A relevância da utilização de jogos como mediação pedagógica no curso de pedagogia da Universidade Estácio de Sá - 30/03/2007
Vicente Eudes Veras da Silva – Docente Orientador / Maria Aparecida de Almeida – Aluna do 3º período do Curso de Pedagogia da UNESA
I.INTRODUÇÃO
O principal objetivo do ensino
de Matemática e
a grande competência que ele visa desenvolver são
a capacidade de pensar e a capacidade de resolver
situações-problema com autonomia. Isso deve ser
feito pelo desenvolvimento, na escola, de atividade
matemática significativa, que implique
construção de estratégias e
procedimentos, mobilização e busca de
conhecimento.
Na verdade, não basta emprestar algumas ilustrações ou objetos do cotidiano para veicular os conteúdos – essa seria uma articulação fraca e forçada à realidade. O que se quer são situações motivadoras que provoquem o envolvimento do aluno e seu compromisso na busca de soluções, sobre as quais ele deverá assumir responsabilidade.
Neste sentido, identificamos que, exige-se uma nova postura do professor, que deve, dentro do universo de alternativas pedagógicas, utilizando ou não o computador, adaptar aos seus alunos a prática que melhor atende as necessidades daquele grupo.O conhecimento – como uma teia de idéias interconectadas que atravessa vários domínios, ao passo que a escola tradicional mantém sua visão paroquial, localizada. A escola não mais pode se dar ao luxo de ignorar as profundas alterações que os meios/tecnologias de comunicação introduziram na sociedade contemporânea e, essencialmente, perceber que os mesmos criam novas maneiras de aprender.
Essa multiplicidade de pontos de vista, essa riqueza de leituras, precisa ser digerida e incorporada pela escola, principalmente se ela tiver a pretensão de sobreviver como instituição geradora, mantenedora e delegadora do saber humano.Os novos paradigmas para a educação consideram que os alunos devem ser preparados para conviver numa sociedade em constantes mudanças, assim como devem ser os construtores do seu conhecimento e, portanto, serem sujeitos ativos deste processo, onde a intuição e a descoberta são os elementos privilegiados desta construção.
Nesse novo modelo educacional, os professores deixam de ser os transmissores principais da informa passando a atuar como facilitadores, mentores do processo de aprendizagem, onde o aprender a aprender – privilegiado em detrimento da memorização de fatos. E para que tal modelo seja devidamente trabalhado, há que se preparar adequadamente o corpo docente, para que conheça e domine toda diversidade de material concreto que estão à sua disposição, principalmente as ferramentas tecnológicas. Ao longo deste trabalho, foram observados determinados aspectos que tornam o jogo um meio ativo e efetivo no ambiente educacional. Assim, destacam-se os fatores que acreditamos favorecer o ensino e a aprendizagem: a) O interesse do aluno ao jogar, revelado pelo envolvimento e participação desse decorrer do jogo; b) A construção do universo imaginativo, feita pelo estudante, o que contribui não só para a vivencia do conteúdo estudado, como também, para o desenvolvimento da criatividade do aluno; c) A interação que o jogo no computador proporciona em cada partida, constatada nas relações ocorridas entre os alunos (no caso jogadores) e entre alunos e professor (que faz a orientação dos procedimentos do jogo), facilitando uma ambientação de melhor qualidade de ensino e aprendizagem em sala de aula.Outro motivo para a escolha do local de estudo deve-se ao fato de a discente do Curso de Pedagogia do Campus Jacarepaguá - Maria Aparecida de Almeida – trabalhar no Colégio Servita Nossa Senhora Rainha dos Corações.
II. SOFTWARES ANALISADOSEsta estratégia, num jogo planejado adequadamente, promove o interesse e a motivação que por sua vez, aumentam a atenção do aluno e criam a sensação de que aprender é divertido, proporcionando ao jogador desenvolver a capacidade de processar fatos e fazer inferências lógicas durante a resolução de um problema.
