Visita ao Museu das Telecomunicações - Oi Futuro - 23/04/2007
Relato de Experiência
Oi Marta Gil, oi todos!
Acabo de chegar do Museu do Telefone ou das Telecomunicações, como queiram. Não vai dar para fazer uma reportagem para se ganhar o "Prêmio Esso de Jornalismo", pois não levo o mínimo jeito para a profissão.
Posso dizer, no todo, que foi muito agradável a ida ao Museu e tudo que se aprende por lá.
A rua do Museu é a 2 de Dezembro, uma das mais conhecidas ruas transversais à Rua do Catete, no bairro de mesmo nome aqui do Rio de Janeiro.
Entra-se no Centro Cultural da OI Futuro no número 63, mas não esperem encontrar esse título por lá, só está escrito OI Futuro, mas é um tremendo centro cultural.
Existe biblioteca, exposições de todos os tipos, como fotográfica, de artes etc. Uma recepcionista nos recebe e indica o caminho mais adequado para irmos à parte do centro que nos interessa.
No caso, o Museu das Telecomunicações é no sexto andar e vamos, eu e Tadzo, meu filho, para os elevadores.
Como a maior parte dos elevadores modernos aqui do Rio, tinha Braille para indicar os andares e, surpresa, o elevador falava!
O jeca aqui já tinha entrado em vários elevadores falantes e até se apaixonado por algumas vozes de mulheres que nos dizem, carinhosamente, o andar onde o elevador está e se ele está indo para cima ou para baixo, subindo ou descendo.
Bem, como disse, ela falou... provérbios do tipo: "Um Homem pode-se considerar completo..." aquela voz sussurrante e rouca, como se estivesse falando só para você e no seu ouvido... "quando, ao chegar a ser velho, sentir-se uma criança." (criança pode ser, mas velho é sua avó!).
Tão profundos provérbios que achei que iria passar a tarde inteira no elevador para aprender mais!
Bem, o elevador parou e ela disse: "Quinto andar".
Eu respondi interiormente: "Ok, beleza, mas vou para o sexto".
Meu filho, muito do desavisado, começou a sair dizendo, "Vamos pai, chegou!". Eu, todo feliz de ter apertado o andar sozinho no teclado do elevador, de ter escutado a Marilyn Monroe dizendo "Quinto Andar", orgulhoso e todo cheio de mim exclamei: "Volta seu distraído, estamos no quinto, o museu é no sexto!".
"Sai logo, pai, estamos no museu, o elevador parou no sexto andar, eu vi".
Esse "eu vi" dele foi fulminante... Saí rapidamente, antes que a linda e sensual voz risse da minha cara, e todo empertigados chegamos à recepção do museu.
"Eu gostaria de falar com o Márcio, relações públicas aqui de vocês."
"Certo", respondeu a moça, "mas ele deu uma saidinha e volta logo, será avisado de sua chegada."
"Você sabia que o elevador está falando o andar errado?".
"Ah, sim, é assim mesmo, ele é meio maluco, e olha que foi consertado há pouco tempo".
"Sei...", quase respondi que quando a moça que fala os andares saísse da cama e tomasse um banho bem frio o elevador passaria a funcionar melhor, mas deixei pra lá.
"Querem pegar os aparelhos?"
"Aparelhos?".
"Sim, é para o senhor escutar a exposição".
Foi-nos entregue uma espécie de IPOD para colocarmos, com uma fita, em volta do pescoço.
A exposição do museu é toda feita em telas colocadas nas paredes e em grandes salas. Você chega em frente a uma tela dessas onde sempre está o título daquilo que vai aparecer na tela.
Dessa forma, você vai passando de tela em tela, aponta o IPOD na direção da tela e o fone de ouvido que vem junto com ele começa a falar o assunto específico daquela tela, que pode ser:
- "Essa Coisa Fala", que foi o que Dom Pedro II expressou quando escutou pela primeira vez o telefone falar.
Do outro lado estava Graham Bell dizendo a frase "To be or not to be, this is the question", especialmente para o imperador perceber que a coisa funcionava.
Essa cena se passa numa exposição internacional de invenções em que D. Pedro II foi convidado especial e a surpresa de Dom Pedro saiu em todos os jornais.
Aconteceu em 1876. Em 1877 chegou o primeiro telefone no Brasil, e adivinhem para quem? Resposta: Dom Pedro II!
O primeiro foi presente de Graham Bell ao nosso imperador que se entusiasmou com a coisa que falava e implantou o sistema telefônico no Brasil.
