Aprender com as Diferenças
Luís Campos - Blind Joker Salvador - Bahia – Brasil

Blind Kid, o Herói do Agreste, a primeira rádionovela totalmente (e apenas) digitalizada! - 26/03/2007
Edição Especial de Bang-Bang

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A Revista Cego à vista, em parceria com a Rádio LC51 FDP, a Rádio Criativa de Portugal e o Jornal Bizu de Salvador, orgulhosamente apresentam:

“Blind Kid, o Herói do Agreste, a primeira rádionovela totalmente (e apenas) digitalizada!”

                                
Está entrando no ar, na terra, no mar...Na sua maninha!
A minha, a sua, a nossa...A da mãe!
Rádio LC51 FDP (Freqüência Desmiolada Paranormal)
O som do seu radinho de pilha! Rádio LC51 FDP 24.69 HPs de Impotência!
Rádio LC51 FDP
A voz da Bahia que o Brasil...desconhece!
Vinte e quatro horas... Fora do ar!
A Rádio LC51 FDP tem a honra de apresentar para o mundo, sua quarta e mais brilhante rádionovela:

Blind Kid, o Herói do Agreste...

Mais valente que Pepe Legal... Mais charmoso que Lucky Luke... Mais temido que Kactus Kid... Mais rápido que o Xerife Ricochete... Mais inteligente que Rin TinTin... E mais cego que uma toupeira!

 

 

Blind Kid, o Herói do Agreste.

Capítulo I

 

 

Narrador - Desta vez, Blind Kid viverá uma das suas aventuras mais emocionantes, empolgantes e maravilhosas que já narrei em minha vida!
Esta esplêndida novela dignifica a literatura mundial! Vocês nunca ouvirão algo similar... Não é a primeira nem será a última novela deste autor, mas ninguém jamais fará melhor... A não ser, como ele mesmo diz, aquele pseudocrítico literário medíocre que vive aqui em Vox City (Isso eu gostaria de ver - Rê rê rê!).

Autor - Ô seu narradorzinho de meia tigela... Menos, menos! Tá parecendo um puxa-saco sem-vergonha que conheço! Deixa a vida dos outros pra lá, ô abestado!

Narrador - Calma, Chefinho... Só tô garantindo o leite das crianças!

Autor - Se quer garantir o leite daqueles remelentos, trate de narrar a novela. Você não é pago para ficar me elogiando... Deixe que os ouvintes façam isso!

Narrador - (Ouvinte elogiar esse folhetim? - Rê rê rê) Tá bem, tá bem, Chefinho! Como eu dizia...

Ouvinte - Nem bem começou a novela e vocês já estão estragando minha concentração. Assim não ouvirei mais porcaria nenhuma!

Autor - Calma, ouvintezinho! Você é a razão desta novela existir! Sem você eu não terei o que fazer... Um colega aí, muito bem aposentado, Já disse que sou "vagabundo"! Quer piorar minha reputação? Não faça isso, meu ouvinte predileto (e único)... Já tem gente por aqui cuidando disso!

Narrador - E eu perderei o emprego, amigo ouvinte! Lembre-se que sou pai de seis inchadinhos!

Ouvinte - Então parem com essa discussão e você trate de narrar essa porcaria de novela de uma vez!

Narrador - Claro, Senhor Doutor e Ilustríssimo Ouvinte! Seu pedido é uma ordem... Como eu dizia, Blind Kid, depois daquela sua passagem por Pax City, onde não resolvera nada e nem comera ninguém...

Autor - Ô mocinho, olha o nível! Já vai começar com as gracinhas? Esqueceu que tem crianças ouvindo essa novela, seu... seu...

Narrador - Desculpe, Chefinho! É que eu me empolgo, mas...

Autor - Não tem mais nem menos. Continue seu trabalho!

Narrador - Como eu dizia: Blind Kid cavalgava em busca de novas aventuras. O sol inclemente teimava em brilhar (hoje estou poético!) durante todo o dia, o que dava ao nosso (lá deles) herói, aquela saudável malemolência baiana. Pensando no encontro que marcara em Vox City, Blind cantarolava uma canção típica da região, enquanto Pangaré, seu valoroso corcel, mantinha as orelhas abaixadas, tapando os ouvidos.

Blind - Oh, Suzana, não chores por mim...

Autor - Ô orelhudo! Desde quando esta canção é da região nordestina?

Narrador - Desculpe, Chefinho. Eu só conheço de ouvir cantarem.