Assim, aliam-se processos tanto para o entretenimento quanto para possibilidade de aquisição de novos conhecimentos. Segundo Ronca & Escobar (1986), "Jogos e simulações não são brinquedos que o educador possa usar para ‘criar um clima gostoso em sala de aula’ ou apenas variar as estratégias.Pelo contrário, eles não só devem fazer parte do planejamento de ensino visando a uma situação de aprendizagem muito clara e específica, como exigem certos procedimentos para a sua elaboração e aplicação".
De acordo com Coburn et al. (1990), as características básicas de um jogo educativo incluem orientação, diretrizes para participação, regras do jogo, contexto do jogo ou cenário, e alguma conclusão ou clímax.Quando se estuda a possibilidade da utilização de um jogo computadorizado dentro de um processo de ensino e aprendizagem não apenas o seu conteúdo deve ser considerado, mas também a maneira como o jogo o apresenta, relacionado com a faixa etária que irá constituir o público alvo.
Desta forma, na tentativa de explorar o processo de desenvolvimento cognitivo, o professor possuirá uma ótima ferramenta de apoio para o alcance de seus objetivos.
Os jogos educativos computadorizados devem possuir várias características específicas, como: • Permitir um envolvimento homem-máquina gratificante; possuir uma paciência infinita na repetição de exercícios; • Estimular a criatividade do usuário, incentivando-o a crescer, tentar, sem se preocupar com os erros; • Ter clareza dos objetivos e procedimentos, promovendo interações para facilitar o alcance das metas, uma vez que o jogador pode mudar os parâmetros, variando o ambiente e podendo, assim, enfrentar objetivos e dificuldades diversificados, conforme o andamento das jogadas; • Ter formas para detecção de procedimentos e/ou respostas inadequadas e execução em tempo real, para o fornecimento de respostas imediatas a cada jogada do usuário;• Oferecer um adversário virtual ao usuário, simulando jogadas conforme as decisões tomadas pelo jogador;
• Propiciar um ambiente rico e complexo para a resolução de problemas, através da aplicação de regras lógicas, da experimentação de hipóteses e antecipação de resultados e planejamento de estratégias, trabalhando também com representações virtuais de uma forma coerente; • Fornecer diretrizes no início do jogo e disponibilizá-las ao jogador até a sua finalização, sem apresentar instruções equivocadas, exceto quando a descoberta das regras for parte integrante do jogo.Isto não impede que o aluno seja desafiado, através de interações consecutivas que conduzam a um resultado preciso, incorporando níveis variáveis de solução de problemas, feedback do progresso, registro de pontos e análise do desempenho, oferecendo reforço positivo nos momentos adequados. Além disto deve apresentar o desempenho parcial durante o jogo e ao final seu desempenho global;
• Exigir concentração e certa coordenação e organização por parte do usuário;Uma justificativa muito utilizada para aquisição de softwares educativos pelas escolas, é que estes possibilitam uma maior motivação aos alunos. Entretanto, esta motivação está associada a oportunidade de realizar atividades que sejam desvinculadas da sala de aula.
Partiu-se de uma tabela conhecida da comunidade de informática educativa para analisar determinados softwares educativos. Desta tabela, eliminaram-se alguns critérios marcadamente técnicos e privilegiou-se aspectos mais relacionados ao processo de ensino-aprendizagem.
A tabela abaixo foi proposta para uma mensuração dos graus de clareza, da qualidade educacional da documentação e de outros aspectos.
Tabela 1: Critérios de Análise de Softwares Educativos
Foram analisados os seguintes softwares: Mattie´s Math Games, Ahsha Math, Tangran, Torre de Hanói e Polytris.
