Blind Kid, o Herói do Agreste, a primeira rádionovela totalmente (e apenas) digitalizada! - 07/05/2007
Capítulos XIII e XIV
"Brincar, Sorrir e Sonhar, são coisas sérias!"
Editor: Luís Campos - Blind Joker
Edição Especial de Bang-Bang
Salvador - Bahia – Brasil
A Revista Cego a vista, em parceria com a Rádio LC51 FDP, a Rádio Criativa de Portugal e o Jornal Bizu de Salvador, orgulhosamente apresentam:
“Blind Kid, o Herói do Agreste, a primeira rádionovela totalmente (e apenas) digitalizada!”
Está entrando no ar, na terra, no mar. Na sua maninha!
A minha, a sua, a nossa... A da mãe!
Rádio LC51 FDP (Freqüência Desmiolada Paranormal)
O som do seu radinho de pilha! Rádio LC51 FDP 24.69 HPs de Impotência!
Rádio LC51 FDP
A voz da Bahia que o Brasil... Desconhece!
Vinte e quatro horas... Fora do ar!
A Rádio LC51 FDP tem a honra de apresentar para o mundo, sua quarta e mais brilhante rádionovela:
Blind Kid, o Herói do Agreste...
Mais valente que Pepe Legal... Mais charmoso que Lucky Luke... Mais temido que Kactus Kid... Mais rápido que o Xerife Ricochete... Mais inteligente que Rin TinTin... E mais cego que uma toupeira!
Capítulo XIII
Narrador - Após aquela discussão boba entre o autor dessa novelinha e a jornalista Debby, vamos dar uma voltinha no salão do Talk Saloon... Ei, o que vejo naquela mesa ali no canto? Ah! É o Xerife Ed Mundy, o Capitão Evans Gell, o Coronel Glauck Ferys e o Blind Kid, jogando vinte-e-um... Isso é que é vida... Ficam jogando baralho e ainda recebem cachê pra isso! Esses nasceram com o fiofó pra lua! Bem, enquanto esses desocupados jogam, saiamos um pouco de Vox City e vejamos o que anda acontecendo nas terras dos peles-vermelhas dessa novelinha... Quem sabe, lá, tenhamos alguma ação! (Rê rê rê!). Epa! O pau tá comendo na casa de Noca, digo, na aldeia dos Apa Axés! Ah! É um Conselho de Guerra extraordinário, convocado durante as férias de fim de ano das tribos! Todo ano é a mesma coisa... Isso é uma vergonha!
Autor - O que você tem com isso, seu narradorzinho Boriskasoiviano?
Narrador - Ora, Chefinho... A gente deve estar atento a esses abusos!
Autor - Abuso? Você é que é abusado! O que você tem a ver com as férias do Conselho Índio? Foi você quem elegeu os conselheiros tribais?
Narrador - Parece que o Chefinho não tem lido o Vox Populi News!
Autor - Ler aquelas baboseiras que a Debby Bora escreve? Nunca!
Narrador - Mas ela só escreve a verdade, Chefinho!
Autor - Quer saber de uma coisa?
Narrador - Até duas, Chefinho!
Autor - Volte ao trabalho que você ganha mais!
Narrador - Oba, aumento! Já era tempo do Senhor reconhecer meu valor, Chefinho!
Autor - Não é nada disso, paspalho! Trate de narrar a novela, bestão!
Narrador - (*&¨$#%@!).
Autor - Disse alguma coisa, idiota?
Narrador - Não, Chefinho... Apenas pensei alto!
Autor - Ah! Você não ganha pra pensar, imbecil! Volte logo à narração, sua besta!
Narrador - Tudo bem, Chefinho! Como eu dizia, os chefes de todas as tribos estavam reunidos para decidir se entrariam em guerra contra os caras-pálidas, instigados pelo Apa Axé renegado Jorônimo e sua inseparável parceira renegada, Índia Arra...
Jorônimo - Homem branco mata bisão, derruba árvore, queima mata, passa pereba pra índio...
Índia Arra - Ele não usa camisinha...