Autor - Onde amarrei meu jegue! Eu devia era mandá-lo embora.

Narrador - Que é isso, Chefinho? Erram tanto no cinema e ninguém se importa...Até a Globo erra!

Autor - Mas na minha novela eu não quero erros!

Narrador - Tá bom, Chefinho! Vou tentar ler alguma coisa sobre MPB!

Autor - Ô pedaço de asno, essa música é dos States, entendeu?

Narrador - Claro, Chefinho, claro!

Autor - Vamos continue a história, seu energúmeno. O ouvinte pode não gostar dessas interrupções!

Narrador - Mas é o senhor, Chefinho, quem está interrompendo!

Autor - Não interessa! Continue, continue.

Narrador - Como era hora do rango, Blind Kid procurou uma árvore frondosa, apeou do cavalo, amarrou Pangaré a uma touceira de capim guiné e sentou-se à sombra da mesma (árvore, entenderam?). Pegou seu alforje, tirou de dentro um saco plástico, desses em que se coloca lixo, mas que continha farinha. Pegou também um pequeno embrulho de jornal, no qual havia alguns pedaços de rapadura. Tirou o lenço (Ai meu Deus!) que trazia em volta do pescoço, colocou à sua frente e nele, derramou alguns punhados de farinha, jogando por cima os tacos da rapadura e comeu até fartar-se. Depois desta lauta (Rê rê rê) refeição, recostou-se para fazer a sesta, afinal, herói também é gente (Embora haja exceções!). Blind dormiu cerca de três horas. Levantou-se, assoviou chamando o Pangaré deu uma espreguiçadinha, olhou para um lado e para o outro... E fez xixi na raiz da pobre árvore. Pangaré, embora ouvisse o chamado, permaneceu no mesmo lugar.

Blind - Tá surdo, Pangaré? Não ouviu meu assovio?

Narrador - Pangaré relinchou, como se houvesse entendido, deu um tranco, arrancando a touceira na qual estivera amarrado e trotou até onde estava o antipático, digo, o Blind Kid (Não gosto desse cara!).

Blind - Vamos, Pangaré! Temos que chegar em Vox City antes das dezoito horas.

Narrador - Blind montou e, depois de umas três horas, já vislumbrava o pórtico da cidadezinha, no qual estava escrito, em letras pretas com sombras douradas, "Vox City". Aqui também a fama de Blind Kid já chegara. As mocinhas espreitavam a estrada, aguardando a chegada do nosso (lá delas) herói. As crianças, com seus sorrisos sinceros sorriam ao saber da chegada de Blind Kid a Vox City. Os homens tinham ciúmes dele, pois suas mulheres viviam com o ouvido pregado ao radinho de pilha, já que por ali não chegara a energia elétrica, para ouvirem as rádionovelas inspiradas nas aventuras e desventuras de Blind Kid, o herói do Agreste. Quando Blind Kid adentrou a rua principal (E única - Rê rê rê) de Vox City, o Xerife Ed Mundy já o aguardava em frente ao "Talk Saloon". Blind aproximou-se, apeou do cavalo, amarrando-o em seguida e dirigiu-se ao xerife.

Blind - Olá, Ed! Quanto tempo, velho amigo!

Ed Mundy - Blind, Blind! Bons ventos o tragam...

Blind - Eu já estou com saudades daquele domingo, Ed.

Ed Mundy - Eu também, Blind. Mas vamos entrar no saloon e tomar uma água de coco.

Blind - Boa pedida, Ed!

Narrador - Abraçados, entraram no Talk Saloon e sentaram próximo ao palco, no qual uma bela garota cantava um baião, enquanto dedilhava uma viola.

Blind - Bela voz, bela garota, belo baião, concorda, Ed?

Ed - Com certeza...Ela é mesmo maravilhosa!

Blind - Ela é destas bandas, Ed?

Ed - Não! Ela é de John People City.

Blind - Qual é o nome dela, Ed?

Ed - Ela se chama Suu Zy.

Narrador - Enquanto eles papeavam, a cantora já cantava um xote bem balançado (Vá gostar de forró assim, lá em John People City!). Nesse meio tempo, apareceu uma bela (Ô autorzinho repetitivo, meu!) jovem, que lhes perguntou:

Jovem - O que gostariam de beber?

Blind - Daqui a pouco pediremos...

 Jovem - Não podem ocupar a mesa sem consumir... E ainda tem o couver!