2.1 O SOFTWARE MATTIE´S MATH GAMES
As cores, os efeitos sonoros e o fundo musical são de alta interatividade num jogo muito intuitivo. Mattie (a figura de um livro que se comunica com a criança) está lá para ajudar dando instruções e dicas. As respostas erradas são tratadas com humor, sem pressão, permitindo que a criança fique relaxada, proporcionando um ambiente tranqüilo para a aprendizagem.
Ainda há uma atividade adicional com o objetivo de diversão, onde a criança pode pintar a sala de estar de Mattie, podendo-se salvar ou imprimir os trabalhos.
A primeira interface representa a sala de estar de Mattie, nela há várias figuras que quando selecionadas levam a diferentes jogos. A partir daí é requerida à exploração do ambiente pela criança, visto que nem todas as figuras levam a uma atividade.
A atividade acessada através de Mattie, trabalha apenas seqüência numérica, as demais, pode ser selecionado trabalhar com reconhecimento de números ou operações.
Nenhuma indicação de nível de instrução, necessidade de um conhecimento de teoria musical ou exercícios que devem anteceder ao programa foram especificados, entretanto, Mattie’ s Math Games mostrou-se eficiente ao indicar a faixa etária para a utilização do mesmo.
O
programa apresenta diversas formas de
representações, visual, simbólica e
auditiva; não apresentou as situações.
As lições são adequadas ao
nível do aluno; quanto a contribuição
à aprendizagem em sala de aula, acredita-se que o programa
não seja muito eficiente pois é mais adequado a
prática de competências previamente estabelecidas.
2.2 O SOFTWARE AHSHA MATH
O programa apresenta clareza nos diagramas, comandos fáceis e pode ser compreendido pela criança sem a presença de um instrutor, mas, devido haver dois campos com questões (uma atual e uma antiga), as informações ficam um pouco confusa.
A sugestão para o do programa é um pouco vaga, especificando apenas que é para o ensino da Matemática. Não há níveis de dificuldade, apenas pode-se restringir o teste quanto às operações básicas. Na versão demo a ordem das questões é sempre a mesma durante a utilização.
O aluno não pode recuar as questões, mas pode avançar ou repetir a que está sendo respondida. O tempo para as respostas é suficiente, pois, é livre. Na resposta incorreta há um encorajamento, mas, não é dada nenhuma ajuda a criança de como resolve o problema, como uma pista, por exemplo.
Trabalha as operações na forma simbólica, sem situações. Por ser uma versão demo apresenta apenas 142 questões na biblioteca, apresenta apenas o sistema de representação simbólico e oral.
2.3 O SOFTWARE TANGRAN
Para contextualizar a aplicação de jogos podem-se exemplificar as características envolvidas no processo de desenvolvimento cognitivo no aprendizado da matemática. Partindo da idéia de que o conhecimento matemático deve ser construído pelo próprio indivíduo, através de sucessivas desequilibrações e acomodações, cabe ao professor criar situações que incentivem o aluno a pensar, refletir e raciocinar, promovendo experiências diversificadas.O TANGRAM também nasceu na China, segundo alguns pesquisadores, no início do século XIX, difundindo-se posteriormente pela Europa e Estados Unidos. Conta uma lenda chinesa que, certo dia um homem quebrou uma telha e, ao tentar reconstituí-la, descobriu que podia formar diversas figuras.
Na China o TANGRAM é um jogo infantil e nos países ocidentais é considerado como um verdadeiro desafio à imaginação. Isso porque existem cerca de 1600 possibilidades de formação de figuras com apenas um conjunto de 7 peças.