Você chega em outra tela e aparecem os inúmeros tipos de telefones que o Brasil possuiu e que foram inventados pelo mundo.
Em outra tela se fala da Internet, onde se escuta, e se vê na tela, pessoas dando depoimento do que seja a Internet, a comunicação do século e coisas afins.
Perguntei ao meu filho se tinha alguma pessoa com deficiência falando algo a respeito da Internet, mas não, nenhuma... e dizia ali que a Internet era para todos, do Rio Grande ao Amazonas etc. eu disse ao Márcio que se aparecesse uma pessoa com deficiência por ali, seria realmente a demonstração pública que a Internet era para todos... ele anotou minha observação e, na hora, exclamou: "Claro!".
Gostei do "Claro" dele, estando nós na OI. (Essa foi infame! Por favor, me prendam!).
Passei também por uma tela que era dos grandes
comunicadores, fantástico!
Apareceram Chacrinha, Flávio Cavalcante, Faustão quando era da Record, muito mais espontâneo e engraçado, Sílvio Santos quase rapaz e etc... Saudade não tem idade, muito bom!
Tem uma réplica do primeiro telefone que veio para o Brasil, o tal do Dom Pedro II, de todos os telefones de época, passando pela Telebrás e chegando até os telefones dos orelhões e inúmeros celulares.
Esses são telefones de verdade, expostos ali mesmo, mas que não podemos tocar... que vontade de colocar meu ouvido para escutar o Graham Bell falando "To be or not to be, this is the question!".
Telas e telas de informações. Porém, tudo que aparecia nas telas tinha correspondência no que eu ouvia.
Saí bem informado. Soube da primeira televisão a cores do mundo, da primeira no Brasil, tudo muito informativo e curioso, em um ambiente bem refrigerado para o calor do Rio e tremendamente moderno.
Sentimos que estávamos no Museu do Futuro, da OI Futuro (www.oifuturo.org.br).
Falei de audiodescrição para o Márcio, da LIBRAS, da legenda em Português e das adaptações para cadeira de rodas.
Bem, para cadeirantes é tudo bem acessível. Fui no banheiro adaptado, que fica no primeiro andar, segundo a moça sensual do elevador, mas que era, na verdade, o segundo andar!
Ou seja, o que ela falar, é sempre mais 1!
O banheiro é super espaçoso, portas largas, dá para mais de uma cadeira de rodas entrar (olha a bagunça aí gente!) e com barras de ferro para se segurar.
Não sou cadeirante, sou cego, e o banheiro é tão largo que fui com calma para achar o vaso, que parece que é uma ervilha no meio do deserto. Achei-o.
No entanto, era uma barra do lado esquerdo de quem senta e outra atrás do vaso... é isso mesmo? No outro banheiro que fui, em São Paulo, era uma barra do lado direito e outra do lado esquerdo.
Bem, ainda me especializo nisso!
Quando íamos saindo, o Márcio veio com um livrinho dizendo que as pessoas surdas, apesar de não ter acessibilidade para elas, que soubessem Português, havia um livrinho com todas as falas dos vídeos transcritas e em Português.
Além de ver as imagens, os surdos poderiam ler o livro acompanhando. Bem, os surdos que soubessem Português, claro.
Márcio disse que iria levar minhas observações para a diretoria do museu, que o museu era novo, tinha um mês, e que as coisas poderiam ser implementadas aos poucos.
Em minha modesta opinião, os cadeirantes e cegos, além dos surdos que souberem Português, que quiserem fazer um bom e curioso programa, sairão satisfeitos e não perderão tempo em visitar esse museu da OI Futuro.
Se escutam muitas crianças rindo e querendo ver mais vídeos por lá.
Segundo o Márcio, são mais de 6 horas de exposição. Achei quase tudo que escutei muito interessante, educativo e cultural.
Os cadeirantes em especial, que não tiverem nenhum problema de visão, existem outras exposições no prédio, todas futurísticas, inacessíveis a cegos mas que seriam muito interessantes para todos os demais.
De qualquer forma... vale a pena!
Fotos em anexo - na verdade, queria uma foto minha com meu filho para colocar na Bengala Legal. Sendo assim, as fotos não são exatamente do museu, mas de minha estada por lá.
Eu com Tadzo, meu filho e eu com o Márcio, o assessor de imprensa e eu e o banheiro, cara legal e espaçoso, no bom sentido.
Abraços acessíveis, inclusivos e fáceis de usar do quase jornalista MAQ.
1 lucas - bh
eu adorei la vc ver algo que nunca viu.la tem muitas historias do antepassados...
08/04/2009 16:19:37
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