Ed Mundy - Claro, Milly... Traga duas águas de coco bem geladinhas!

Milly - Agora mesmo, Xerife!

Narrador - A jovem foi buscar a água de coco dos dois (Argh!).

Blind - A proprietária do saloon ainda é a Odel Yta, Ed?

Ed - É, Blind! Ela até ampliou a casa e vai trazer umas dançarinas de "can-can" lá de River City.

Blind - E quando chegam essas belezuras, Ed?

Ed - Parece que chegam no vapor de amanhã... Pelo menos foi o que li no Vox Populi News de hoje.

Blind - E por falar nesse jornal... Como está nossa amiga Debby Bora?

Ed - Ela está muitíssimo bem... Até faz um programa de rádio em uma emissora de Puerto Smily City.

Blind - Já ouvi falar muito nesta Rádio... Tem uns programas porretas!

Ed Mundy - É verdade... Mas seu Diretor é muito esquentado!

Blind - É verdade... Mas acho que ele tem razão em ser assim... Tem uns caras aqui em Vox City que são um chute no saco!

Ed - Isso é verdade... Mas ele poderia controlar-se mais, Blind.

Blind - Mas a sua arma é a voz... E como já vi publicado no Vox Populi News: "A toda ação, corresponde uma reação”.

Narrador - Nesse momento a jovem Milly chega com dois cocos da Bahia e interrompe esta conversa "tão" instrutiva, dando um "refresco" para nós (Ufa!). Vamos aproveitar enquanto esses dois aí bebem suas águas de coco (Argh!) e pôr fim neste capítulo.

 

Capítulo II

 

Narrador - Enquanto os dois jogam conversa fora e bebem suas águas de coco (Argh!) e a cantora entoa com sua voz maviosa um gostoso xaxado, aproxima-se da mesa deles a jovem senhora proprietária da espelunca, digo, do Talk Saloon e os cumprimenta.

Jovem Senhora - Olá, Ed...Olá, Blind! Há quanto tempo! Já estava com saudade!

Blind - Olá, Odel Yta! Também tenho saudade daqueles tempos. Como vai?

Ed Mundy - Olá, Odel! Como está?

Odel Yta - Tudo bem, Ed! Pois é, Blind! Quem é vivo sempre aparece!

Blind - Alguns mortos também!... ha ha ha ha ha ha!

Ed Mundy - Ah ah ah ah ah ah!...

Odel Yta - Ka ka ka ka ka ka ka!...

Narrador - Rê rê rê rê rê rê!...

Ouvinte - Rá rá rá rá rá rá rá rá!...

Autor - Ainda bem que todos gostaram da minha tirada!

Narrador - Mas foi muito boa, Chefinho!

Autor - Obrigado, meu Narrador preferido... Mas continue a história.

Narrador - Tá bem, Chefinho! Depois deste festival de gargalhadas, a conversa prosseguiu:

Odel Yta - E aí, Blind?... O que o trás a Vox City?

Blind - Estou atrás da quadrilha que assaltou o "Brass Hill Bank" em  River City, na semana passada. Eles andam por estas bandas, segundo informações do Capitão dos Vox Rangers, Evans Gell.

Ed Mundy - Tô sabendo, Blind. O Capitão Evans Gell passou por aqui anteontem atrás destes bandidos. Mas eles agem há um tempão e ninguém consegue dar cabo dessa corja...

Odel Yta - Eles têm as costas quentes, Ed...Vai ver são afilhados do chifrudo... kA ka ka ka ka ka ka!

Blind - É mesmo, Odel...ha ha ha ha ha ha!

Ed Mundy - Concordo, Odel... Ah ah ah ah ah ah!

Ouvinte - Rá rá rá rá rá rá rá rá!

Narrador - Rê rê rê rê rê rê... Essa também foi ótima, Chefinho!

Autor - Obrigado, meu estimado Narrador... Mas vamos à história!

Narrador - De nada, Chefinho... Voltemos à novela:

Blind - É verdade, Odel! Dê vez em quando um deles é preso, mas nunca entrega os outros!

Ed Mundy - É mesmo! Parece que eles fizeram um pacto de silêncio!

Blind - Eles são espertos e se protegem mutuamente... Corporativismo, Ed, corporativismo!

Narrador - Neste momento chega a Jovem Milly trazendo um pratinho com uns pedaços de queijo e algumas azeitonas:

Milly - Um tiragostozinho... Oferta da casa!