Os jogos devem ter como objetivo principal estimular, nas crianças, a construção de esquemas raciocínio lógico-matemático, tornando a atividade escolar um momento alegre, participativo enriquecedor. As atividades lúdicas têm cada vez mais, o seu lugar garantido no processo de ensino-aprendizagem, pois estas aliam o lazer ao desafio, operando com todos os tipos de inteligência (Gardner, 1991):
• Inteligência lógico-matemática: interesse por problemas que envolvam seqüências e ordenação;
• Inteligência lingüística: facilidade do uso da linguagem oral e escrita;
• Inteligência espacial: interesse em quebras cabeças (formas de figuras planas e sólidos);
• Inteligência intra-pessoal e interpessoal: habilidade de relacionar-se no grupo;
• Inteligência musical: domínio de sons, alturas e tonalidades;
•
Inteligência corporal cinestésica:
capacidade de apreensão de grandes e pequenos movimentos.
2.4 O SOFTWARE TORRE DE HANÓI
A idéia é transferirem-se os oito discos que formam a torre para um dos dois bastões vazios. Para tanto se deve movimentar um único disco por vez, e não se pode colocar um disco maior sobre um menor. Segundo cálculos matemáticos, o menor número de movimentos necessários para a solução do problema, com uma torre de 8 círculos, é de 255 movimentos!
O material é composto por uma base, onde estão afixados três pequenos bastões em posição vertical, e cinco ou mais discos de diâmetros decrescentes, perfurados ao centro, que se encaixam nos bastões. Ao invés de discos, pode-se também utilizar argolas ou outros materiais.
A torre é formada então pelos discos empilhados no bastão de uma das extremidades, que será chamada de casa A. O objetivo do jogo é transportar a torre para a casa C, usando a intermediária B.
As regras são:
• Movimentar uma só peça (disco) de cada vez.
• Uma peça maior não pode ficar acima de uma menor.
•
Não é permitido movimentar uma peça
que esteja abaixo de outra.
Inicialmente utilize apenas quatro peças.
• Questão 1) Qual o número mínimo de movimentos? (Não desperdiçar movimentos)
• Questão 2) Quais as peças que mais se movimentam? E as que menos se movimentam? Ainda com quatro peças, fazer com que B seja a casa de destino e, conseqüentemente, C sirva como intermediária.
Após, passar a jogar com cinco peças e responder a questão 1.
Finalmente, jogar com três peças e responder a questão 1.
• Questão 3) Qual o segredo que permite jogar bem, sem desperdiçar movimentos, com três, quatro, cinco, seis, etc. peças ?
• Questão 4) Sem efetuar o jogo, é possível calcular o número mínimo de movimentos para, por exemplo, nove ou dez peças?
Questões complementares:
• Questão 5) Mudando o destino de C para B, muda alguma coisa? Algo permanece igual? Especifique.
• Questão 6) Existem movimentos semelhantes para quatro e cinco peças? Existem diferenças? Quais?
• Questão 7) Qual a relação entre o número de peças e o número mínimo de movimentos?
2.5 O SOFTWARE POLYTRIS
O programador russo, que inventou o jogo, não recebeu absolutamente nenhuma taxa do estado pelos direitos autorais durante 10 anos. Crianças brincavam escondidas com o jogo durante as aulas, homens de negócio o usavam como uma distração entre uma negociação e outra, e mesmo os mais velhos se distraiam com o jogo Tetris.
O jogo celebrou 20 anos de história no dia 11/05/2005. O criador do jogo, o programador russo Aleksey Pazhitnov, atualmente mora nos Estados Unidos. O homem visitou a Rússia recentemente por duas semanas e contou mais detalhes sobre a história do jogo.
Segundo Aleksey, a idéia do jogo apareceu quase acidentalmente. Ele tinha 30 anos de idade quando estava trabalhando no centro de computação da Academia Russa de Ciências. “Meu trabalho era ligado à inteligência artificial e eu também programava jogos de quebra-cabeça.
Certo dia eu decidi programar o conhecido jogo Pentominó: aquele em que figuras de várias formas devem ser colocadas dentro de uma caixa. Eu simplifiquei o jogo o máximo possível: as figuras foram feitas apenas com formas quadradas e existiam sete combinações delas no total. Também me ocorreu a idéia de remover as linhas cheias para que o jogo durasse bastante tempo”, disso Aleksey.