Jorônimo - Que papo é esse, Índia Arra?
Índia Arra - Nada não, amorzinho... Apenas de ouvir falar!
Jorônimo - Ah! Voltando ao bisão velho... É por isso, nobres Chefes, que temos de matar todos esses caras-pálidas...
Índia Arra - Inclusive o autor dessa novelinha que...
Jorônimo - Cala essa boca, Índia Arra! Quer nos comprometer?
Índia Arra - Mas nós já somos comprometidos, Amorzinho!
Jorônimo - Deixa pra lá, Índia Arra! Como eu dizia, Chefe...
Chefe Edyn Nylls - Por Manitu, Jorônimo! Nós, Apa Axés, sempre vivemos em paz com os caras-pálidas... Até participamos de suas festas!
Jorônimo - Claro Chefe... Basta homem branco mandar trio-elétrico e os Apa Axés passam o ano dançando!
Índia Arra - Não esqueça a água de coco e o capeta, Jorônimo!
Jorônimo - É isso que homem-branco quer... Deixar índio de fogo pra índio ficar caladinho!
Índia Arra - Bravo, meu bravo! Falou e dizeu!
Jorônimo - Menos, Índia Arra, menos... E é falou e disse!
Índia Arra - Foi isso que Índia Arra dizeu!
Jorônimo - Deixa pra lá! Bem, Chefe Edyn Nylls... O que você resolve?
Chefe Edyn Nylls - Vamos reunir Conselho e votar secretamente...
Jorônimo - Voto secreto de novo? Assim não dá, assim não pode!
Narrador - Sem ligar para a observação de Jorônimo, o Chefe Edyn Nylls chamou os demais chefes e todos entraram na "Tenda Conselhal". O chefe Apa Axé assumiu a presidência do Conselho Tribal...
Chefe Edyn Nills - Nobres colegas declaro aberta à sessão e espero um mínimo de decoro dos nobres caciques! Nada de dança nem falar palavrão! Pela ordem!
Chefa Mally Lylla - Hic... Os Moy... Hic... Kannas... Hic... Votam pela... Hic... Absolvição do companheiro... Hic...
Chefa Naa Djaa - Chefa Mally Lylla, não é nada disso... Iremos votar para decidir se haverá guerra ou não contra os caras-pálidas!
Chefa Mally Lylla - Ah é... hic... Chefa Naa Djaa? Hic... Chefa Moy Kanna... Hic... Adora dançar em... Hic... Conselho... Hic!
Chefa Naa Djaa - Nós, os Naa Vasos votamos por fumar o cachimbo da paz com os caras-pálidas... Tem cada um bonitinho!
Chefe Marsill - Os Daa Kostas votam com os Naa Vasos! Homem branco é tão fofinho!
Chefe Lex Moytt - Os Yro Keezes votam pela guerra! Esses brancos só pensam "naquilo" com nossas mulheres! E os rancheiros estão tomando nossas terras...
Chefa Sonn Hoff - Os Chey Nn votam pela guerra... Também cansei do abuso de caras-pálidas, roubando nosso ouro e diamantes!
Chefa Maryl Zza - Os Chy Howxs votam pela guerra! Estamos pegando a subaqueira e mau-hálito de homem branco, além de termos nossos animais capturados e abatidos por puro prazer!
Chefa Theo Datt - Os Con Manchas votam pela guerra! Esses brancos safados vivem querendo namorar minha inocente filhinha, Lie Ghya!
Chefa Mally Lylla - Os Moy... Hic... Kannas votam... Hic... Pela paz... Hic! Homem branco... Hic... É tão bonzinho... Hic!
Chefe Edyn Nills - Até o momento temos quatro votos pela guerra e três pela paz... Como voto pela guerra, meu voto decide a questão!
Narrador - Chefinho acho que o Senhor se equivocou um pouquinho!
Autor - O Senhor está querendo dizer que eu errei Senhor Narrador?
Narrador - Longe de mim, Chefinho! Chefe nunca erra se engana!