Odel Yta - Milly, já lhe falei para não provar as bebidas dos fregueses, menina! Se você continuar assim, vou mandá-la de volta para River City!

Milly - Desculpe-me, Dona Yta...Mais eu sou viciada em água de coco! Até tento resistir, mas não consigo! Buaaaaaaaaaa...

Blind - Mas Odel, não vimos a jovem beber da nossa água de coco...

Ed - É verdade, Odel... Eu também não vi!

Odel Yta - Mas eu vi... Ela sempre bebe um gole da água de coco dos clientes antes de trazê-las... Faz isso na cozinha, escondido!

Milly - Snif, snif... Eu estou apenas provando a água...snif, snif... E se estiver azeda?

Blind - Se é assim, a moça tem razão, Odel!

Odel - Desculpas, Blind, desculpas!

Ed Mundy - Deixa pra lá, Odel... A menina está apenas querendo ajudar!

Milly - Isso, isso, isso!

Odel Yta - Ajudar? E se algum freguês a vê fazendo essas coisas, como fica a reputação do meu saloon?

Ed Mundy - Pior não pode ficar, Odel!

Blind - Como assim, Ed?

Odel Yta - É, Ed... Como assim?

Ed Mundy - Deixa isso pra lá... Não é uma conversa interessante!

Odel Yta - Agora fiquei chateada, Ed... Dê licença, Blind... Depois eu falo contigo!

Blind - Que tal hoje à noite?

Odel Yta - Tá certo... No lugar de sempre!

Narrador - Odel Yta levantou-se e foi lá pra dentro ver o que a Milly estaria aprontando desta vez. Na mesa o papo continuou.

Blind - Poxa, Ed... Você magoou a Odel.

Ed Mundy - Não era esta a intenção, Blind... Apenas falei por falar!

Blind - Que tal pensar antes de abrir a boca, Ed?

Ed - Às vezes cometo dessas gafes... Eu e essa minha boca de trapo!

Blind - Pois é, Ed... Mas que tal se fossemos até o Vox Populi visitar a Debby Bora? Faz tempo que não a vejo!

Ed - Se ela souber que você está na Cidade e não a procurou, vai ficar retada contigo!

Blind - Eu sei, eu sei... É por isso que quero vê-la!

Ed - Então vamos lá... Milly, Milly... Quanto devemos?

Milly - São apenas três ralods, Xerife!

Blind - Deixe comigo, Ed... Tenho alguns trocados aqui!

Ed - Tudo bem, Blind!

Milly - Volte sempre, Blind!

Blind - Eu voltarei, menina, eu voltarei!

Milly - Esperarei ansiosa, Blind!

Narrador - Caramba! Que mocinha assanhada. Dar bola pra um sujeito horroroso desse... Ela deve estar cega!

Autor - Ô Narradorzinho intrometido! O que você tem com isso? Se a moça paquerou o Blind Kid é porque ele tem algum atrativo.

Narrador - Ora, ora, Chefinho! O Blind Kid é mais feio que briga de cegos em noite escura!

Autor - Preste atenção, meu caro... O Blind Kid tem porte físico, altura, um rosto bonito... E ainda tem aquele furinho charmoso no queixo...

Narrador - Que é isso, Chefinho? Tô estranhando o Senhor!

Autor - Vai estranhar seu pai, beócio! Eu sou muito macho, tá bom?

Narrador - Desculpe, Chefinho... Mas esse papo aí não pareceu coisa de macho, não!

Autor - Escute aqui, seu imbecil... Eu sou o criador do personagem e estou apenas o descrevendo.

Narrador - Tá certo, Chefinho, tá certo!

Autor - Faça o favor de continuar a narração da novela, tá?

Narrador - Tá bem, Chefinho... Como eu dizia... Após o Blind Kid pagar a conta e dar um sorriso (Argh!) para a assanhada, digo, para a Milly, eles saíram do saloon em direção ao Vox Populi News. Ao atravessar a rua, quase foram atropelados por uma diligência da Vox Bus Fargo que adentrara a Cidade em desabalada carreira. Ao vê-los, o cocheiro gritou a plenos pulmões.

Cocheiro - Xerife, Xerife...

Narrador - O Xerife Ed Mundy e o Blind Kid, curiosos, foram até onde estava parada a diligência e, em uníssono, perguntaram ao cocheiro:

Ed e Blind - Que houve, homem?

Narrador - Assim como eu, vocês terão que esperar o próximo capítulo para saber o que aconteceu, embora façamos uma idéia, né?

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