O jogo recebeu o título Tetris, do latim “tetra”, porque todas as figuras que compõem o jogo eram formadas pela combinação de quatro quadrados. O programador adicionou a terminação “is” à palavra para que fosse fácil lembrar.
Aleksey Pazhitnov se tornou a primeira pessoa a jogar no novo jogo. Quando Tetris nasceu, a noção do produto software ainda não existia na URSS. Os computadores soviéticos eram chamados de “máquinas de computação eletrônica”. Quando os computadores pessoais finalmente apareceram, Aleksey e seu assistente reescreveram o jogo num novo formato.
Um agente inglês, húngaro de nascença, foi a primeira pessoa a notar o jogo. “Eu estava promovendo meu jogo na URSS por anos, indo a várias instituições governamentais. Ele se tornou popular na Europa e nos Estados Unidos somente em 1988. Ele se tornou uma febre na primavera de 1990 quando o Gameboy apareceu. O jogo vendeu 30.000 cópias”, disso Aleksey.
O pai do Tetris começou a divulgar o seu jogo originalmente na estrutura governamental. É por isso que o centro de computação da Academia de Ciências deteve os direitos do jogo por dez anos. Aleksey não recebeu nada durante este tempo; ele começou a receber pelos direitos autorais somente em 1995.
Aleksey Pazhitnov pode ser considerado um milionário agora, embora apenas na Rússia. O programador é dono de milhões de rublos, mas ele não se considera um milionário nos Estados Unidos. Ele foi convidado a se mudar para os EUA em 1990.
“Eu me tornei um desenvolvedor de jogos. Eu não tenho nenhum plano global. Oito meses atrás eu decidi sair da Microsoft – queria descansar. Mas eu posso voltar quando eu quiser”, ele diz.
O POLYTRIS ainda é um jogo de computador muito popular apesar da imensa competição do mercado. Apareceram inúmeros clones e outros jogos inspirados nele. Nos últimos quatro anos o jogo se tornou móvel: popular em celulares na Europa e no Japão e é muito utilizado nas escolas para desenvolver o raciocínio lógico-matemático.
III.
PROBLEMAS ENCONTRADOS
Observamos que a utilização de softwares de
educação matemática na
Educação Infantil é algo que pode
contribuir muito para a atuação do docente, em
sala de aula, por apresentar diversos aspectos importantes de ser
analisados durante sua formação:
a. o desenvolvimento de novas metodologias para o ensino-aprendizagem de matemática;
b. a possibilidade de trabalhar o jogo no decorrer das aulas como recurso para o ensino de matemática, bem como, expressa o de criatividade;
c. a análise do desenvolvimento da aprendizagem através de projetos, o que – algo que se aposta ser um grande caminho a ser percorrido na Educação atual;
d. o contato com novas tecnologias e a utilização das mesmas como contribuintes na formação de um ambiente de aprendizagem; e, entre outros,
e. o interesse, o envolvimento, a participação e interação do educando, principalmente quando a metodologia de sala de aula ultrapassa o quadro negro.
Entretanto, nem tudo acontece como se planeja, e – por isso que as novidades tornam-se desafios, e esses nos fascinam. Sendo assim, essa experiência – mais um dentre tantos desafios, pois se pretende com ela oportunizar as crianças da Educação Infantil mais um elemento que possibilite o “gostar de estudar”, principalmente no que se refere à disciplina de matemática, muitas vezes vista como “vilã” no universo estudantil dos mesmos. Em relação aos professores, busca-se proporcionar uma visa o de novas maneiras de atuação dentro de sala de aula.
Assim, democratizar o conhecimento pode constituir um papel-chave do professor ou pesquisador que se quer democrata. E dessa forma, cabe a nós, educadores, analisarmos de forma crítica a informática educacional e o lúdico, observando todos os aspectos que subjazem a utilização do computador e do jogo na educação, com todas as contradições e interesses, procurando oferecer respostas às necessidades da sociedade.