Autor - Ah! E em que me enganei, Senhor Narrador?
Narrador - No sétimo capítulo, o Senhor escreveu: "Tony Kakoo, chefe dos Chey Nn e seu primo, Tony Munz, chefe dos Yro Keezes". No décimo segundo capítulo esses dois são comparsas do El Calderon. E neste capítulo aqui, o Lex Moytt é Chefe dos Yro Keezes e a Sonn Hoff é a Chefa dos Chey Nn...
Autor - Ora, Senhor Narrador, preocupar-se com uma bobagem desta?
Narrador - Mas, Chefinho... Os leitores podem ter observado esse erro!
Autor - Que erro? Isso foi apenas falta de material humano... Atores baratos andam escassos nesses tempos, meu caro!
Narrador - Por isso o Chefinho não quis contratar novos atores?
Autor - Você sabe muito bem que a verba anda curta... Além do mais, bons atores custam os olhos da cara!
Narrador - Ih, se sei! Não recebo há três meses!
Autor - Detalhes, apenas detalhes! E tem mais uma coisinha: o ouvinte nem percebe essas falhas... Acontece nos melhores filmes!
Narrador - Mas isso aqui não é um filme, Chefinho!
Autor - Filme, novela, livro... É tudo o mesmo! Mais alguma coisa?
Narrador - Já que o Senhor insiste, Chefinho! Eu não queria dizer...
Autor - Diga logo... Deixe de lenga-lenga!
Narrador - É que o Senhor está escrevendo "chefa"...
Autor - Você está a fim de me azucrinar, né? Por acaso já ouviu falar em neologismo?
Narrador - Não é isso, Chefinho... Só quero colaborar!
Autor - Então pare de encher lingüiça e continue a narração!
Narrador - Está bem, Chefinho! Não precisa ficar nervoso! Como eu ia dizer, voltemos ao Conselho Tribal...
Chefe Edyn Nills - Nobres Conselheiros, a maioria decidiu pela guerra, está encerrada a sessão! Vamos dar a boa nova ao nosso povo!
Narrador - Os chefes e chefas saíram da Tenda Conselhal e o chefe Apa Axé exclamou:
Chefe Edyn Nills - Que rufem os tambores!
BUM! BUM! BUM! BUM! BUM! BUM! BUM! BUM!
Narrador - Os figurantes, digo, os índios das tribos reunidas que, sentados no chão, aguardavam o pronunciamento do Chefe do Conselho Tribal, calaram-se de repente assim que os chefes saíram da tenda...
Chefe Edyn Nills - Meu povo e minha pova... O Conselho Tribal, por cinco votos a três, decidiu pela...
A galeria índia - Guerra ou paz? Guerra ou paz? Guerra ou paz?
Chefe Edyn Nills - Guerra... Guerra aos homens brancos!
A galeria índia - Uuuuuuuuuu Fiuiiiii iaqiaqiaqiaqiaq uuuuuuuuuu fiuiiiiii iaqiaqiaqiaqiaqiaq uuuuuuuu fiuiiiiiiii!
Jorônimo - Vencemos, Índia Arra! Agora esses caras-pálidas verão o que é bom pra gripe!
Índia Arra - Eles estão gripados, Amorzinho?
Jorônimo - Por Manitu, Índia Arra! Deixa pra lá!
Narrador - Enquanto esses índios remelentos vão pintar suas caras feias, vamos dar uma voltinha no quartel dos Vox Powers Rangers, onde estão reunidos o Capitão Evans Gell, o Coronel Glauck Ferys, o Coronel Jott Sall, o Xerife Ed Mundy e o Blind Kid...
Narrador - Enquanto isso, na citada reunião...
Capitão Evans Gell - Senhores... Como vocês leram aí em cima, esses Peles-Sujas, digo, Vermelhas, declararam guerra ao homem branco, seja ele branco, pardo, mulato, sarará, negro, amarelo, mikejaquesiano...
Blind Kid - Mikejaquesiano? Que cor de pele é essa, Capitão?
