Aprender com as Diferenças
 

Depoimento: Rio Branco, o melhor lugar do mundo! - 14/05/2007
Maria Lúcia Oliveira Carvalho

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É uma grande alegria poder falar um pouco do que podemos realizar aqui em Rio Branco. (O melhor lugar do mundo...).

Trabalho no Centro Estadual de Atendimento ao Deficiente Visual.

A intervenção precoce é minha paixão; embora tenha descoberto o quanto é necessário e importante o trabalho voltado a atender a pessoa idosa, a partir de um projeto que contempla essa clientela que requer mais atenção. Penso que o que temos a oferecer não atende as necessidades...

Nos últimos anos estamos investindo na estruturação do atendimento as crianças nos primeiros anos de vida.

Estou falando de um atendimento que foi implantado a partir do momento que vivenciei uma mãe comparecer várias vezes ao Centro, procurando atendimento para sua filha de nove meses, e não encontrou.

O motivo se justificava: não tínhamos nenhuma criança nessa idade, portanto não havia necessidade de capacitar um profissional para realizar o atendimento; ou para que capacitarmos se não havia crianças para serem atendidas.

E isso durou alguns longos anos...

Diante da situação que persistia, disse ao atual diretor:

- Nós não temos o direito de tirar a esperança dessas mães. Elas nos procuram como se nós fossemos resgatar a esperança do seu filho se desenvolver normalmente ou até mesmo na compreensão delas, de que de repente seus filhos "ficassem bons"...

Se você permitir eu vou atender!

Saio do meu setor (Núcleo de Produção Braille) e duas vezes por semana me disponho a atender essas crianças; somente me dê um tempo que irei ao Dom Bosco (Deficiência Mental) ver como se realiza o atendimento das crianças por lá.

E a Clara Ellis com baixa visão, foi diagnosticada como cega pelo médico e a mãe percebeu que ela enxergava pelo cantinho do olho. Essas mães...

Hoje está incluída na Educação Infantil, acompanhando melhor que muita criança, é claro, com as devidas adaptações.

Depois de Clara vieram outros e outros, mas, posso confessar, temos ainda a maior dificuldade em localizar as crianças na idade ideal de serem estimuladas.

De repente tínhamos "crianças" de zero até 22 anos na estimulação. Que confusão... E agora pronto.

Isto mostra que basta oferecer o serviço que a clientela vai chegando, mesmo de forma tímida, porém o pouco que realizamos demonstra que certamente, estamos fazendo a diferença.

Este ano 2007 estamos passando por um processo de reestruturação do atendimento.
Fiquei com medo de estar fazendo coisas absurdas e senti que precisava de apoio, decidi e fui procurar a Gerência de Educação Especial.

O atendimento foi dividido + ou – por faixa etária, Marilda Bruno diz em outras palavras que fazemos isso na verdade para facilitar o nosso trabalho e não necessariamente pensando nas crianças que atendemos.

Intervenção Precoce - 0 a 3 anos.
Intervenção Pedagógica I - 4 a 7anos.
Intervenção Pedagógica II- 7 a 11 anos.
Programa Educacional Alternativo - 12 anos em diante acima

Estamos fazendo estágio para aprender como se trabalha em uma equipe multiprofissional, pois nunca tivemos isso.

Este ano contamos com: pedagoga; fisioterapeuta; terapeuta ocupacional; educador físico; fonoaudiólogo, além de desenvolver atividades de vida diária, informática, orientação para a mobilidade aos que não possuem mobilidade convencional e educação física com alongamentos para tirar um pouco da preguiça do corpo que muitas ainda chegam dormindo e querem continuar roncando...

O atendimento está organizado de forma a contemplar o trabalho em grupo e individual, com a participação da família.

O atendimento individual com duração de 60 minutos, duas vezes por semana, passou a ser três. Os grupos possuem no máximo quatro crianças e existem dois profissionais permanentes no atendimento.

Na verdade, estamos nos adequando com o principal argumento e justificativa de que nossas crianças precisam se socializar, brincar, até mesmo ouvir o outro chorar, gritar, abraçar, dizer oi mesmo que não falem e não escutem...

Estão em casa à maioria das vezes sozinhas e quando chegam aqui, o sofrimento é grande, pois não sabem como lidar com tanta diversidade, nunca tiveram a oportunidade de vivenciar a inclusão...

Recebi algumas críticas; pensei que não conseguiria segurar, minha maior preocupação: como irei trabalhar com a resistência e descrença de alguns profissionais?

Estamos nos adaptando e aprendendo, antes não tínhamos para onde ir agora temos alternativas e soluções em nosso trabalho.

Nossa equipe vem se empenhando, para melhorar a cada dia o atendimento. Estamos nos divertindo junto com as crianças e as mães.

Estou feliz e agradeço a todos pelo o que cada um vem realizando.

E sei que este ano será o nosso ano.

Milhões de beijos!

Abraços,
Maria Lúcia - Lucinha
Coordenador Luiz Braz

Contato: luciaceadv@hotmail.com

Maria Lúcia Oliveira Carvalho: Trabalha no Centro Estadual de Atendimento ao Deficiente Visual - CEADV em Rio Branco, capital do Acre, como Coordenadora da Intervenção Precoce.
Cursando Pós-graduação em Psicomotricidade.

Avaliação deste Artigo: 3 estrelas
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1 COMENTÁRIOS

1 Fernanda Comeli Ordonho - São Paulo
Boa Noite! Estou fazendo Pós em E. Especial e gostaria de escrever uma monografia sobre a intervenção precoce em bebês com algum tipo de deficiência, mas não encontrei nada no âmbito psicopedagógico. Li seu artigo e fiquei interessada no trabalho que desenvolvem, existe algum teórico que embasou este projeto? Penso que poderemos trocar informações, o que favorecerá muitas pessoas além de nós. Fernanda
29/03/2008 21:04:15


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