Com isso, enquanto uns caminham trazendo na mente o esplendor da tecnologia, outros esquecem que estão atolados no barro da burocracia e tecnocracia da política educacional brasileira, contradição esta, que temos de enfrentar enquanto educadores comprometidos.
IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso da informática na educação através de softwares educativos é uma das áreas da informática na educação que mais ganhou espaço nas últimas décadas. Baseado nos conceitos e referências vistos no desenvolvimento do presente trabalho observa-se que os jogos formam uma poderosa ferramenta para otimizar o desenvolvimento cognitivo do indivíduo.
Com eles pode-se obter conhecimentos sob vários pontos de vista, possibilitando ao aprendiz compreender e julgar melhor suas experiências na vida real.
A participação em jogos contribui para a formação de atitudes sociais como respeito mútuo, cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade, senso de justiça, iniciativa pessoal e grupal.
O jogo é o vínculo que une a vontade e o prazer durante a realização de uma atividade. O ensino utilizando meios lúdicos permite criar ambientes gratificantes e atraentes servindo como estímulo para o desenvolvimento integral dos usuários.
Deve-se salientar que os jogos pedagógicos são apenas instrumentos, não mestres, ou seja, estes serão úteis somente se acompanhados por alguém que analise o jogo e o jogador, de modo diligente e crítico, que ao ver que tal ferramenta deixou de ser instrutiva e se transformou apenas numa disputa divertida, consiga sutilmente devolver um caminho certo ao aprendiz.
Não que um jogo instrutivo não possa ser divertido, muito pelo contrário, se este não o for, tornar-se-á desinteressante e não mais será jogado.
O papel do professor não deverá ser o de guiar explicitamente os passos do aprendiz, mas sim não permitir que este use o jogo sem entender nem aprender nada, é não permitir que o aprendiz se desvie muito do objetivo educacional.
Mas, se as brincadeiras infantis cooperam para o desenvolvimento e aprendizagem, por que alguns educadores resistem em adotá-las em seus planejamentos educativos, utilizando-as apenas como recreação informal?
Provavelmente por tratar-se de algo que exija certo cuidado no seu planejamento e execução, além de que os incentivos prestados aos docentes ultimamente não fornecem os subsídios necessários para os mesmos se adaptarem e utilizarem as novas tecnologias.
Por outro lado, a Matemática, apesar de estar presente em nosso dia-a-dia, muitas vezes é vista de forma totalmente dissociada da realidade e da língua que falamos. Neste Projeto de Iniciação Científica, consideramos a utilização dos jogos como mediação pedagógica na procura de melhores soluções para os problemas de aprendizagem.
O computador, por ser essencialmente lógico e programável, por lidar com símbolos codificados e, finalmente, por possibilitar incrível agilização na aquisição, registro e troca de informações, oferece condições extraordinárias a quem aprende, de lidar de forma organizada, versátil e interativa com novos conhecimentos, inclusive no ensino da Matemática.
O processo ensino-aprendizagem com a utilização dessa ferramenta, poderia ser trabalhado em três níveis: momentos em que o professor realmente ensinasse numa posição hierarquicamente superior de transmissão de conhecimento; num segundo momento mais transversal, de troca, de aprendizagem junto com os alunos; e, depois, num terceiro momento, o professor se abstém, tendo uma atitude mais discreta, onde os alunos entrariam de forma mais atuante.
No conjunto Educação/Matemática/Informática, um componente a ser desenvolvido e/ou escolhido é o software educacional pelo caráter de interação que possui entre o professor, o aluno, o conhecimento matemático a ser desenvolvido, o ferramental computacional, etc.