Ed Mundy - Ora, ora, Blind! Nem parece que lê o Vox Populi News!
Coronel Jott Sall - Blind, meu filho, mikejaquesiana é a cor do ET!
Coronel Glauck Ferys - Senhores, isso não vem ao caso! Nosso problema é saber como combateremos esses índios!
Blind Kid - Isso é problema do autor, Coronel!
Ed Mundy - Não é bem assim, Blind! Temos que nos proteger do desemprego!
Blind Kid - Desemprego? Como assim?
Coronel Jott Sall - Blind, meu filho... Se formos "mortos" pelos Peles-Vermelhas, perderemos essa mamata!
Blind Kid - Mamata? Com o cachê miserável que esse autorzinho nos paga? Ahahahahahhaah!
Xerife Ed Mundy - Calma Blind... Vai que ele nos ouve?
Blind Kid - Ouvir o que falamos? Há essa hora? Ahahahahaah! Vocês não o conhecem! Ahahahahaha! Se depender da disposição desse baiano, essa guerra só acontecerá no capítulo final... E sem uma flechada sequer! Ahahahahahaha!
Capitão Evans - Meus amigos, além dos índios, ainda temos que nos preocupar com o El Calderon e seus comparsas!
Xerife Ed - E com o Humber Too e seus asseclas também, Senhores!
Blind - E com alguns pistoleiros que devem aparecer nessa novelinha!
Coronel Glauck - Caraca! Estamos bem arranjados!
Blind Kid - Quem mandou votar no homem? Ainda vem muito chumbo grosso por aí!
Coronel Jott Sall - Bem, Senhores... Colocaremos os quartéis em alerta máxima e aguardaremos os próximos capítulos!
Capitão Evans Gell - É isso aí, Coronel Sall... Estamos chorando antes de o leite derramar!
Blind Kid - Leite?! Que leite, Capitão?
Xerife Ed Mundy - É só uma maneira de falar, Blind!
Blind - Ah! É que eu acho um desperdício derramar-se leite!
Narrador - Como essa reunião parece que não acaba mais, acho melhor eu "acabar" esse capítulo. Até o próximo!
Capítulo XIV
Narrador - Enquanto os peles-vermelhas se preparam para guerrear contra os caras-pálidas, vejamos o que acontece com alguns homens brancos já nossos conhecidos...
Humber Too - Logo chegaremos ao Rancho Olho de Gata, rapazes! Estou troncho de saudade da Syll Vyha!
Ty Agoo - E eu estou doido pra conhecer a irmã dela!
Dady Vã - E nós vamos chupar o dedo?
Joseph Vã - Deixe de ser bobo mano... Lá tem muitas frutas!
Dady Vã - Não é isso que quero dizer, mano... Deixa pra lá!
Humber Too - Calma rapazes! Há um monte de pequenas bonitas lá no Rancho Olho de Gata!
Joseph Vã e Dady Vã - Oba! Vamos lavar a égua!
Narrador - Quando os meliantes aí atravessaram o Miss Syppe River, foram surpreendidos por um bando de índios, chefiados pelo renegado Apa Axé Jorônimo e sua inseparável cúmplice Índia Arra...
Bando renegado - Uuuuuuuuuu! Uuuuuuuuuu!
Jorônimo - Mais quatro escalpos para minha coleção!
Índia Arra - Mais quatro perucas para minha coleção!
Humber Too - Diabos! De novo, não! Protejam-se, rapazes!
Narrador - Humber Too e seus comparsas esporearam seus cavalos e galoparam em direção ao Canyon do Buraco Negro, escondendo-se entre as pedras. Logo os índios chegaram e ficaram dando voltas em torno deles, gritando e atirando, como vocês já cansaram de ver em tudo que é filme de faroeste americano...
Bando renegado - Uuuuuuuuuu! Uuuuuuuuuuu!
BANG! TUIM! BANG! BAM! TUIM! BANG! BANG! BANG!
Ty Agoo - Chefe... Estamos cercados!
Dady Vã - Estamos lenhados, Chefe!
Joseph Vã - E agora, Chefe?
