudanças e avanços, pela alta qualidade de diferentes projetos desenvolvidos no país, os quais conheci como jurado do Prêmio ARede.
Nesse mundo mergulhado em profundas e aceleradas transformações, a chamada Tecnologia Assistiva emerge como uma área do conhecimento e de pesquisa que tem se revelado como um importante horizonte de novas possibilidades para autonomia e inclusão social da pessoa com deficiência.
No Brasil, 14,5% da população são pessoas com deficiência – cerca de 27 milhões de brasileiros, segundo o IBGE.
A Tecnologia Assistiva, entendida como qualquer recurso, produto ou serviço que favoreça a autonomia, a atividade e a participação da pessoa com deficiência, encontra um forte aliado nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
Hoje, por meio delas, pessoas até com graves comprometimentos começam a poder realizar atividades ou desempenhar tarefas que, até bem recentemente, lhes eram inalcançáveis.
Controlar o computador por meio de sopros ou mesmo com o movimento voluntário de apenas um músculo do corpo já é uma possibilidade real para essas pessoas.
E uma possibilidade frequentemente bem mais acessível e barata do que se imagina.
As pesquisas, embora ainda sejam poucas nessa área, têm surpreendido a cada dia com novas descobertas, novos dispositivos, novos programas de software, que abrem amplos horizontes para as pessoas com deficiência.
Por isso, o acesso dessas pessoas a recursos tecnológicos, ao computador e à internet cada vez mais deve deixar de ser percebido como algo apenas opcional ou secundário.
Trata-se de um direito fundamental para o exercício pleno da cidadania e para o acesso a outros direitos básicos como aprender, comunicar-se, trabalhar, divertir-se, etc.
Entretanto, a Tecnologia Assistiva ainda é bastante desconhecida, tanto da população em geral como dos centros de pesquisa, e, por isso, está quase ausente nas políticas públicas.
Embora já comecem a surgir programas oficiais de fomento à pesquisa e desenvolvimento nessa área, são ainda em número muito reduzido, em relação às necessidades e demandas.
A ignorância alimenta preconceitos.
No exato momento em que escrevo este artigo, o estudante Guilherme Finotti, 17 anos, com graves sequelas de paralisia cerebral, que o impedem de falar, andar ou se movimentar de forma coordenada e que, no entanto, pôde cursar com sucesso todos os seus estudos em escola regular por meio de um computador adaptado, é impedido de realizar o exame do ENEM, porque não lhe permitem utilizar esses recursos tecnológicos para fazer a prova...
Esse exemplo concreto dá uma idéia do longo caminho ainda a ser percorrido para o desenvolvimento e difusão dessa área tão promissora para a autonomia da pessoa com deficiência e para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Teófilo Alves Galvão Filho: Mestre e Doutor em Educação, Teófilo Galvão Filho é pesquisador em Tecnologia Assistiva para inclusão educacional de alunos com deficiência (www.galvaofilho.net).
1 Roberta Lima de Cerqueira - Aracaju
Sou Coordenadora de uma Escola Particular de Ensino Médio e acabamos de receber um menina de 18 anos, transferida de Salvador da oitava série, para o nosso 1º ano Médio. Para nós é um desafio pois não temos psicóloga na Escola e nunca trabalhamos com jovens especiais, mas aceitamos a aluna e passamos tudo isso para a mãe dela, entretanto a mãe aceitou porque foi realmente uma exigência da filha que escolheu a escola através do catálogo telefônico. O mais importante é que gostaria de saber como proceder com as atividades escolares e avaliações. Muito obrigada.
01/02/2008 11:26:42
2 sérgio barbosa domingues - fortaleza
Concordo com o teor do texto. Na verdade, numa escola que se diz democrática, o acolhimento deve ser parte intrínseca de sua prática pedagógica. Para tanto, políticas que apontem para esse norte é um "santo caminho"(não um santo remédio,pois não se tratra de doença), e devem ser incentivadas sempre. Atitudes como respeito, aprendizado mútuo, cooperação, amizade, carinho, enfim, amor, continuam sendo bons materiais pedagógicos
25/12/2007 13:43:42
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