Este contexto nos leva a apontar este item (software educacional) como de suma importância no que entendemos ser o ambiente educacional do presente e futuro, ressaltando a importância de que venha a criar condições interativas, que conjugue diversas linguagens e, principalmente, que conjugue de forma dinâmica Matemática e o vivido.
Observamos dois aspectos cruciais no emprego dos jogos como instrumentos de uma aprendizagem significativa. Em primeiro lugar o jogo ocasional, distante de uma cuidadosa e planejada programação, é tão ineficaz quanto um tratamento descontinuado com um psicólogo, e em segundo lugar, uma grande quantidade de jogos reunidos em um manual somente terá validade efetiva, quando rigorosamente selecionados e subordinados à aprendizagem que se tem em mente como meta.
Em síntese, jamais se deve utilizar os jogos pedagógicos sem um efetivo e cuidadoso planejamento, e jamais avalie a qualidade do professor pela quantidade de jogos que este emprega, e sim pela qualidade dos jogos que se preocupou em pesquisar, selecionar e empregar.
Vale lembrar que o uso por si só, não cria a melhor situação de aprendizado. Então deve ser vista como um complemento de apresentações formais, leituras e discussões. Se essas complementações não forem realizadas não há como verificar se o aprendizado ocorreu.
Um obstáculo no atual contexto é que os jogos disponibilizados têm caráter puramente comercial, atendendo somente necessidades de mercado, ou seja, muita violência e pouca informação.
Os projetos com cunho educacional são geralmente desenvolvidos em ambientes acadêmicos envolvendo pouco investimento financeiro, tornando os mesmos pouco atrativos e muitas vezes estando restritos a simples experimentos realizados em universidades.
A necessidade presente é de se juntar o potencial dos comerciais aliados aos princípios pedagógicos, permitindo um acesso mais motivador e eficaz na busca de novos conhecimentos.
Uma vez estabelecido e obedecido o sistema de um jogo, aprender pode tornar-se tão divertido quanto brincar e, nesse caso, aprender torna-se interessante para o aluno e passa a fazer parte de sua lista de preferências.
Finalmente, gostaríamos de ratificar que um software qualquer pode se tornar uma poderosa ferramenta de mediação pedagógica, desde que seja utilizado com fins educacionais; afinal, pode potencializar ações e atitudes como as atividades desenvolvidas em sala de aula na medida em que proporciona uma maior interação entre aluno e conhecimento através da concretização de idéias e questionamentos que acompanham o processo ensino–aprendizagem.
Além disso, o uso da informática na educação possibilita o estímulo do desenvolvimento do pensamento lógico, da coordenação motora, da curiosidade, da criatividade, de habilidades como a comunicabilidade, a interação social, o senso crítico, etc.
V.
REFERÊNCIAS
BORIN, J. Jogos e
Resolução de Problemas: uma Estratégia
para as Aulas de Matemática.
2ª ed. São Paulo: CAEM/USP, 1996.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Computador,
educação escolar e
democratização dos bens culturais.
São Paulo: Acesso, 1988.
GARDNER, M. Divertimentos
Matemáticos.
São Paulo: IBRASA, 1991.
KISHIMOTO, T. M. Jogos
Infantis: o jogo, a criança e a
educação.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
KISHIMOTO,T.M. (ORG.). Jogo,
brinquedo e a educação.
São Paulo: Cortez, 2001.
MORAN, J. M.; MASSETO, M. T.;BEHRENS, M. A. Novas
tecnologias e mediação pedagógica.
Campinas: Papirus, 2000.
RONCA, A. C. C. e ESCOBAR, V. F. Técnicas
participação?
Petrópolis: Ed.Vozes, 1986.
Fonte: http://eduquenet.net/jogosmatematicos02.htm
1 Márcia Moreira da Silva - Dores do Rio Preto ES
O artigo mostra que a matemática não é uma disciplina chata como a maioria pensa, e que pode ser prazerosa e divertida. E peço que me envie programas que posso desenvolver com meus alunos, do Ensino Fundamental de séries iniciais.