Humber Too - Diabos! Deixem de conversa pra boi dormir e tratem de atirar nesses índios!
BANG! TUIM! BANG! BAM! TUIM! BANG! BAM! BANG! TUIM!
BANG! BAM! TUIM!
Narrador - A luta já durava cerca de duas horas, embora ninguém acertasse em ninguém, quando, ao longe, a Índia Arra avistou uma nuvem de poeira...
Índia Arra - Ih, Jorônimo... Aquela poeira vai sujar o cabelo que lavei há três luas!
Jorônimo - Por Manitu! É a cavalaria! Sujou! Fujamos!
Narrador - Jorônimo e seus renegados, galopando em disparada, deixou o local, dando um aviso ao Humber Too...
Jorônimo - Ainda nos encontraremos... E seu escalpo irá para minha coleção, Humber Too!
Humber Too - Vá para o diabo, Jorônimo!
Ty Agoo - Chefe fomos salvos pela Cavalaria...
Humber Too - Cavalaria? Sujou! Fujamos rapazes!
Narrador - Quando a Sétima Cavalaria chegou ao local do conflito, o bando já havia se evadido...
Coronel Glauck Ferys - Tenho certeza que vi alguns índios por aqui!
Sargento Paul Donn - O Senhor está certo, Coronel! Aqui estão algumas flechas quebradas e cápsulas deflagradas...
Coronel - Eu não disse, eu não disse! São indícios de luta!
Sargento - Vai ver eles estavam atacando alguns colonos indefesos!
Coronel - Certamente, Sargento! Vamos atrás desses renegados!
Sargento Paul Donn - Cabo Corneteiro... Toque o toque de atacar!
TAN TAN TAN TAN TAN! TAN TAN TAN TAN TAN!
TAN TAN! TAN TAN TAN!
Narrador - Então a cavalaria cavalgou atrás dos índios, enquanto o bando do Humber Too, salvo pelo gongo, galopava em direção oposta...
Ty Agoo - Escapamos por um triz, Chefe!
Humber Too - Nem me fale Ty! O que importa é que escapamos!
Dady Vã - Estamos perto do Rancho da Syll Vyha, Chefe?
Joseph Vã - Acho que só chegaremos lá no próximo capítulo, mano!
Humber Too - Esse autorzinho não vai fazer essa sacanagem conosco... Estou morto de fome!
Autor - (Esses caras não me conhecem! Hihihihihi!).
Narrador - Disse alguma coisa, Chefinho?
Autor - Não, seu narrador intrometido... Apenas pensava alto!
Narrador - Ah! Como eu dizia, o famigerado Humber Too e seus comparsas atravessaram a Colina Olho de Vidro, passaram pelo Desfiladeiro da Bengala Branca e finalmente chegaram à porteira do Rancho Olho de Gata...
Humber Too - Abra a cancela para nós, Dady Vã!
Dady Vã - Oquêi, Chefe!
Narrador - O bandido abriu a cancela e todos entraram. Quando estavam a menos de vinte metros da casa, Humber Too ouviu o sibilar da bala que passou quase lhe arrancando a orelha esquerda, enquanto uma voz de mulher ecoou pela planície...
Voz de Mulher - Parem aí mesmo! O próximo tiro será entre os chifres!
Narrador - O grupo estancou seus cavalos e Humber Too gritou para a mulher:
Humber Too - Calma Querida... Não atire!
Mulher - Desçam dos cavalos e caminhem para cá, com os braços para cima!
Narrador - Todos obedeceram prontamente e, ao chegarem ao alpendre da casa, ouviram a mulher dizer:
Mulher - Digam seus nomes e não tentem nenhuma gracinha! Ainda os tenho sob a mira do meu rifle!
Humber Too - É o Humber...
Narrador - Nem bem Humber Too acabara de falar, a mulher jogou o rifle para o lado e saindo da casa, precipitou-se sobre o mesmo. Abraçando-o, sapecou-lhe muitos beijos, enchendo a cara do cara com desenhos de boca de um vermelho carmim, enquanto, emocionada, dizia:
Mulher - Humber Too, Querido... Desculpe-me! Eu nunca imaginaria vê-lo numa novelinha tão medíocre quanto essa!
Narrador - (Rê rê rê!).
Autor - O que é isso, minha Senhora? Se minha novelinha é tão ruim assim, o que vosmicê faz nela?
Senhora - Eu não pedi para participar dessa porcaria... Isso foi coisa mandada. Alguém quer ver minha caveira... Nem respeitou meus oito anos na Faculdade de Artes Cênicas em Saint Paul City!
Autor - A Senhora tem razão! A Senhora só está nesta magnífica novelinha a pedido de um ceguinho amigo meu! Mas ele me paga!
Senhora - Ah, foi? Quem vai pagar a ele sou eu! Só aqui eu poderia contracenar com meu ator preferido, o Humber Too! Se bem que eu, no lugar dele, não me prestaria a participar desse folhetim mixuruca!
Autor - Garanto que ele está adorando participar dessa esplendorosa obra da literatura universal!
Humber Too - Não é bem assim... Mas só aqui eu ganho beijos de uma gata tão amorosa, como a Syll Vyha!
Gata amorosa - Oh, Humber Too! Fico tão emocionada com suas palavras que até esqueço minhas falas!
Humber Too - Não se preocupe, SYll Vyha ... Aqui muita gente também não sabe o que deve falar!
Syll Vyha - Oh, Humber Too... Eu tava troncha de saudade!
Humber Too - Pois é, Syll Vyha... Eu também!
Syll Vyha - Oh, Humber Too! Se essa novelinha não fosse pública e eu não tivesse naqueles dias...
Humber Too - Teremos muito tempo, Amor!
Syll Vyha - Oh, Querido... Desculpe-me não tê-los reconhecido, pois meus óculos ficaram no camarim!
Humber Too - Tudo bem! Podemos entrar... Aqui está ficando frio!
Syll Vyha - Desculpe minha distração, Humber Too! Entrem, entrem!
Narrador - Os caras entraram e foram direto para a cozinha (Mortas fome! Rê rê rê!)...
Humber Too - Hummm! Que cheiro delicioso, Syll Vyha... O que vocês estão cozinhando?
Syll Vyha - É pirarucu à passarinha... Gosta?
Humber Too - É um prato um tanto exótico, mas... Pelo preço!
Ty Agoo - Vamos ter que pagar pelo rango, Chefe?
Syll Vyha - Brincadeirinha dele, Ty... Desde quando alguém aqui nessa novelinha pagou ou recebeu qualquer quantia?
Dady Vã - Também a moeda que circula por aqui se chama Ralod...
Joseph Vã - Mas tem também a Merreca, mano!
Ty Agoo - Mas eu nunca vi nenhuma das duas... Nem meu cachê eu vejo!
Syll Vyha - Deixem essa conversa para depois, rapazes... Vou chamar minha irmã Rebby Kaa para vocês conhecerem!
Ty Agoo - Ela não estava em River City?
Syll Vyha - Ela completou seus estudos e decidiu me ajudar no rancho!
Ty Agoo - Ela estudou o quê?
Syll Vyha - Ela fez um curso de Esoterismo com uma tal de Clair Lux!
Ty Agoo - Hummm! E esse curso vai ajudar vocês a cuidarem do rancho?
Syll Vyha - Claro, Ty! Ela fará o mapa astral das vacas, bois, galinhas, patos, porcos e até da gente, para melhorar o plantel...
Ty Agoo - Sei, sei! De melhorar plantel eu entendo!
Humber Too - Desde quando, Ty?
Ty Agoo - A quem você pensa que o Filipão pediu umas dicas em 2002?
Humber Too - Estou boquiaberto!
Syll Vyha - Venha, Humber Too... Parem essa discussão tola!
Humber Too - Estou indo, mas antes tenho que tirar minhas botas! Meus joanetes estão me matando!
Narrador - Syll Vyha e Humber Too saíram por uma porta lateral e entraram no quarto da moça...