Parabéns.
22/07/2009 21:21:51
2 Elaine ferraz - Lençóis Paulista
Tudo o que pode tornar a matemática mais prazerosa para a criança aprender é válido, com esses jogos ela vão adorar aprender matemática.
27/05/2009 19:24:21
3 Viviane de Souza Cardoso - Campo Belo - MG
Adorei o artigo, parabenizo aos autores e peço-lhes que me enviem os programas para que eu possa desenvolver numa turma de alunos da 2ª série que estão com dificuldades em aprendizagem.
Fico aguardando o retorno, anciosa.
Parabéns!
30/04/2008 15:27:18
4 Gessiane Cabral de Souza - Olinda
Esse artigo relata que a matemática é uma disciplina como as outras que pode ser trabalhada de uma forma prazerosa e também dinâmica só o que falta é a criatividade do professor na maioria das vezes
24/04/2008 10:39:02
5 Celiane Cunhago - Goiânia
Parabens!!!
O Artigo está Ótimo!!!
Bjos!
15/03/2008 09:47:08
6 Flaviana Moreira de Souza - Umarizal-RN
Gostaria de informar que a figura numero 4 está errada, pois ela representa o software tangram e não a torre de HANÓI como afirmado. Conserte-a pois assim estará contribuindo com nossa educação.
04/09/2007 10:38:21
7 Bárbara - Tetesópolis
Gostaria de saber algo sobre técnica, acho que chinesa, para desenvolover o raciocínio de crianças com Síndrome de Asperger, algo parecido com a palavra GAMON.
Podem me ajudar?
29/08/2007 12:50:37
8 Ricardo Stumpf - Brasília
Parabéns aos autores pelo artigo.
Tenho uma sugestão em relação aos obstáculos citados no atual contexto (jogos violentos e pobres em informação ou jogos educativos e pobres em produção): utilizar os jogos de tabuleiro modernos, que têm temas culturais, têm produção primorosa e são de estratégia lógico-matemática, rápidos e interativos.
Os jogos de tabuleiro modernos (ou alemães) foram desenvolvidos a partir dos anos 90 na Europa, principalmente na Alemanha. Os temas culturais e inteligentes fizeram parte do esforço alemão bem-sucedido em evitar o assunto militar - tabu nas gerações pós-guerra, e unir as famílias. Hoje há feiras de 140 mil pessoas dedicadas exclusivamente a esses jogos de tabuleiro. Em 2007 eles chegaram ao Brasil também. Para encontrá-los, basta pesquisar sobre jogos de tabuleiro modernos em sites de busca.
Parabéns e sucesso.
Um obstáculo no atual contexto é que os jogos disponibilizados têm caráter puramente comercial, atendendo somente necessidades de mercado, ou seja, muita violência e pouca informação. Os projetos com cunho educacional são geralmente desenvolvidos em ambientes acadêmicos envolvendo pouco investimento financeiro, tornando os mesmos pouco atrativos e muitas vezes estando restritos a simples experimentos realizados em universidades. A necessidade presente é de se juntar o potencial dos comerciais aliados aos princípios pedagógicos, permitindo um acesso mais motivador e eficaz na busca de novos conhecimentos. Uma vez estabelecido e obedecido o sistema de um jogo, aprender pode tornar-se tão divertido quanto brincar e, nesse caso, aprender torna-se interessante para o aluno e passa a fazer parte de sua lista de preferências.
20/07/2007 00:03:31
9 Maria Cristina de Araújo Oliveira - Curitiba - Paraná
O texto está bem escrito e por isso há clareza nos argumentos.
Muito será útil para discutir os benefícios e os malefícios da tecnologia com alunos de graduação e pós-graduação. Estaremos utilizando em forma de seminário e, comparando com livros de Informática na Educação com Didática na Matemática.
Parabéns!
20/06/2007 12:07:32
Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.