Syll Vyha - Fique aqui que já volto... Vou chamar a Rebby no curral!
Humber Too - Diabos! Como faço para me livrar desse maldito chulé? Ah, já sei! Syll Vyha espere um pouco... Vou ver como está meu cavalo!
Syll Vyha - Está bem, Amor... Mas não demore! Aguardarei você para pôr o jantar!
Humber Too - É hoje que tiro o pé da lama!
Narrador - Humber Too sai da casa e vai até onde seu cavalo está pastando...
Humber Too - Careta, Careta! Preciso de um favorzinho seu!
Careta (Pensando) - Desde quando cavalo faz favor a bandido? Se ele fosse um mocinho...
Humber Too – Qual é a sua, Careta? Volte aqui! Nunca leu nas histórias em quadrinhos o que os cavalos dos mocinhos fazem?
Careta (Pensando) - Que bandido mais burro! Onde ele viu um cavalo lendo HQ?
Humber Too - Lembre-se do Pangaré, do Silver, do Trigger, do Furacão, do Torpedo, do Dinamite, do Satã, do herói, entre tantos outros, que só faltam falar! E olhe que, às vezes, o cavalo é mais inteligente do que o mocinho!
Careta (Pensando) - Nisso eu concordo! Embora estejamos sempre por baixo, o que seria dos mocinhos sem a nossa ajuda... A história não andaria! (Eta trocadilho porreta! Rinch rinch rinch!). Mas o que ele quer comigo?
Humber Too - Careta, dê uma mijadinha em meus pés... Preciso me livrar desse chulé miserável!
Careta (Pensando) - Que idéia! Cavalgo o tempo todo nessa novelinha e quantas vezes algum ouvinte me viu bebendo água?
Humber Too - Deixe disso, Careta... Venha cá! Você não vai me fazer essa desfeita!
Careta (Pensando) - Ele quer que eu faça o quê? Se eu fizer muita força, no máximo urino poeira! Rinch rinch rinch! (Riso cavalar).
Humber Too - Muito engraçado, seu cavalo imprestável... Deixe que eu me viro!
Careta - Rinch rinch rinch!
Narrador - Humber Too vai até um monte de mandacaru ali perto, quebra um deles e mergulha os pés lá dentro, esfregando-os fortemente...
Humber Too - Agora está melhor! Vou lá comer o tal do pirarucu à passarinha que a Syll Vyha preparou para o jantar!
Narrador - Lépido e trigueiro Humber Too caminhou em direção a casa. Entrou pela cozinha e viu os rapazes já sentados à mesa...
Humber Too - Olá, Rebby Kaa! Estou morrendo de fome... Seria capaz de comer uma vaca!
Rebby Kaa - Olá, Humber Too... É um prazer revê-lo! Sente-se!
Humber Too - Obrigado, Rebby... Já vou sentar!
Syll Vyha - Já não era sem tempo, Amor! A janta está pronta há um tempão! Sente-se aqui ao meu lado, Amor!
Narrador - Humber Too sentou-se e começou a comer com as mãos...
Syll Vyha - Oh, Amor... Você come tão bonitinho!
Humber Too - Esse peixe está uma delícia, Syll Vyha! Você o comprou em Axé City?
Syll Vyha - Não, Amor... É um tal de Serg Yopin quem o vende por estas bandas!
Humber Too - Serg Yopin é o mafioso chinês!
Rebby Kaa - Não sabemos se ele é mafioso... Mas é bem simpático!
Ty Agoo - Aquilo é um bandido... Aquele chinês fajuto me deve dez merrecas!
Humber Too - Quando o encontrarmos você cobra sua grana, Ty Agoo!
Rebby Kaa - Que tal deixarmos esse papo para mais tarde... Façam como os gêmeos Dady e Joseph que não param as bocas e comam!
Syll Vyha - Muito bem dito, Mana... Depois do jantar conversaremos!
Narrador - E assim o jantar transcorreu em silêncio e a conversa fica para um próximo capítulo.
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